Make it rain down, Lord. A China levou a sério a música do norte-irlandês Foy Vance. Os pedidos de chuva do país asiático não só tentam apagar as chamas do dragão da desaceleração econômica, como também salvar a colheita de uma seca histórica.
Pequim decidiu cortar a taxa básica de juros de empréstimos, em uma nova tentativa de dar suporte em meio à desaceleração da economia. Esta é a terceira taxa a receber cortes pelo banco central chinês desde a semana passada.
A autoridade monetária promoveu reduções na taxa básica de empréstimos de um ano, oferecida aos melhores clientes dos bancos, que caiu de 3,70% para 3,65%.
Já a taxa de cinco anos, usada para precificar empréstimos de longo prazo, como hipotecas, recuou de 4,45% para 4,3%, informou o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês).
A taxa de um ano foi cortada pela última vez em janeiro, enquanto a diminuição mais recente do imposto de cinco anos foi feita em maio.
A Chiva vai ‘fazer chover’?
Além das novas medidas para atenuar os efeitos da desaceleração econômica, a China enfrenta uma onda intensa de calor ao mesmo tempo em que vive uma seca histórica.
Pequim vivencia o verão mais quente e seco desde que o governo começou a registrar chuvas e temperaturas, há 61 anos. O clima impactou diretamente as colheitas e deixou os reservatórios de água com metade dos níveis regulares.
Para tentar proteger a colheita de grãos da seca recorde, o Ministério da Agricultura da China afirmou que utilizará produtos químicos para "fazer chover".
A intenção do Ministério é "aumentar a chuva", produzindo nuvens com produtos químicos e pulverizando as plantações com um "agente de retenção de água", o que limitaria a evaporação e a perda de água.
O ministro da Agricultura, Tang Renjian, afirmou que as autoridades utilizarão medidas de emergência para "garantir a colheita de grãos no outono" — que representa 75% do total anual da China.
Vale destacar que uma colheita de grãos menor no país asiático resultaria em um aumento da demanda por importações.
Impactos ambientais na China
A seca recorde não é o único problema ambiental que a China enfrenta atualmente.
No Sudoeste do país, fábricas na província de Sichuan foram fechadas na semana passada, para economizar energia para as residências. Isso porque Pequim tem registrado temperaturas de até 45ºC, o que fez a demanda por ar condicionado disparar.
Até ontem, as empresas chinesas ainda aguardavam notícias sobre a prorrogação da paralisação das atividades.
Já no Noroeste, diversas áreas da China sofreram inundações repentinas, que mataram pelo menos 26 pessoas e deixaram cinco desaparecidas.
Deslizamentos de lama e rios também atingiram seis aldeias nas proximidades da Grande Muralha, forçando aproximadamente 1,5 mil pessoas a deixarem suas casas.