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Inflação e futuro da taxa de juros viram foco de tensão e Ibovespa recua 0,5% na semana; dólar sobe mais de 1%

Para aqueles que estão de passagem rápida, a percepção pode ser de que o Ibovespa teve uma semana amarga, mas a realidade pode ser um pouco diferente. 

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É bem verdade que o principal índice da bolsa brasileira encerrou a sua sequência de recordes, voltou a fechar no vermelho depois de oito altas consecutivas e terminou a semana com um recuo de 0,53%, abaixo dos 130 mil pontos, mas o movimento é visto como natural pela maior parte do mercado depois de uma escalada de quase 8 mil pontos em poucos dias. 

A inflação gringa e local pautou os últimos dias e agora o mercado já tem os seus olhos fixos na próxima pauta da vez: as decisões de política monetária do Banco Central e do Federal Reserve, que ocorrem na semana que vem. Em um misto de cautela pré-decisão e uma pausa para recuperar o fôlego da escalada, o Ibovespa recuou 0,49%, a 129.441 pontos na sessão de hoje, longe das mínimas do dia.

Para Rafael Passos, sócio da Ajax Capital, a bolsa brasileira conseguiu se afastar dos 128 mil pontos porque o cenário de curto prazo ainda continua bem favorável para o mercado local, com projeções cada vez melhores para a economia e uma tensão menor com relação ao futuro da política monetária dos países desenvolvidos. 

Depois de encostar nos R$ 5, o dólar à vista também passou por um movimento de acomodação. Além da realização após as quedas das últimas semanas, a moeda também acompanhou uma valorização do retorno dos títulos do Tesouro, o que leva a uma apreciação da divisa. No fim do dia, a alta foi de 1,12%, aos R$ 5,1227. Na semana, o avanço foi de 1,73%. 

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Vamos aos números

Conforme já era esperado pelo mercado, o dragão da inflação segue buscando patamares cada vez mais elevados. Ao longo da semana, foi a expectativa por um cenário mais concreto que pautou os movimentos dos investidores. 

No Brasil, o IBGE divulgou que o índice nacional de preços ao consumidor amplo (IPCA) subiu 0,83% em abril, acima de todas as estimativas dos analistas consultados pela Broadcast. Em 12 meses, o índice acumula uma alta superior a 8%. A alta das commodities, problemas na cadeia produtiva e a pressão da retomada da economia influenciam o índice. 

O mesmo ocorre nos Estados Unidos. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), avançou 0,6%, acima dos 0,4% projetados pelo mercado. O Núcleo do CPI também avançou 0,7% contra os 0,5% esperados. Passos aponta que, ainda que o número tenha vindo acima do consenso, o índice está próximo ao que o mercado já vinha esperando. 

Ponto de tensão 

Com a inflação pressionando, o foco se volta para o que farão os bancos centrais. No caso da inflação americana, a tensão gerada pelo número foi neutralizada por sinais de que o mercado de trabalho e alguns setores específicos da economia americana ainda se mostram fragilizados. Isso renova a aposta de que o Federal Reserve deverá manter a sua política monetária extremamente acomodatícia, acompanhando o discurso reforçado pelo Banco Central Europeu nos últimos dias e mostrando ao mercado que a retirada dos estímulos não será feita de forma brusca. 

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Mas, aqui no Brasil, a questão fica mais complicada. Com as pressões transitórias se juntando a uma recuperação ainda incipiente, o mercado começa a se questionar até onde irá o Banco Central para contornar a alta dos preços. 

Para Marcos Mollica, gestor do Opportunity Total Master, a inflação salgada  indica que a meta do ano que vem também pode estar comprometida, o que faz com que o mercado trabalhe com uma possibilidade explosiva de juros e alguns investidores apostem em uma alta superior a de 0,75 ponto-percentual já contratada na última reunião.

Na visão do gestor, o próximo comunicado do Copom deve vir mais duro para resolver essas questões, abandonando o caráter “parcial” da normalização da taxa de juros, sinalizando uma nova alta de 0,75 p.p. e indicando se o BC busca ou não atingir uma taxa neutra. “Nesse ambiente, mesmo tendo prêmio na curva, o mercado fica tenso e não vai realizar tão cedo. Só quando a gente começar a ter uma ideia de onde vai parar a alta de juros”. 

Hoje os principais contratos de DI acabaram fechando próximos da estabilidade na ponta mais curta, mas os vencimentos de médio e longo prazo seguiram apresentando a mesma tendência de alta vista ao longo da semana, repercutindo o temor da inflação local. Confira as taxas de fechamento:

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Sustentando o cenário

Se de um lado a inflação pesa, do outro os números da atividade mostram que, embora com atraso, o país finalmente parece ter engatilhado uma recuperação mais robusta, amenizando o cenário macro e fazendo com que as projeções dos principais bancos e casas de análise sejam revisados para cima. 

Na terça-feira (08), os números do varejo mostraram que a segunda onda da pandemia não atingiu o setor de forma tão expressiva quanto era esperado. O IBGE divulgou que as vendas subiram 1,8% em abril, acima das projeções. 

Hoje foi a vez do setor de serviços mostrar recuperação. O setor mostrou um crescimento de 0,7% em abril, ainda abaixo do patamar pré-pandemia, mas acima das expectativas de mercado. 

Sobe e desce

A Embraer ficou com o melhor desempenho da semana, na esteira do noticiário corporativo. A companhia anunciou na quinta-feira (10) que sua subsidiária Eve, que cuida da área de mobilidade urbana, está em negociação com a Zanite Acquisitions. Confira as maiores altas da semana:

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CÓDIGONOMEVALORVARSEM
EMBR3Embraer ONR$ 21,0221,78%
HGTX3Cia Hering ONR$ 34,506,28%
LAME4Lojas Americanas PNR$ 22,365,72%
AZUL4Azul PNR$ 46,824,72%
BTOW3B2W ONR$ 67,324,62%

Confira também as maiores quedas da semana:

CÓDIGONOMEVALORVARSEM
CIEL3Cielo ONR$ 3,96-7,69%
PCAR3GPA ONR$ 38,66-7,40%
IGTA3Iguatemi ONR$ 42,48-6,80%
B3SA3B3 ONR$ 16,13-6,44%
MULT3Multiplan ONR$ 25,75-6,40%
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