Com o fim da onda de pagamentos de dividendos, outro tipo de anúncio começa a dominar a Comissão de Valores Mobiliários: o de início de programas de recompras de ações. O anúncio desta quinta-feira (6) foi feito pela Raízen (RAIZ4), que pretende recomprar até 40 milhões de ações nos próximos 18 meses.
O montante equivale a 0,39% do total de papéis da empresa ou 3,21% considerando apenas os ativos em circulação.
Segundo a Raízen, o objetivo do programa é "atender a obrigações decorrentes de planos de remuneração em ações da companhia e maximizar a geração de valor para os acionistas por meio da gestão eficiente de capital".
Ou seja, a empresa poderá distribuir ações aos executivos como bônus sem precisar emitir novos papéis e incrementar o valor aos acionistas de sua base, apesar da instabilidade do mercado.
Menos papéis no mercado
Além do programa de recompra, a empresa trouxe mais uma novidade aos investidores: sua solicitação para redução do percentual mínimo de ações em circulação - o chamado free float - foi aprovada pela B3.
Atualmente, o indicador corresponde a 12% dos papéis da Raízen.
Porém, como contrapartida para a redução momentânea, a companhia comprometeu-se a atingir, até 31 de
dezembro de 2022, um percentual mínimo de ações em circulação de 15%.
O que muda para os investidores?
Para responder a esta pergunta, é preciso tratar separadamente de cada um dos dois anúncios. A decisão de reduzir o percentual mínimo de ações, por exemplo, indica que a liquidez dos papéis da Raízen também ficará menor.
Já quando o assunto é o programa de recompra de ações, até que a Raízen decida qual será o destino dos papéis recomprados, os efeitos para os acionistas ainda são incertos. Mas os dois cenários mais prováveis você confere abaixo:
- Se os papéis forem novamente cancelados, o acionista termina, proporcionalmente, com uma fatia maior da empresa, o que pode engordar sua contas de dividendos;
- Se os ativos permanecerem guardados na tesouraria para uma oferta no futuro, o acionista ganhará apenas após sua venda. Nesse caso, o ganho de capital fará parte do lucro da empresa, o que também influencia na distribuição de proventos.