A ala mais favorável à elevação de juros do Federal Reserve costuma ser um dos maiores pesadelos do mercado financeiro.
É só o seu principal representante, James Bullard, aparecer em um evento para que um arrepio na nuca coletivo tome conta dos negócios. Muitas vezes o principal responsável pelos inúmeros banhos de sangue que as bolsas globais viveram neste ano, hoje Bullard foi herói.
É que enquanto a maior parte dos economistas já davam como certa uma alta de 1 ponto porcentual na próxima reunião do Fed, o dirigente fez questão de destacar que o seu cenário-base é de uma elevação de “apenas” 0,75 pp. Se o maior defensor do aperto monetário com direito a voto nos encontros falou, o mercado achou melhor não discutir.
Em meio aos novos números de inflação elevada divulgados nesta manhã, o balanço do segundo trimestre do JP Morgan, bem abaixo do esperado, foi como a cereja do bolo para aqueles que veem uma recessão se aproximar
Mas com Bullard confortando os analistas, a forte queda de mais de 2% vista no início do dia ficou no passado e os investidores, aos poucos, voltaram às compras. O Dow Jones e o S&P 500 recuaram cerca de 0,40% nesta tarde, mas o Nasdaq conseguiu encerrar o dia no azul, em leve alta de 0,03%.
Passado o perigo de um banho de sangue em Wall Street, o Ibovespa também se afastou das mínimas, mas a forte queda do petróleo e do minério de ferro impediram uma recuperação mais pronunciada.
O principal índice da B3 terminou o dia em queda de 1,80%, aos 96.120 pontos. O dólar à vista avançou 0,51%, a R$ 5,4333, e o mercado de juros operou em forte alta, ainda repercutindo os efeitos fiscais da PEC dos Benefícios, promulgada há pouco.
Largando com o pé esquerdo
O início da temporada de balanços chacoalhou Nova York nesta quinta-feira (14). O JP Morgan divulgou os seus números do segundo trimestre e comprovou que tempos mais difíceis para a economia americana realmente estão a caminho — e já começam a deixar marcas.
O JP Morgan registrou um tombo de 28% no lucro em relação ao mesmo período do ano passado.O resultado ficou em US$ 8,65 bilhões, o equivalente a US$ 2,76 por ação, abaixo das previsões do mercado, que apontavam para um lucro de por ação US$ 2,88, de acordo com dados da Refinitiv.
Déjà vu
Assim como aconteceu ontem, a inflação ao produtor nos Estados Unidos (PPI, na sigla em inglês), voltou a mostrar que a alta dos preços pode estar longe do seu pico.
O indicador subiu 1,1% em junho ante maio, enquanto o núcleo avançou 0,3%, abaixo do esperado pelos analistas.
Com as apostas maiores em uma atuação mais dura do Federal Reserve, em conjunto com a pressão dos gastos fiscais que crescem em ano eleitoral, a curva de juros brasileira voltou a se inclinar, com os investidores já projetando uma Selic de dois dígitos até 2024. Confira:
CÓDIGO | NOME | TAXA | FEC |
DI1F23 | DI jan/23 | 13,90% | 13,88% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 13,21% | 13,07% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 13,04% | 12,91% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 13,04% | 12,91% |
Sobe e desce do Ibovespa
Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
CIEL3 | Cielo ON | R$ 4,13 | 6,44% |
BBSE3 | BB Seguridade ON | R$ 26,38 | 4,27% |
RADL3 | Raia Drogasil ON | R$ 20,61 | 3,57% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 2,92 | 3,18% |
CSAN3 | Cosan ON | R$ 17,24 | 2,80% |
Ao longo do dia, a pior pressão veio da queda do setor de commodities. Apesar do petróleo ter encerrado a sessão longe de suas mínimas, o Brent já é negociado abaixo da casa dos US$ 100 por barril. Durante a madrugada, o temor de recessão derrubou o minério de ferro em mais de 7%.
Com a forte alta observada no mercado de juros e prévias operacionais abaixo do esperado, as construtoras tiveram um dia de forte queda. Confira os piores desempenhos do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
VALE3 | Vale ON | R$ 67,80 | -6,87% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 13,43 | -6,54% |
CYRE3 | Cyrela ON | R$ 12,17 | -5,95% |
BRAP4 | Bradespar PN | R$ 22,22 | -5,57% |
BPAC11 | BTG Pactual units | R$ 21,11 | -4,91% |