O mercado de criptomoedas funciona de maneira diferente do tradicional. Apesar de muitas informações serem emitidas por órgãos oficiais, como a CVM, o Banco Central e a Receita Federal, quem encara o mundo de ativos digitais precisa estar conectado nas redes sociais, já que boa parte do noticiário passa por elas.
E um dos tuítes que mais movimentou os ativos digitais na última terça-feira (21) veio de um dos fundadores do ethereum (ETH), Vitalik Buterin. O desenvolvedor da segunda maior criptomoeda do mundo veio a público criticar um método que busca prever o preço do bitcoin (BTC), o chamado stock-to-flow (S2F).
“Stock-to-flow realmente não parece bom agora. Eu sei que é falta de educação se gabar e tal, mas acho que modelos financeiros que dão às pessoas uma falsa sensação de certeza e predestinação de que as cotações vão subir são prejudiciais e merecem toda a zombaria que recebem”, escreveu Buterin.
O que é o stock-to-flow, que “prevê” o preço das criptomoedas
Esse método foi um dos muitos criados para tentar prever o preço do bitcoin — tendo em vista que não existe um “valor justo” para a criptomoeda.
De acordo com o Look Into Bitcoin, portal criado para divulgar conhecimentos sobre a criptomoeda, o S2T “cria uma linha no gráfico que mostra a estimativa de preço, baseada em quantos bitcoins existem no mercado em relação à quantidade minerada a cada ano”.
O gráfico abaixo da Buy Bitcoin Worldwide mostra o motivo das críticas de Buterin: o stock-to-flow indica que o preço do bitcoin deveria ser de US$ 109 mil. Contudo, segundo o Coin Market Cap, as cotações à vista do BTC giram em torno de US$ 20.100.
Calma, Vitalik: um olhar mais atento
Apesar de esta ser a maior diferença negativa entre o preço à vista e o previsto pelo S2F, o gráfico costuma ter uma margem de erro menor na maior parte do tempo.
Vale lembrar também que essa métrica é quantitativa, não levando em conta os fatores externos — como cenário macroeconômico, crise de credibilidade, entre outros — para prever o preço do BTC.
Com a palavra, os desenvolvedores do S2F
Quem criou esse método foram os desenvolvedores da PlanB, que reagiram às falas de Buterin contra o S2F no Twitter.
“Então, eu compartilho minhas análises DE GRAÇA. Nunca disse a ninguém para comprar ou o que/quando/como/quanto comprar. Agora temos covid, banimento da China, guerra na Rússia e inflação atingindo diversos ativos, incluindo o bitcoin… E de algum modo uns chorões me culpam pelas suas decisões de investimento? Patético”, escreve a página.
Em resposta direta a Vitalik Buterin, a PlanB ainda escreveu:
“Após a queda, algumas pessoas procuram bodes expiatórios para seus projetos fracassados ou decisões erradas de investimento. Não apenas os novatos, mas também os ‘líderes’ culpam os outros e bancam a vítima. Lembre-se daqueles que culpam os outros e daqueles que permanecem fortes após a queda”.
Criptomoeda de emissão infinita: crítica ao ethereum
A segunda maior criptomoeda do mundo possui um modelo diferente do bitcoin.
Existem 21 milhões de unidades de BTC, programadas para serem mineradas até 2040. Já no caso do ethereum, a emissão é infinita, mas a escassez é garantida pela queima (destruição ou burn) de tokens.
Dessa forma, não é possível fazer uma previsão do ethereum com o modelo stock-to-flow, tornando a moeda menos previsível nesse sentido.
Uma briga amigável entre criptomoedas
Mesmo que os usuários estejam com os nervos à flor da pele, o próprio Buterin já afirmou ser um defensor do modelo econômico descentralizado do bitcoin. Além disso, o ethereum nasceu com uma proposta diferente do BTC.
Atualmente, a blockchain do ETH funciona mais como uma rede de desenvolvimento de outros projetos — também conhecidos como layer zero ou L0, anteriormente chamados de layer one ou L1. Dela nasceram as finanças descentralizadas (decentralized finance, ou DeFi) e os certificados digitais, os NFTs.
Um vento gelado do longo inverno das criptomoedas
A recente pressão sobre o mercado de criptomoedas derrubou as cotações de alguns bons projetos, incluindo o ethereum, que acabou sofrendo mais por também sentir a saída de recursos de outras moedas e projetos.
Desde as máximas históricas, o ethereum recuou 77,7%. Só em 2022, as cotações despencaram 70,6%. Na tarde desta quarta-feira (22), os tokens ETH são negociados em queda de 8,41%, valendo US$ 1.073,53.
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