Site icon Seu Dinheiro

Concorrência vem aí? Decisão da CVM abre espaço para possíveis rivais da B3

Sede da B3, dona da bolsa de valores brasileira

Sede da B3, dona da bolsa de valores brasileira

Uma decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu a porta para que a B3, hoje monopolista no mercado brasileiro de Bolsa de Valores, ganhe concorrentes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A autarquia autorizou a Mark2Market (M2M), plataforma de gestão de operações financeiras para empresas, a atuar como central depositária de títulos - recebíveis agrícolas, num primeiro momento, mas a atuação poderá no futuro incluir também ações.

A empresa acredita que, com uma estrutura de depósito e liquidação de títulos bem desenvolvida, poderá vir a prestar serviços a uma potencial Bolsa concorrente da B3 - uma antiga demanda dos participantes do mercado.

Rumores derrubam ações

Em pouco mais de uma semana, a empresa B3 encolheu R$ 8 bilhões em valor de mercado, a despeito dos sucessivos recordes do mercado acionário brasileiro.

O movimento reflete também os rumores de que a XP poderia montar a própria Bolsa, reforçados pela saída de José Berenguer, presidente do Banco XP, do conselho da B3. A plataforma estaria montando um mercado de criptomoedas, mas deixou a sensação de perseguir mais do que isso.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em paralelo, a CVM deu a chancela para a M2M operar como depositária de valores mobiliários - estrutura essencial para a operação de qualquer Bolsa.

"Vimos que tínhamos metade do mercado de CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) entre o final de 2017 e o começo de 2018. Decidimos conversar com o regulador para ver se era a hora de termos uma infraestrutura de mercado", disse Rodrigo Amato, fundador e CEO da M2M.

Naquele momento, a Cetip, que fazia depósito de títulos de renda fixa, se unia à BM&F, dona da Bovespa, para dar origem à B3, que concentrou as duas atividades.

Planos ambiciosos

A CVM autorizou a M2M a atuar como depositária em dezembro; na terça-feira, considerou que a empresa está pronta para operar a plataforma. A central depositária é a estrutura que "guarda" os ativos negociados em um mercado.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A companhia acredita que, no futuro, poderia fazer o mesmo com ações, e Amato diz ter sido sondado por players nacionais e estrangeiros em busca desse serviço.

A M2M, que fatura R$ 4,5 bilhões por ano, tem produtos que ajudam a gerenciar as operações financeiras de clientes como Natura, Localiza e Klabin.

Para dar esse próximo passo, a M2M vai investir R$ 5 milhões, quase integralmente em tecnologia, após receber R$ 10,8 milhões de rodada de investimentos liderada pela gestora de venture capital KPTL. A empresa acredita que a integração ajudará a atrair parte dos clientes para o serviço de depósito de títulos.

Barreiras

A sócia da Interlink Consultoria, Amarílis Prado Sardenberg, observa que a ideia de que a B3 tem o monopólio do mercado é equivocada, do ponto de vista da regulação, pois a CVM e o Banco Central, as duas entidades que regulam entidades administradoras de mercado, não preveem a existência de uma única Bolsa.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para ela, a inexistência de uma rival para a B3, hoje, é reflexo de uma questão de mercado, e não regulatória.

Um especialista que preferiu não se identificar ponderou que os requisitos ampliam a vantagem de quem já está estabelecido no mercado. Para amenizar essa realidade, disse ele, a CVM obrigou a empresa que presta serviços de depósito e liquidação a compartilhar a infraestrutura com terceiros.

"A CVM tem audiência pública em aberto para mudar as regras de Bolsas e eliminar barreiras que não são impedimento, mas aumentam os custos (de entrada)", diz.

Procurada, a B3 não comentou no prazo para o fechamento desta edição. De forma pública, a empresa costuma dizer que é verticalizada, diferentemente do que ocorre em mercados internacionais.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Adicionalmente, a B3 fechou, em 2019, acordo com a ATS, que ambicionava montar uma segunda Bolsa no País, para dar a ela acesso à sua central depositária.

As regras da CVM impedem que empresas do mercado financeiro, como bancos e corretoras, tenham mais do que 10% de infraestruturas de mercado - o que restringiria eventual atuação da XP, por exemplo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Exit mobile version