O cenário global não está dos melhores, mas a véspera do feriado que vai paralisar a bolsa de valores brasileira amanhã foi marcada por tensões locais.
Na Europa, o conflito na Ucrânia não tem como ser ignorado, já que a guerra ocorre bem no seu quintal. Nos Estados Unidos, foi a pressão inflacionária que falou mais alto, com os investidores atentos a todas as possibilidades de endurecimento de discurso por parte do Federal Reserve.
No Brasil, foi o combo risco fiscal e commodities em queda que pesou nos negócios. Usiminas e Vale, que já andam sentindo na pele o impacto das limitações da economia chinesa, apresentaram sinais de um primeiro trimestre fraco e os investidores reagiram negativamente.
Além disso, as ameaças de um Auxílio Brasil permanente e o reajuste em massa de diversas classes de servidores federais pressionam o futuro das contas públicas. Com a baixa liquidez pré-feriado, nem mesmo o alívio do câmbio ajudou a bolsa, e o Ibovespa recuou pelo quarto pregão consecutivo – a queda foi de 0,62%, aos 114.343 pontos.
Depois de dias de estresse, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano deram uma trégua e permitiram que a curva de juros brasileira também tivesse um dia de maior tranquilidade. Quem saiu ganhando foi o dólar à vista. Influenciado pelo forte fluxo de entrada de dinheiro estrangeiro, a moeda recuou 1,02%, a R$ 4,6204.
Um pé atrás
O Federal Reserve divulgou durante a tarde o seu Livro Bege, com informações e perspectivas para a economia americana, mas sem grandes surpresas para o mercado.
O documento confirmou o que já vinha sendo discutido em público pelos dirigentes: as pressões inflacionárias seguem fortes e pressionadas por fatores geopolíticos. A inflação também é vista como um obstáculo para um crescimento mais robusto da economia, que cresce em ritmo moderado, enquanto o mercado de trabalho segue apertado.
Ao longo do dia, dois dirigentes do Fed também falaram em eventos públicos, reforçando a ideia de que um aumento de 50 pontos-base está no horizonte. Após dois dias de pressão e temor por uma alta de 75 pontos-base, o retorno dos títulos do Tesouro americano recuou e permitiu que a curva de juros brasileira também tivesse um movimento mais comportado.
CÓDIGO | NOME | ULT | FEC |
DI1F23 | DI jan/23 | 13,06% | 13,03% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 12,03% | 12,03% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 11,82% | 11,82% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 11,78% | 11,78% |
O movimento permitiu que parte das bolsas americanas se recuperasse – o Dow Jones subiu 0,72%. O fiasco do balanço da Netflix, no entanto, pressionou o Nasdaq, que recuou mais de 1%, e deixou o S&P 500 próximo da estabilidade, em queda de 0,06%.
Sobe e desce do mercado
No mesmo dia em que o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu ampliar em 20 dias o prazo para análise da privatização da Eletrobras, a companhia foi um dos principais destaques positivos. O tempo pedido pelos ministros é maior do que o pretendido pelo governo, mas representa apenas um terço do inicialmente previsto pelo ministro Vital do Rêgo. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
RAIL3 | Rumo ON | R$ 18,83 | 4,61% |
ELET6 | Eletrobras PNB | R$ 42,27 | 4,60% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 25,70 | 4,22% |
ELET3 | Eletrobras ON | R$ 42,20 | 3,94% |
BBSE3 | BB Seguridade ON | R$ 26,76 | 2,84% |
Na última hora do pregão, a Natura despontou com o pior desempenho do dia com folga. O movimento se deu com rumores sobre o vazamento do balanço, mas, segundo apuração do Seu Dinheiro, a companhia teria sinalizado para alguns agentes do mercado que as margens de algumas de suas unidades de negócio podem ficar abaixo das expectativas. Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
NTCO3 | Natura ON | R$ 21,42 | -15,30% |
COGN3 | Cogna ON | R$ 2,66 | -7,32% |
USIM5 | Usiminas PNA | R$ 12,28 | -6,26% |
BIDI11 | Banco Inter unit | R$ 17,65 | -6,32% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 5,62 | -5,39% |