O Brasil vai demorar a acelerar após a Ford ter tirado suas fábricas do País, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (12) pelo Credit Suisse.
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Na última segunda-feira (11), a Ford comunicou ao mercado a intenção de fechar suas três fábricas no Brasil, em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), o que encerrou a produção de automóveis da marca no País. Vale a pena lembrar que a Mercedes-Benz também fechou sua fábrica no Brasil (Iracemápolis, SP), que produzia os modelos Classe C e GLA.
No relatório, o analista do banco de investimentos suíço, Regis Cardoso, dá um panorama do impacto da Ford e da Mercedes no Brasil: dos 1,6 milhões de carros produzidos no País, a Ford foi responsável por 119 mil carros (7,4%). Mercedes-Benz representou cerca de 0,4% (6,8 mil carros).
Ainda dando panoramas de produção no País, o Credit fala que "a produção total de veículos no Brasil em 2019, em um cenário não pandêmico, atingiu 2,95 milhões de carros, o que representa uma taxa de utilização de 58,4% considerando os 5,05 milhões de carros por ano de capacidade atualmente instalada no país".
Por conta disso, a saída da Ford deve ter efeitos limitados de médio a longo prazo sobre a disponibilidade de carros no Brasil, já que outras empresas têm capacidade ociosa para atender à demanda.
Locadoras de veículos sofrerão
O setor de locadoras de veículos deve ser o mais afetado pela saída da empresa americana do Brasil. A Localiza, por exemplo, deve ser a mais impactada, já que 14% da sua frota atual viria da Ford.
A Unidas seria a vice, já que 12% de sua frota viria da Ford. A Movida, por outro lado, deve ser a menos afetada, já que apenas 0,5% de sua frota atual vem da empresa americana.
O banco de investimentos adiciona que "a decisão da montadora de deixar o Brasil pode ter repercussão negativa para as locadoras, já que a redução da produção local e da capacidade ociosa pode reduzir seu poder de barganha na compra de carros novos."
Além disso, as empresas de bens de capital também podem ser afetadas. A redução da demanda doméstica por autopeças pode impactar negativamente empresas de bens de capital da cadeia de valor automotiva, como a Iochpe-Maxion (MYPK3), explica o Credit.
"No entanto, acreditamos que o impacto será limitado, pois poderá ser compensado por um ganho de participação de players locais ou por veículos importados de fabricantes fornecidos pela empresa", completa o banco.