O fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados levou os brasileiros de volta aos shoppings. Apesar de a inflação estar fazendo muita gente rever os gastos, o setor tem celebrado o aumento das vendas.
A Multiplan (MULT3), por exemplo, vendeu R$ 4 bilhões no primeiro trimestre do ano, uma alta de 75% frente a 2021 e um recorde para o período.
Já a Iguatemi (IGTI11) anunciou que as vendas somaram R$ 3,3 bilhões nos três primeiros meses do ano, um aumento de 70% em relação ao igual trimestre de 2021 — e também um recorde para o período.
E maio não deve decepcionar graças ao Dia das Mães. Segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), as vendas dos shoppings cresceram 28,6% entre os dias 2 e 8 deste mês, superando a expectativa do setor.
Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o bom desempenho nas vendas do período é sinal da recuperação do varejo de shopping aos níveis pré-pandemia e abre caminho para um ano positivo para o segmento.
Diante de uma perspectiva tão otimista, chegou a hora de comprar ações das administradoras de shopping? O JP Morgan diz que sim — mas nem todas ganharam o selo de queridinha do banco norte-americano.
Multiplan (MULT3), a grande eleita dos shoppings
Entre brMalls (BRML3), Aliansce Sonae (ALSO3) e Iguatemi (IGTI11), é a Multiplan (MULT3) que lidera a preferência do JP Morgan quando o assunto é ação de administradoras de shopping.
A visão do banco reflete o portfólio de qualidade da empresa — vendas superiores por metro quadrado — e a resiliência demonstrada em crises passadas, nas quais os resultados da Multiplan não foram tão impactados quanto os de seus pares.
Além disso, segundo o JP Morgan, a Multiplan possui shoppings bem localizados com ativos premium em várias das principais capitais do Brasil, que servem como destino para os consumidores.
Por isso, o banco manteve a recomendação overweight (compra) para os papéis MULT3 e fixou um preço-alvo de R$ 31 — o que representa um potencial de valorização de 27% em relação ao fechamento de segunda-feira (24).
Apesar de não ter o maior potencial de valorização entre as empresas do setor, o JP Morgan vê a Multiplan como a empresa mais bem posicionada em um processo de rápida recuperação da economia brasileira. A companhia tem até R$ 1 bilhão destinados para investimentos nos próximos anos.
Entre os principais riscos para a MULT3, o banco lista vendas de lojistas mais fracas do que o esperado — que podem impactar aluguéis — e atrasos no anúncio e execução da expansão de projetos (Diamond e Barigui).
Em segundo lugar: Aliansce Sonae (ALSO3)
A Aliansce Sonae (ALSO3) aparece em segundo lugar entre as eleitas do JP Morgan no setor de shoppings.
O banco também manteve a recomendação overweight (compra) para os papéis ALSO3 e fixou um preço-alvo de R$ 30 — o que representa um potencial de valorização de 54% em relação ao fechamento de segunda-feira (24).
Além de ser a empresa mais barata da cobertura do JP Morgan — negociando a 10,4x P/FFO (preço por lucro das operações) projetados para 2022, a fusão do a brMalls (BRML3) deve ajudar.
A união das duas empresas será votada em 8 de junho e caso seja bem-sucedida, o banco acredita que os acionistas da Aliansce se beneficiariam de maior liquidez das ações, reavaliações e potenciais sinergias devido à maior escala.
O JP Morgan lembra, no entanto, que não incluiu cerca de R$ 50 milhões em despesas relacionadas à fusão, que caso seja aprovada impactaria os números da ALSO3 neste 2022.
Medalha de bronze para brMalls (BRML3)
A medalha de bronze do JP Morgan foi para a brMalls (BRML3). Entre os motivos para o terceiro lugar no pódio está uma avaliação pouco atraente da empresa: 12,6x o preço em relação ao fluxo de caixa operacional (P/FFO), versus 10,4x da Aliansce Sonae (ALSO3).
O banco tem recomendação neutra para as ações BRML3 e preço-alvo de R$ 11,00 — o que representa um potencial de alta de 27,5% em relação ao fechamento de segunda-feira (23).
Embora o JP Morgan veja a fusão com a ALSO3 como positiva para as ações devido às sinergias e reavaliação adicional dos papéis, o banco prefere estar posicionado na Aliansce Sonae, pois os acionistas também se beneficiariam de uma reavaliação maior.
Os principais riscos negativos para a brMalls incluem crescimento abaixo do esperado das receitas de aluguel bem como provisões acima do esperado relacionadas a inadimplência e descontos acima do esperado.
Iguatemi (IGTI11) na lanterninha dos shoppings
De todas as empresas avaliadas pelo JP Morgan, a Iguatemi (IGTI11) é a que tem o menor potencial de valorização.
O preço-alvo foi fixado em R$ 26, o que representa uma alta de 23,75% em relação ao fechamento de segunda-feira (23). A recomendação para os papéis é neutra.
Segundo o banco, a Iguatemi continua com uma taxa de ocupação abaixo de seus pares em 93% no primeiro trimestre.
Os riscos para a empresa incluem uma pressão acima do esperado da atual crise em ativos não essenciais — especialmente aqueles localizados no interior do Estado de São Paulo — e despesas acima do esperado relacionadas à iniciativa Iguatemi 365.
A visão geral do JP Morgan para o setor
De forma geral, o setor de shoppings apresentou resultados melhores do que o esperado no primeiro trimestre deste ano, que mostrou receita 13% acima das expectativas.
O JP Morgan vê o segmento sendo negociado a 14,0x P/FFO em 2022 e 11,2x para 2023.
O espaço para surpresas do lado positivo é mais estreito do que antes, no entanto, o banco não descarta outra rodada de revisões para cima nas estimativas se as empresas continuarem a aumentar os aluguéis acima da inflação.