Quem achava que o apetite da Marfrig estava satisfeito após a compra de 24% do capital social da BRF no mês passado, se enganou. A companhia liderada por Marcos Molina deu mais uma cartada, aumentando ainda mais sua fatia na rival.
Em documento enviado à CVM, a Marfrig informa que, agora, é dona de mais de 257 mil ações da BRF, o que equivale à 31,66% do capital social da dona da Sadia e da Perdigão. Ou seja: foram comprados mais de 60 milhões de papéis nos últimos dias, sempre em operações no mercado.
A notícia não é de todo surpreendente: as ações ON da BRF (BRFS3) registraram altas fortes nesta semana, reagindo às especulações de uma nova investida da Marfrig.
Entre segunda e quarta-feira, foram registradas vendas em bloco das ações da BRF intermediadas pelo J.P. Morgan, a mesma instituição usada pela Marfrig para construir sua posição inicial de 24% na rival.
BRF x Marfrig: parceiros ou inimigos?
A Marfrig segue com o mesmo discurso assumido na primeira rodada de compras: não pretende interferir diretamente nos rumos da BRF ou eleger membros para o Conselho de Administração — o investimento teria apenas um viés "estratégico" dentro de um segmento que já atua.
Eventuais novas aquisições de ações por parte da Marfrig parecem improváveis, uma vez que, pelo estatuto da BRF, qualquer acionista que atinja uma posição de 33,3% é obrigado a fazer uma oferta de compra aos demais investidores da companhia.
Ainda assim, os atuais 31,66% da Marfrig dão a ela um enorme poder de fogo nas assembleias e representam um investimento volumoso: R$ 7,56 bilhões, considerando o fechamento das ações ON da BRF ontem, a R$ 29,38.