Não é de hoje que a relação de Elon Musk e Warren Buffett não é um mar de rosas — ambos se enfrentam há algum tempo em um verdadeiro duelo de gigantes na disputa pelo maior valor de mercado entre suas empresas.
Nesta quinta-feira (20), a treta entre os bilionários ganhou mais um capítulo, depois que Musk resolveu dar uma cutucada em Buffett durante a teleconferência dos resultados do terceiro trimestre da Tesla.
Musk foi questionado se via valor na criação de uma empresa controladora ou guarda-chuva como a Alphabet, proprietária do Google. A holding reuniria seus negócios, incluindo SpaceX, Neuralink e Twitter — supondo que a aquisição seja concluída.
Ele respondeu que via uma sobreposição limitada entre suas empresas e descartou a ideia de emular a Berkshire Hathaway. O conglomerado de Buffett possui dezenas de negócios e detém participações de bilhões de dólares em empresas como Apple e Coca-Cola.
"Eu não sou Warren Buffett. Eu não sou um investidor. Eu sou um engenheiro, uma pessoa de manufatura e um tecnólogo”, disse Musk.
Musk: é fã ou hater de Buffett?
Musk já havia apontado para Buffett, cujo trabalho se concentra na identificação de empresas subvalorizadas e na alocação de capital dentro da Berkshire.
"Não sou o maior fã de Warren Buffett, francamente. Ele senta lá e lê todos esses relatórios anuais, que são super chatos", disse Musk no ano passado.
"Ele está tentando descobrir: Coca ou Pepsi merecem mais capital? É um trabalho meio chato, se você me perguntar", afirmou ele em outra ocasião.
No entanto, Musk também reconheceu a imensa habilidade de Buffett e o valor de sua atividade para a economia.
Da mesma forma, Buffett descreveu Musk como um "cara notável" que poderia ser mais perspicaz com suas postagens no Twitter e elogiou o improvável sucesso de Tesla.
Bilionários brigam por doces
Um dos confrontos mais famosos entre Musk e Buffett aconteceu em 2018, quando os dois bilionários divergiram por conta de… doces!
Tudo começou em uma teleconferência com acionistas digna de reality show realizada em março daquele ano, quando Musk criticou um conceito cunhado por Buffett em 1999, conhecido como moat.
Moat, ou aquele fosso cavado em volta de castelos na Idade Média para impedir invasões, foi a metáfora usada por Buffett para definir quais negócios possuem sucesso: aqueles que possuem um elemento tão único que criam uma fortificação quase medieval contra seus concorrentes.
"Eu acho que fossos são tão ultrapassados. Se sua única defesa contra exércitos invasores é um fosso, você não irá durar muito. O que importa é o ritmo da inovação — esse é o determinante fundamental de concorrência", disse Musk na ocasião.
Buffett esperou alguns dias para responder. O oráculo de Omaha disse então que a aceleração tecnológica dos últimos anos de fato fez os fossos ficarem mais vulneráveis, fazendo com que precisassem ser constantemente reforçados.
"Elon pode virar as coisas de cabeça para baixo em algumas áreas. Mas eu não acho que ele gostaria de nos enfrentar nos doces", afirmou.
Buffett fazia referência a um de seus investimentos, a See’s Candies. O megainvestidor comprou a fabricante de guloseimas em 1972, por US$ 25 milhões — ele viu uma marca amada pelos californianos e capaz de crescer com poucos aportes, o que na sua visão, seria um bom fosso.
Musk encarou a declaração como um desafio: “Eu vou começar uma empresa de doces e ela será incrível. Estou falando super, super sério.”
*Com informações do Markets Insider e da Exame