A conclusão da oferta de ações do IRB Brasil (IRBR3) e a forte queda dos papéis “reacenderam” o interesse dos investidores pela empresa de resseguros. Isso torna a companhia "investível" novamente? A resposta é "sim", de acordo com o BTG Pactual.
O dinheiro novo — mais precisamente R$ 1,2 bilhão — que entrou no caixa com a oferta de ações era fundamental para o IRB, de acordo com o BTG. Após sucessivos prejuízos, a companhia ficou abaixo do limite de capital necessário para operar e tinha até outubro para regularizar a situação.
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Apesar de o preço de R$ 1,00 por ação na oferta ter saído 50% abaixo das cotações de antes da operação, o valor ficou acima do mínimo que o IRB estava disposto a aceitar (R$ 0,67) e também das expectativas dos analistas do BTG.
Desde então, as ações do IRB (IRBR3) vêm se mantendo acima do preço da oferta e hoje chegaram a aparecer entre as maiores altas do Ibovespa. Os papéis encerraram o dia com alta de 1,68%, cotados a R$ 1,21.
“Não vamos nenhuma resseguradora capaz de ocupar o lugar do IRB à frente da indústria brasileira, e o capital novo e a Selic mais alta devem ajudar a companhia a voltar a ser lucrativa”, escreveram os analistas, em relatório.
Hora de comprar IRBR3? Agora não
O IRB até se tornou uma empresa "investível", mas isso não significa que chegou a hora de comprar as ações, de acordo com o BTG. Os analistas reiteraram a recomendação neutra para IRBR3, com preço-alvo de R$ 1,30. Ou seja, praticamente sem potencial de valorização.
Apesar das perspectivas mais favoráveis, os analistas ainda esperam que a resseguradora apresente prejuízo no terceiro trimestre. Desta forma, o "colchão" de capital deve cair para algo em torno R$ 500 milhões.
O BTG alerta ainda para a possibilidade de rebaixamento da classificação de risco do IRB, o que afetaria a lucratividade da companhia. "Embora a oferta de ações seja um evento importante, não temos uma boa visibilidade sobre o que esperar."
O calvário do IRB
Desde as máximas, em janeiro de 2020, as ações do IRB acumulam uma perda de mais de mais de 95%, um dos maiores casos de destruição de valor na bolsa.
O calvário da empresa de resseguros começou com a divulgação da explosiva carta da gestora de fundos Squadra. Com posições vendidas nas ações do IRB, a gestora foi a primeira a apontar inconsistências contábeis nos balanços da empresa de resseguros.
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Semanas mais tarde, a empresa se envolveu em um vexame internacional. Isso porque executivos vazaram uma notícia falsa de que o megainvestidor Warren Buffett havia comprado ações da companhia. A cúpula do IRB caiu logo após o caso.
Então cinco meses depois do questionamento da Squadra, a empresa reapresentou os balanços de 2019 e 2018, com um lucro líquido R$ 670 milhões menor do que o apresentado originalmente.
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Para se enquadrar nas regras da Susep, o IRB precisou passar por uma capitalização de até R$ 2,3 bilhões ainda em 2020. Por fim, depois de prejuízos em série, a companhia precisou levantar mais dinheiro com a oferta de ações fechada na semana passada.