A temporada de balanços sempre é um momento muito aguardado por analistas e investidores, mas cheio de apreensão para as empresas. Se resultados sólidos têm o poder de impulsionar as ações, o efeito inverso acontece quando, como no caso da Aeris Energia (AERI3), os números vêm abaixo do esperado.
A fabricante de pás para turbinas de energia eólica, que apresentou seu balanço na noite de quarta-feira (11), reportou lucro líquido de R$ 18,7 milhões no segundo trimestre, uma queda de 23,6% em relação ao mesmo período de 2020.
O Ebtida (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, da sigla em inglês) também recuou 7,3%, na mesma base de comparação, com R$ 49 milhões.
A repercussão dos números nas ações da empresa foi negativa. Por volta das 16h35, os papéis — que chegaram a recuar para R$ 8,08 mais cedo — operavam em queda de 8,49%, a R$ 8,19.
Além de decepcionar os investidores, o Ebtida também veio abaixo das expectativas dos analistas da XP, que esperavam um resultado 20% superior. A desaceleração da receita operacional líquida, que caiu 27,6% no período, para R$ 592 milhões, também não agradou.
Em resposta ao que considera “resultados mais fracos do que o esperado”, a corretora rebaixou de Compra para Neutra a recomendação para os papéis da Aeris e reduziu também o preço-alvo dos ativos.
O novo preço-alvo saiu de R$ 15 por ação neste ano para R$ 10 em 2021. O valor representa uma alta de cerca de 22% em relação a cotação atual.
Ainda há ventos favoráveis para a Aeris
Apesar do balanço, a XP ainda enxerga pontos positivos na empresa. Os contratos de longo prazo, com potencial para receita líquida de R$ 8,1 bilhões nos próximos três anos, são alguns deles.
Para a corretora, eles reforçam “uma perspectiva positiva de crescimento à medida que linhas de produção não maduras continuam a ganhar eficiência”. Além disso, é esperado um crescimento de 42% ao ano no lucro dos próximos anos.
Após um ano recorde para a capacidade do setor, os analistas apostam que a energia eólica seguirá aumentando sua relevância em todo o mundo. “Não obstante, também vemos a Aeris pronta para se beneficiar das tendências contínuas de terceirização dos produtores de turbinas eólicas”, explicam em relatório.
Mas e as ações da empresa?
Mas, mesmo com essas boas perspectivas, a XP enxerga “um espaço limitado para a alta das ações da Aeris”. A percepção deve-se, em grande parte, à recuperação mais lenta nos níveis de retorno sobre o capital investido (ROIC, da sigla em inglês).
“Vemos que os níveis de retorno devem levar mais tempo do que previamente esperado para se recuperar, já que uma parcela significativa do capital investido da Aeris ainda é proveniente de linhas pré-operacionais”, afirmam os analistas da corretora.
Como consequência, as expectativas de lucro nos próximos anos também diminuem e levam a uma avaliação que, na visão da XP, não é mais atrativa.
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