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Após 100 dias à frente da Petrobras, Silva e Luna ganhou a confiança do mercado?

General Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras, em coletiva de imprensa | Dividendos

28/08/2018 Pronunciamento sobre assinatura da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para Roraima (Brasília - DF, 28/08/2018) O então Ministro da Defesa General-de-exército Joaquim Silva e Luna.

Poucos executivos chegaram ao cargo de CEO de uma empresa sob uma desconfiança tão grande como Joaquim Silva e Luna. O general da reserva assumiu o comando da Petrobras em abril após a decisão do presidente Jair Bolsonaro de intervir na estatal, insatisfeito com a política de preços dos combustíveis.

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Cem dias depois de assumir o cargo — período que costuma ser apontado como decisivo para uma avaliação dos rumos da gestão —, Silva e Luna fez seu primeiro evento com analistas de mercado, junto com outros membros da diretoria da Petrobras.

Os profissionais do BTG Pactual escreveram sobre o encontro em um relatório para clientes. De acordo com os analistas, a mensagem teve um tom semelhante ao discurso adotado na cerimônia de posse, quando Silva e Luna destacou o trabalho de continuidade na gestão da companhia, com foco no valor para o acionista.

As maiores mudanças em relação ao plano atual da Petrobras devem acontecer na esfera das práticas ESG (sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança). A estatal deve dar um foco maior na transição energética e em preocupações sociais.

No encontro com os analistas de mercado, Silva e Luna também defendeu um diálogo melhor para a estatal aprimorar a transparência.

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Dividendos e venda de ativos

Uma boa notícia extraída da reunião foi a perspectiva para o pagamento de dividendos. Com a forte geração de caixa e redução do endividamento, a Petrobras pode em breve cruzar o limite de US$ 60 bilhões de dívida que destravaria uma distribuição mais generosa dos lucros aos acionistas.

“A administração fez questão de enfatizar que o objetivo de equilibrar melhor os dividendos e o crescimento continua em curso e que ‘os acionistas devem receber sua parte do valor que a empresa cria’, o que deve soar como música para os ouvidos dos investidores”, escreveu o BTG.

A política atual, que nas contas do banco pode levar a um retorno com dividendos (dividend yield) superior a 15% no primeiro ano, foi reiterada como uma política sustentável daqui para frente.

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O tom mais negativo veio do programa de venda de ativos. Embora Silva e Luna tenha afirmado que o plano de desinvestimentos continua, incluindo as refinarias, a velocidade da implementação depende de outros fatores, incluindo questões regulatórias e legais.

Para o BTG, diante da proximidade das eleições no ano que vem, as vendas de ativos correm risco se não acontecerem nos próximos cinco a seis meses.

Preços dos combustíveis: o calcanhar de Aquiles

O ponto mais controverso da fala de Silva e Luna veio justamente da razão que o levou a ocupar a presidência da Petrobras: a política dos preços dos combustíveis.

Aos analistas, a administração basicamente disse que a companhia continua a perseguir uma “lógica de mercado coerente”, com os preços alinhados ao mercado internacional.

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Ao mesmo tempo, a estatal ponderou que está ciente dos impactos dos preços dos combustíveis na sociedade.

A conclusão do BTG é que, embora não chegue a destruir valor, a Petrobras acaba deixando dinheiro na mesa com a política de preços atual.

E então, hora de comprar?

Os analistas do BTG saíram mais animados do encontro com Silva e Luna, mas não o suficiente para mudar a recomendação para as ações da Petrobras, atualmente neutra.

“A falta de confiança nas consequências que o aumento dos preços do petróleo pode ter sobre a independência política da empresa com sua política de preços de combustíveis nos faz adotar uma abordagem mais cautelosa por enquanto”, escreveram.

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As cotações das ações da Petrobras na B3 refletem essa melhora na percepção do mercado. Os papéis recuperaram as perdas registradas em fevereiro, com o ruidoso anúncio da saída de Roberto Castello Branco da presidência da companhia, mas seguem abaixo das máximas do ano, alcançadas em janeiro.

No pregão desta terça-feira, os papéis preferenciais da Petrobras (PETR4) fecharam em queda de 1,16%, a R$ 27,15, enquanto os ordinários (PETR3) recuaram 0,43%, a R$ 27,83.

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