As estruturas do Velho Continente foram abaladas nesta quinta-feira (08).
Enquanto nas ilhas britânicas a morte da rainha Elizabeth II coloou um fim ao reinado de 63 anos de uma das figuras públicas mais admiradas do mundo, do outro lado do Canal da Mancha o Banco Central Europeu (BCE) colocou um ponto final em outro importante símbolo da Europa moderna— a taxa de juros negativa, que parece realmente ter virado item de museu.
A iminência da maior crise energética desde o fim da segunda guerra mundial e a continuidade da guerra na Ucrânia, além da herança deixada pela pandemia do coronavírus, obrigaram o BCE a subir o tom do seu aperto monetário — no mesmo dia em que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, voltou a repetir a mensagem deixada em Jackson Hole.
A instituição europeia anunciou uma alta de 0,75 ponto percentual em sua taxa de juros e deixou claro em sua comunicação que os juros devem se manter elevados até que a meta de 2% para a inflação volte a ser uma realidade.
Depois de abandonar o campo dos juros negativos na reunião de julho, analistas indicam que o ajuste ainda é insuficiente para determinar se o bloco entrará ou não em uma recessão, mas já mostra que o futuro reserva uma taxa acima do patamar neutro, já que a alta dos preços a ser combatida se aproxima cada vez mais da casa dos 10%.
A instabilidade gerada pelos bancos centrais gringos fez com o Ibovespa custasse a se firmar em alta — mesmo com prognósticos melhores para a inflação local e uma desinclinação da curva de juros.
O principal índice da bolsa brasileira conseguiu fechar o dia em alta de 0,14%, aos 109.915 pontos, mas bem longe das máximas. O dólar à vista acompanhou a desvalorização da moeda em escala global e recuou 0,61%, a R$ 5,2062.
Subindo o tom
Nesta manhã, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou uma elevação de 0,75 ponto percentual nas suas principais taxas de juros. Em fala dura, o BCE deixou claro que as escolhas para as próximas reuniões serão feitas com base no avanço dos indicadores e que os juros devem se manter elevados até que a inflação volte à casa dos 2%.
Confira o fechamento das principais praças europeias:
- Frankfurt: -0,08%;
- Londres: +0,32%;
- Paris: +0,33%;
- Stoxx 600: +0,46%.
A curva de juros americana
Com os dados mistos da economia deixando o cenário futuro dos juros cada vez mais incerto, os olhares dos investidores se voltaram hoje para o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Nesta manhã, Powell voltou a repetir que o Fed deve atingir sem hesitar até que seja possível ver um recuo da inflação, indo em linha com o discurso que havia feito no simpósio de Jackson Hole.
A fala dura do dirigente trouxe grande instabilidade às bolsas americanas, mas os principais índices acabaram fechando o dia no azul. O Dow Joenes, o S&P 500 e o Nasdaq fecharam com avanços na casa dos 0,60%.
Sobe e desce do Ibovespa
O alívio na curva de juros brasileira empolgou setores mais sensíveis e impactados pela inflação. Com queda de 40% no ano, as ações do Magazine Luiza (MGLU3) ficaram com a coroa do dia. confira as maiores altas do Ibovespa:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 4,28 | 7,00% |
AZUL4 | Azul PN | R$ 16,29 | 6,26% |
GOLL4 | Gol PN | R$ 10,00 | 5,04% |
MRVE3 | MRV ON | R$ 11,40 | 4,97% |
B3SA3 | B3 ON | R$ 13,00 | 4,92% |
Além da queda do dólar, outro fator que influenciou o desempenho negativo das empresas de proteínas foi um novo surto de gripe aviária que atingiu uma granja avícola em Ohio. O mercado monitora possíveis impactos em outras localidades. Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
MRFG3 | Marfrig ON | R$ 11,96 | -5,60% |
JBSS3 | JBS ON | R$ 27,67 | -4,68% |
RRRP3 | 3R Petroleum ON | R$ 36,15 | -4,06% |
PCAR3 | GPA ON | R$ 21,83 | -3,96% |
BRKM5 | Braskem PNA | R$ 30,60 | -3,71% |