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Com dívidas de R$ 600 milhões, Rossi (RSID3) entra com pedido de recuperação judicial

Fachada do conjunto de edifícios Rossi Mais, em Porto Alegre (RS), construído pela Rossi (RSID3)

Fachada do conjunto de edifícios Rossi Mais, em Porto Alegre (RS)

Do começo de 2022 para cá, a Rossi (RSID3) arquivou oito documentos na CVM com o título "esclarecimentos sobre pedido de falência" — em todos, ela citava ações de credores e dizia apenas não ter sido citada pela Justiça. Pois, onde há fumaça, há fogo: a tradicional construtora e incorporadora protocolou hoje seu pedido de recuperação judicial.

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"A administração confia que a recuperação judicial é o instrumento adequado para viabilizar uma solução global e definitiva para a readequação do fluxo de caixa do Grupo Rossi", diz a companhia, em comunicado. A 1ª Vara de Falências da Justiça de São Paulo será responsável pelo caso.

De acordo com a própria Rossi, o grupo já vinha num processo de reorganização financeira desde dezembro de 2017 — de lá para cá, houve um esforço para o equacionamento de dívidas corporativas contratadas junto aos bancos e instituições financeiras. Esse esforço, no entanto, não foi capaz de salvar a empresa da recuperação judicial.

Por ora, não há detalhes quanto ao plano de reestruturação e às eventuais propostas a serem feitas aos credores da Rossi. Mas o balanço da empresa no segundo trimestre de 2022 dá uma dimensão dos obstáculos a serem vencidos: a dívida bruta somava R$ 598,8 milhões ao fim de junho; o caixa, por sua vez, era de apenas R$ 4,4 milhões.

Vale lembrar que o pedido de recuperação judicial não é sinônimo de falência. Pelo contrário: é um mecanismo para preservar as operações de uma empresa em paralelo à reestruturação da dívida e às negociações com os credores. As ações RSID3 continuarão sendo negociadas em bolsa, embora devam levar um baque nas próximas sessões.

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De qualquer maneira, a percepção de que a construtora estava em maus lençóis já tinha chegado à bolsa: as ações RSID3 amargam perdas de quase 70% em 2022, fechando o pregão desta segunda (19) a R$ 3,15 — um nível de preço distante das mínimas do ano, quando tocaram o patamar de R$ 1,80.

Rossi (RSID3): paralisia operacional

Os problemas da Rossi (RSID3) não estão apenas no lado da gestão da dívida: as operações da companhia encontram-se num estado de paralisia, com números que podem causar estranheza à primeira vista.

Considerando apenas a fatia detida pela Rossi nos empreendimentos, as vendas brutas somaram R$ 16,5 milhões no segundo trimestre, mas as rescisões chegaram a R$ 16,9 milhões. Com isso, chega-se a uma inusitada venda líquida negativa de R$ 0,4 milhão — o que já representava uma evolução, já que, há um ano, a linha tocou os -R$ 18 milhões.

"Continuamos com nossas atividades em um cenário bastante desafiador, sendo diretamente impactados pelo atual
cenário de incertezas e de baixa previsibilidade econômica", disse João Paulo Cuppoloni, CEO da Rossi, em mensagem aos acionistas, na divulgação dos resultados do segundo trimestre.

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E, com vendas líquidas negativas e provisões volumosas para distratos, a Rossi fechou o trimestre com uma receita líquida negativa de R$ 0,1 milhão. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em R$ 25,5 milhões; o prejuízo líquido foi de R$ 59,6 milhões.

"A Companhia permanece focada em seu processo de reestruturação, mantendo sua disciplina de caixa, implementando as últimas negociações para reestruturação de sua dívida bancária e trabalhando para o aumento da nossa eficiência operacional", disse Cuppoloni.

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