Após a divulgação de notícias sobre uma suposta destituição de André Brandão do cargo de CEO, o Banco do Brasil (BBAS3) informou que não recebeu nenhuma comunicação formal de seu acionista controlador, a União, a respeito do assunto.
O futuro de Brandão à frente do BB foi colocado em xeque após o banco anunciar na segunda-feira (11) o fechamento de 112 agências e a intenção de demitir 5 mil funcionários. A iniciativa desagradou o presidente Jair Bolsonaro, diante do desgaste político que isso pode provocar.
Segundo apurou o jornal “O Estado de S.Paulo”, Bolsonaro decidiu pela demissão de Brandão, mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda tenta demovê-lo da ideia.
Embora a reestruturação do banco tenha agradado investidores e tenha sido considerada positiva pela equipe econômica para um reposicionamento do banco com enfoque no digital, o anúncio foi considerado inoportuno neste momento em que o Palácio do Planalto negocia apoio para os comandos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A eleição está marcada para o início de fevereiro.
Em campanha pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), Bolsonaro recebeu em um só dia oito deputados e ouviu reclamações sobre o fechamento de agências do BB em cidades menores.
A notícia sobre a interferência do Planalto no comando do BB fez as ações do banco recuarem 4,94% na quarta-feira (14), a R$ 37,55, e ainda causa preocupações nos investidores nesta quinta-feira.
Desgaste
Os rumores sobre a saída de Brandão são vistos também como mais um desgaste para Guedes, já que o enxugamento do banco é uma orientação da equipe econômica.
O ministro já perdeu vários integrantes da sua equipe em choque com as determinações do presidente. Foi assim com os secretários Salim Mattar, por causa do fracasso da agenda de privatizações; Paulo Uebel, pelo atraso no envio da reforma administrativa; e Marcos Cintra, pela resistência à recriação da CPMF.
Antes do BB, Brandão atuava como chefe global da instituição para as Américas do HSBC. Foi escolhido por Guedes para fazer a transformação no banco e não estaria disposto também a retroceder nesses planos.
Ele entrou no lugar de Rubem Novaes, que pediu demissão em julho de 2019, em meio a um processo de desgaste que incluía insatisfação da equipe econômica com a velocidade das vendas de ativos do BB e com o desempenho da instituição no crédito, segundo fontes.
Desde o início do governo, Bolsonaro tem se mostrado sensível às críticas de parlamentares e prefeitos sobre fechamento de agências do BB e da Caixa.
A pressão aumentou com o anúncio do BB, que foi visto também pelos políticos como a abertura de caminho para privatização do banco. A Frente Parlamentar em Defesa dos Bancos Públicos está programando convocar o presidente do BB para ir ao Congresso explicar o plano de reestruturação.
*Com informações da Estadão Conteúdo