A comissão de valores mobiliários (CVM) das Bahamas colocou os ativos de uma subsidiária da FTX sob sua custódia após a corretora de criptomoedas (exchange) preencher o chapter 11 nos Estados Unidos. Os valores do confisco não foram divulgados no release à imprensa do órgão.
Momentos após a exchange entrar com pedido de reestruturação empresarial, a FTX Digital Markets (FTX DM) — subsidiária que opera nas Bahamas — também preencheu os documentos de entrada no chapter 15, que garante alguma proteção à empresa durante o processo de reorganização enquanto a companhia estiver insolvente.
Mas a CVM bahamense não deu descanso para a FTX DM e transferiu os ativos da empresa para uma carteira digital (wallet) própria — e abriu mais um capítulo na disputa com a empresa.
FTX pelo mundo
Formalmente, a sede da FTX fica nas Bahamas, mas existem subsidiárias que se adequam às regulações locais para operar em cada país. É o caso da FTX.US, filial dos Estados Unidos, e da FTX DM.
Mas a quebra da exchange principal — a FTX — também afeta os negócios das demais companhias do setor. Isso acontece por diversos motivos, mas um deles foi a mistura dos recursos dos clientes e da empresa para operações alavancadas em investimentos de risco.
O advogado da FTX DM afirmou que a tomada de ativos da empresa é “inapropriada” e “angustiante”, tendo em vista que o acionamento do chapter 15 serviria justamente para evitar maiores transtornos durante a reestruturação.
Relembrando: como a FTX entrou em recuperação judicial
Tudo começou com uma reportagem da CoinDesk que mostrava que os fundos dos investidores na corretora FTX estavam sendo usados para operações alavancadas na Alameda Research, segmento de investimentos do mesmo grupo da exchange.
Além dos recursos dos clientes, o token nativo da corretora, o FTT, estava sendo usado como garantia dos depósitos dos investidores. Até mesmo papéis da companhia de serviços financeiros Robinhood foram usados desta forma para tentar salvar a Alameda.
Por coincidência ou não, na semana seguinte, a Binance — um dos maiores investidores na FTX — se desfez de posições em FTT, o que derrubou as cotações e piorou o balanço da corretora. A partir daí, a empresa entrou em insolvência — quando a dívida é maior do que o patrimônio da empresa. Entenda aqui o futuro da FTX.
No último Papo Cripto, eu conversei com Paulo Camargo, analista da Empiricus, que explicou o que acontecerá a partir de agora com os investidores que tinham fundos na FTX. Ouça: