O que fazer quando a inflação atinge o maior nível em mais de 40 anos? Você coloca todas as armas sobre a mesa e vai para o tudo ou nada contra a alta dos preços ou arrisca deixar o vilão escapar para não lidar com os efeitos colaterais que o aperto monetário pode ter na economia?
É exatamente esse o desafio que está nas mãos dos dirigentes do Federal Reserve, o banco central americano, para a próxima reunião que irá decidir o ritmo de elevação da taxa de juros.
Há algumas semanas, os membros da entidade tentaram convencer o mercado de que uma alta de 1 ponto porcentual não era uma possibilidade, mas depois desta quarta-feira (13), a defesa de um “pouso suave da economia” parece ter ficado mais difícil de ser sustentada.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) veio bem acima das projeções dos analistas e elevou o indicador a um acumulado de 9,1% em 12 meses — o maior número desde novembro de 1981 e uma pá de terra nos sonhos de uma alta de apenas 0,50 pp.
Em paralelo, o Livro Bege, com projeções para a economia, mostrou que os preços estão longe de desacelerar e teve dirigente confirmando o cenário de recessão no curto prazo. Com a perspectiva de uma atividade mais lenta, o dólar caiu em escala global — e recuou 0,61% frente ao real, a R$ 5,4058.
Um leilão de títulos do Tesouro americano ajudou o mercado a absorver a notícia, mas ainda assim foi impossível escapar do movimento de cautela. O Ibovespa, que chegou a abrir o dia em alta, acompanhou Nova York e caiu 0,40%, aos 97.881, voltando ao nível de 2021.
Inflação e/ou economia?
Apesar do presidente norte-americano, Joe Biden, acreditar que a reação do mercado à inflação seja exagerada, os investidores seguem projetando mais problemas para a economia americana.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de junho apontou uma alta 1,3% em relação ao mês passado, acima das projeções de alta de 1,1%.
Na base de comparação com os últimos 12 meses, a inflação dos EUA avançou 9,1%, acima das expectativas de alta de 8,8%.
Esse é o maior índice em 12 meses para o CPI desde novembro de 1981 — ou seja, o maior em mais de 40 anos.
Durante a tarde, o clima do mercado piorou ainda mais com a divulgação do Livro Bege — documento que funciona como uma fotografia da economia.
O documento mostrou que o Fed vê uma continuidade das pressões inflacionárias diante de um mercado de trabalho robusto. Na leitura do mercado, um cenário próximo ao de estagflação se desenha, com a economia crescendo em ritmo mais lento e o avanço da alta dos preços.
O presidente do Fed de Richmond, Tom Barkin, falou durante a tarde e admitiu o risco de recessão no curto prazo, mas disse ver o controle da inflação como foco do BC americano e não o crescimento.
E a PEC?
Apesar da pressa do presidente da Câmara, Arthur Lira, em aprovar o texto, a pauta segue em discussão no Congresso.
Nesta tarde, os deputados encerraram a votação em primeiro turno — sem a inclusão de nenhum dos destaques apresentados pela oposição.
A expectativa é que o segundo turno se encerre ainda nesta quarta-feira.
Sobe e desce do Ibovespa
As ações da Ambev (ABEV3) lideraram a alta do Ibovespa nesta quarta-feira (13), em celebração a uma visão mais otimista do JP Morgan para os papéis da companhia.
Em relatório divulgado nesta manhã, os analistas deixaram a cautela de lado e passaram a recomendar a compra do papel — algo inédito desde o início da cobertura da companhia, em 2018. O preço-alvo das ações ABEV3 foi elevado de R$ 15 para R$ 17 em dezembro de 2023 — um potencial de valorização de 23%.
No caso da Vibra, a alta acompanhou a criação de um fundo para investimento em startups pela companhia.
Na parte da tarde, a virada de tendência no mercado de juros favoreceu empresas do setor varejista. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
ABEV3 | Ambev ON | R$ 14,57 | 5,66% |
CRFB3 | Carrefour Brasil ON | R$ 17,27 | 3,29% |
NTCO3 | Natura ON | R$ 15,09 | 2,93% |
BRFS3 | BRF ON | R$ 16,24 | 2,72% |
VBBR3 | VIBRA energia ON | R$ 16,71 | 2,70% |
Apesar da leve alta do petróleo no mercado internacional, a 3R Petroleum (RRRP) devolveu parte dos ganhos recentes e foi o pior desempenho do dia. Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
RRRP3 | 3R Petroleum ON | R$ 28,47 | -5,98% |
QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 11,29 | -4,40% |
RDOR3 | Rede D'Or ON | R$ 28,25 | -4,14% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 2,81 | -4,10% |
SULA11 | SulAmérica units | R$ 20,79 | -3,97% |