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BC deve começar a cortar juros em junho e Selic termina 2023 em 10,5%, diz BofA

taxa de juros

Enquanto os ruídos sobre os gastos do próximo governo levantam a possibilidade de nova elevação da Selic no início de 2023, o Bank of America (BofA) está no time que continua projetando um corte dos juros no fim do primeiro semestre. Mais precisamente, em junho. 

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E sim, este cenário já considera como base a aprovação da PEC da Transição, que prevê aumento de R$ 145 bilhões dos gastos do novo governo durante os próximos dois anos.

Durante conversa com jornalistas nesta segunda-feira (19), o chefe de Economia no Brasil e Estratégia para América Latina do BofA, David Beker, destacou que o BC fez sua lição de casa e a barra para subir os juros é alta.

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Nas projeções do BofA, a Selic deve encerrar o ano de 2023 a 10,5%, ou seja, haveria um corte de 3,25 pontos percentuais na taxa nominal. A projeção, se comparada com a de outras casas, pode ser considerada otimista e até ousada, dado o prognóstico das novas políticas econômicas. 

Por isso, Beker reforçou que, no momento, é muito difícil ter alta convicção com quaisquer projeções para o ano que vem devido à troca de governo.

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“Os riscos para a postergação e redução dos cortes aumentaram”, disse o estrategista.

Por mais que o cenário de juros mais baixos de Beker se confirme para 2023, a inflação deve ficar acima da meta do BC pelo quinto ano consecutivo. A projeção do BofA é de que a inflação encerre 2023 em 4,8%, ligeiramente acima do teto da meta.

Brasil tem oportunidade única

Ainda que as incertezas dominem os cálculos das projeções para o Brasil no ano que vem, Beker ressalta que o País vive uma oportunidade única para receber investimentos externos. 

Essa avaliação ocorre num contexto de desaceleração global com viés de recessão no mundo desenvolvido que poderia atrair capital para cá.

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“Grande parte do mundo está numa situação extremamente complicada e o Brasil tem condições de capitalizar. Se vai capitalizar ou não, vai depender das decisões de políticas econômicas que vão ser tomadas”, afirmou Beker.

Ele destacou como positivo o sinal do próximo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) de que o novo governo irá priorizar a criação de um novo arcabouço fiscal para substituir o teto de gastos e uma reforma tributária.

Para ele, a nova âncora deve ser um combinado que tenha como objetivo final uma relação dívida/PIB em queda. Beker destaca a importância de ter um limite de gastos, mas pondera que talvez ele tenha de ser corrigido por outro indexador. 

No final das contas, não há muito segredo: o Brasil precisa ter superávit primário, ou seja, gastar menos do que arrecada.

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Contexto global desfavorável

Um aumento dos gastos não seria um problema se ele viesse acompanhado de crescimento robusto da economia. No entanto, não é isso que o contexto indica.

Como dito acima, o mundo caminha para uma desaceleração econômica e a recessão em países desenvolvidos é dada como certa no primeiro semestre de 2023.

Para o BofA, os EUA devem fechar o próximo ano com queda de 0,4% do PIB, saindo de um crescimento de 1,8% em 2022. A Europa deve passar de crescimento de 3,3% para estagnação, enquanto a América Latina deve ir de alta de 3,9% para 0,9%.

Na contramão do desaquecimento global estará a China, que deve fechar 2022 com crescimento de 3% e 2023 com alta de 5,5% nas previsões do BofA.

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Uma vez que o país asiático é o principal parceiro comercial do Brasil, em tese, o crescimento da China deveria ajudar o Brasil, mas há outros elementos entrando na balança.

“Essa aceleração [da China] é, sem dúvida, notícia boa para a gente. Mas isso está sendo contrabalanceado por uma economia americana, que é muito grande, em recessão na metade do ano”, reforça Beker.

Nas projeções do BofA, o crescimento do PIB global, mesmo com ajuda da China, irá desacelerar de 3,3% neste ano para 2,2% no ano que vem.

Mas vale reforçar que o panorama apresentado por Beker depende de incertezas relacionadas às políticas econômicas do novo governo. Ou seja, todos esses indicadores, incluindo os juros, podem surpreender para cima ou para baixo.

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