Os clientes do Nubank que receberam um “pedacinho” da empresa quando ela abriu capital na bolsa no ano passado já podem começar a decidir o que fazer com ele.
Nesta quinta-feira (27), o Nubank começou a perguntar aos NuSócios, pelo aplicativo, se eles querem manter ou vender seus “pedacinhos”, que equivalem a recibos de ações (BDRs) da fintech.
O poder de decidir o destino desses "pedacinhos" foi concedido aos clientes pouco mais de um mês depois do Nubank anunciar a intenção de cancelar seu registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O problema é que quem ganhou o “pedacinho” em dezembro do ano passado concordou com uma regra chamada lockup, que impôs um período de carência de 12 meses após o IPO para que os clientes vendessem suas fatias.
Isto significa que qualquer escolha só será concretizada a partir de 10 de dezembro, quando se encerra o lockup.
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As opções dadas aos clientes neste momento são:
- Receber o BDR normalmente;
- Vender o BDR e transferir o valor para as Caixinhas do Nubank, opção de investimento ligada à NuConta;
- Deixar para decidir na véspera do fim do lock-up.
Mas, afinal, qual dessas opções é a mais vantajosa para o investidor? E quanto está valendo o "pedacinho"?
De acordo com Larissa Quaresma, analista da Empiricus Investimentos, a opção número 2 é a “menos pior”.
“Isto porque nós acreditamos que o preço da BDR pode cair mais, à medida que a inadimplência vai impactando mais o resultado da fintech”, disse a analista.
No balanço mais recente do Nubank, a fintech reportou um prejuízo líquido de US$ 29,9 milhões no segundo trimestre de 2022, um rombo maior que o esperado pelo mercado. Além disso, a fintech mudou a metodologia de cálculo da inadimplência, de forma que os índices ficaram menores.
A analista da Empiricus frisa, ainda, que uma opção mais interessante seria usar o dinheiro proveniente dos "pedacinhos" para investir em qualquer outra coisa - ou seja, não deixar o dinheiro nas Caixinhas do Nubank.
Ações e BDRs do Nubank perderam metade do valor desde IPO
Desde o início das negociações das ações e dos BDRs do Nubank - na Nyse e na B3, respectivamente - os papéis já perderam metade do valor.
A chegada do neobanco ao mercado de capitais foi recebida com empolgação em dezembro do ano passado. Afinal, com o preço do papel fixado em US$ 9 no IPO, o Nubank se tornou o banco com maior valor de mercado da América Latina - superando até o poderoso Itaú Unibanco (ITUB4).
Porém, com as sucessivas quedas no preço das ações, hoje o Nubank está valendo o mesmo que o Banco do Brasil (BBAS3), que tem valor de mercado de cerca de US$ 20 bilhões.
Nesta quinta (27), a ação do Nubank encerrou o pregão valendo US$ 4,44, enquanto o BDR fechou a R$ 3,87.
O Nubank ainda não informou quanto pagará pelos pedacinhos dos clientes que desejarem se desfazer deles.