A Petrobras teve lucro líquido de R$ 42,855 bilhões no segundo trimestre de 2021, ante prejuízo de R$ 2,713 bilhões no mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado pela companhia nesta quarta-feira (4).
A cifra representa uma alta de 3572,2% sobre o lucro do primeiro trimestre, quando a empresa teve ganhos de R$ 1,1 bilhão. O resultado também é maior do que o projetado por analistas, de R$ 20,6 bilhões, segundo dados da Bloomberg.
O lucro líquido da Petrobras teve no segundo trimestre os seguintes principais impulsionadores:
- Maiores margens de derivados;
- Maiores volumes de vendas de óleo e derivados no mercado interno e de exportações;
- Ganhos cambiais devido à valorização do real frente ao dólar;
- Ganhos de participações em investimentos, com a precificação da oferta da BR Distribuidora.
A Petrobras lista também o impacto positivo da apreciação do real sobre a dívida: a empresa reduziu em US$ 27,5 bilhões a dívida bruta na comparação anual, alcançando US$ 63,7 bilhões.
O ano de 2021 é definido pela estatal como um período de transição. A Petrobras dedica grande parte de sua geração de caixa ao pré-pagamento da dívida, com o objetivo de atingir a dívida bruta de US$ 60 bilhões.
Ao final do segundo trimestre, a relação dívida líquida / Ebitda ajustado diminuiu para 1,49x, melhor marca desde o terceiro trimestre de 2011, quando os arrendamentos ainda não faziam parte do endividamento.
O Ebitda ajustado (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) aumentou em 147,9%, na base anual, para R$ 61,9 bilhões, de acordo com a estatal.
Fluxo de caixa, venda de ativos e alta das receitas
O fluxo de caixa operacional e fluxo de caixa livre totalizaram R$ 56,6 bilhões e R$ 48,6 bilhões, respectivamente. A empresa também teve a entrada de caixa referente a venda de ativos de US$ 2,8 bilhões até o início de agosto.
A Petrobras informou que no segundo trimestre teve R$ 110,7 bilhões de receita de vendas, em uma alta anual de 117,5% e avanço de 28,5% sobre o primeiro trimestre.
A alta dessa linha do balanço é atribuída à valorização de 13% nos preços do petróleo tipo Brent e ao aumento do volume de vendas de derivados no mercado interno e das exportações. Entre as receitas, outros destaques:
- A receita com exportações foi de R$ 33,6 bilhões, 47,2% superior ao primeiro trimestre. O resultado reflete o aumento nos preços do Brent e o maior volume exportado, fruto da maior realização de estoques em andamento e da menor carga processada nas refinarias devido às paradas programadas para o trimestre;
- A receita de derivados no mercado interno atingiu R$ 63,8 bilhões, aumento de 22,6% sobre o primeiro trimestre, refletindo os maiores preços praticados e o crescimento de 5,5% do volume de vendas, principalmente de diesel e gasolina;
- A receita com gás natural foi de R$ 7,0 bilhão (23,4% superior ao primeiro trimestre) devido à maior demanda do mercado não termelétrico e à atualização trimestral dos contratos de venda;
- Em termos da composição da receita no mercado interno, o diesel e a gasolina continuaram sendo os principais produtos. Ambos correspondem juntos por 73% da receita nacional de vendas de derivados de petróleo.
"Além da China, os melhores destinos para as vendas de petróleo nacional neste período foram Europa, América Latina, Estados Unidos e Índia"
Petrobras, em comunicado
- Volume de exportações de petróleo está dividido da seguinte forma:
País | 2T21 |
China | 45% |
Índia | 9% |
Portugal | 8% |
Estados Unidos | 9% |
Holanda | 8% |
Chile | 3% |
Peru | 4% |
Outros | 14% |
Petrobras já havia informado alta em volume de vendas
A estatal informou em relatório divulgado anteriormente um crescimento de 13% no volume total de vendas, sobre os três primeiros meses do ano.
O número foi impulsionado pelo aumento sequencial de 5,5% das vendas de derivados no mercado local e alta trimestral de 35% em exportações.
Segundo a Petrobras, houve uma redução de cerca de 80 mil barris por dia nos estoques. O Credit Suisse destacou a produção nos campos de pré-sal, que subiu 3,5%.
“Os volumes continuaram crescendo em participação na produção total, também ajudados pelos desinvestimentos de ativos não essenciais em terra e em águas rasas", disseram os analistas.
A venda de ativos é um dos focos da gestão atual da Petrobras. A estatal seguiu no segundo trimestre se desfazendo inclusive da importante fatia remanescente na BR Distribuidora.
O plano de desinvestimentos foi prosseguido pela empresa mesmo depois de mais uma troca de comando. Insatisfeito com a política de preços dos combustíveis, o presidente Jair Bolsonaro interferiu na Petrobras e trocou o CEO da companhia — colocando o general Joaquim Silva e Luna, que assumiu o cargo em abril.
O mercado temeu pelo pior com a mudança, mas a mensagem da nova gestão foi de um trabalho de continuidade, com foco na geração de valor para o acionista.
Para os analistas do BTG Pactual, embora não chegue a destruir valor, a Petrobras deixa dinheiro na mesa com a política de preços atual. O banco fala em uma falta de confiança, mantém cautela e uma recomendação "neutra" para os papéis da empresa.
Já o Itau BBA recomenda a compra das ações da Petrobras, que tem preço-alvo de R$ 38. O banco espera resultados "fortes" em exploração e produção (E&P) e diz que a receita da companhia será impactada de forma positiva pela alta do preço do petróleo no mercado.
A commodity tipo Brent subiu 11% em um ano, lembra o Itaú BBA. Analistas do banco projetam a capacidade das refinarias chegando a 75%, depois da baixa com o pior momento da pandemia.
- VÍDEO: ação da Raízen (RAIZ4) pode se valorizar mais de 50% após o IPO