Não há como negar que o investidor brasileiro começou a semana preparado para o pior e muito longe de prever o saldo positivo acumulado até esta sexta-feira (04).
Na segunda-feira (31), a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas, com a menor vantagem da história, trouxe perspectiva de cautela elevada para os mercados. Afinal, uma contestação do resultado por parte do presidente Jair Bolsonaro não estava descartada, e crescia a incerteza em torno do nome de quem irá comandar o futuro ministério da Fazenda.
Isso sem falar nos bloqueios de centenas de rodovias federais por parte dos eleitores do candidato derrotado e a forte agenda internacional — com decisão de juros do Federal Reserve e a divulgação do relatório de emprego, o payroll, dos Estados Unidos.
É, a semana foi tensa, mas passou longe do banho de sangue projetado para os mercados logo após a divulgação do resultado das urnas.
Bolsonaro pode não ter reconhecido publicamente a derrota, mas deu o aval para que a equipe de transição — chefiada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin — começasse os trabalhos necessários sem que haja maiores transtornos.
No exterior, as coisas também caminharam melhor do que o esperado. Nos Estados Unidos, a perspectiva de um avanço menor dos juros voltou a animar o mercado, enquanto na China, a política de covid zero parece estar chegando ao fim — levando as commodities às alturas.
Com a vitória de Lula sendo a cereja do bolo, o investidor estrangeiro ajudou o Ibovespa a acumular ganhos de 3,16% na semana e o dólar à vista a cair 4,49% no período, a R$ 5,06.
Em uma coisa as projeções de segunda-feira (04) foram certeiras: a pressão nos papéis das estatais. A Petrobras (PETR4) acabou ficando com o pior desempenho dos últimos dias, em um recuo de mais de 10%.
O impasse que parece se desenhar ao redor do pagamento de dividendos, aliás, freou o principal índice da B3 hoje, levando a uma alta mais moderada de 1,08%, aos 118.155 pontos.
Vai ou não vai?
As ações da Petrobras (PETR4) aceleraram o ritmo de queda e recuaram mais de 5% no pregão desta sexta-feira. Os papéis repercutiram a notícia de que o Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) para avaliar a legalidade da distribuição de dividendos da estatal, anunciada ontem, com base no risco à sustentabilidade financeira da companhia.
Durante a coletiva para comentário sobre os resultados do terceiro trimestre, a gestão da Petrobras disse não ter tido acesso à representação, mas que está sempre à disposição do TCU.
"A companhia só atuou dentro do que prevê a política de remuneração dos acionistas, estamos praticando essa política há vários trimestres. Fizemos o que sempre fizemos, é uma política que já previa pagamento".
Mercado de trabalho
Os Estados Unidos criaram 261 mil vagas de empregos em outubro, acima da projeção do mercado de abertura de 215 mil postos de trabalho.
O dado, mais conhecido como payroll, foi divulgado nesta manhã pelo Departamento de Comércio americano.
A taxa de desemprego subiu a 3,7% em outubro, mais que o previsto. O consenso era de alta para 3,6% ante setembro. A geração de empregos de agosto foi revisada de 315 mil a 292 mil; e a de setembro, de 263 mil para 315 mil postos de trabalho abertos.
Na visão dos analistas, os números mostram um enfraquecimento marginal do mercado de trabalho. Com isso, aumentaram as expectativas de que o Federal Reserve tire o pé do acelerador nos ajustes de política monetária.
As bolsas em Nova York fecharam o dia em alta, encerrando a sequência de fortes quedas dos últimos dias. Confira:
- Nasdaq: 1,28%
- S&P 500: 1,36%
- Dow Jones: 1,26%
Sobe e desce do Ibovespa
Pressionada pela eleição de Lula e também pelas dúvidas sobre o pagamento de dividendos aprovados pelo conselho de administração — e questionado pelo Ministério Público —, as ações da Petrobras (PETR4) lideraram as perdas da semana.
Na sequência, foi a temporada de balanços que falou mais alto, pressionando a Alpargatas (ALPA4) e o Pão de Açúcar (PCAR3). Confira as maiores quedas da semana:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARSEM |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 28,30 | -13,11% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 31,71 | -11,38% |
ALPA4 | Alpargatas PN | R$ 18,89 | -6,21% |
RAIL3 | Rumo ON | R$ 20,46 | -3,67% |
PCAR3 | GPA ON | R$ 20,55 | -2,51% |
Confira também as maiores altas:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARSEM |
RRRP3 | 3R Petroleum ON | R$ 51,31 | 17,76% |
CSAN3 | Cosan ON | R$ 18,70 | 14,44% |
SMTO3 | São Martinho | R$ 29,01 | 13,23% |
CMIN3 | CSN Mineração ON | R$ 3,69 | 13,19% |
GOLL4 | Gol PN | R$ 9,95 | 12,68% |