Todo começo de mês, eu repito a mesma rotina desagradável. Abro a caixa de correspondência do meu apartamento, pego todas as contas do mês, abro cada um dos envelopes para conferir se está tudo correto e, logo em seguida, efetuo o pagamento no aplicativo do banco.
Mas, acredite se quiser, no mês passado essa rotina conseguiu ficar ainda mais desagradável: ao abrir a conta de energia elétrica eu me deparei com uma tarifa 25% mais cara.
Eu sei que não fui só eu quem teve essa surpresa. Você e praticamente todos os brasileiros estão sentindo no bolso o desequilíbrio da nossa matriz de geração elétrica.
Conclusões precipitadas
E esse problema tem ocasionado uma série de descontentamentos e discussões calorosas sobre qual seria a melhor solução.
Infelizmente, tenho visto muitas conclusões precipitadas sobre o assunto, como aquelas que dizem que a resolução do problema seria acabar com todas as termelétricas e lotar o Brasil de usinas eólicas aparentemente mais baratas.
Mas nos últimos dias o Reino Unido fez questão de nos mostrar que depender demais da energia eólica também não é a solução.
Mais eólicas, menos vento é igual a desastre
Como podemos ver no gráfico abaixo, a participação da energia solar e eólica tem crescido bastante no Reino Unido e atingiu mais de 28% de participação na energia gerada no ano passado (ante 23% em 2019).
Para você ter uma base de comparação, atualmente, no Brasil, apenas 11% da matriz de geração é das fontes solar e eólica, e mesmo com um aumento dos investimentos previstos nessas fontes nos próximos dez anos, a expectativa é de que a representatividade delas atinja apenas 17% em 2030, segundo o Plano Decenal de Energia.
Mas mesmo com a chamada "fonte de energia barata" representando quase um terço da matriz do Reino Unido, olha só o que aconteceu com os preços da energia elétrica desde o início do ano.
É claro que essa alta não é apenas o resultado de uma participação maior da energia eólica no sistema. A mãe natureza tem contribuído também.
O verão mais quente, seco e com menos ventos do que o normal na Europa tem feito com que as usinas eólicas não consigam gerar toda a energia que era esperada delas.
No entanto, esta situação real e que está acontecendo agora mesmo no Reino Unido mostra que não devemos tomar como certo que o aumento das energias eólica e solar no sistema se traduzirá automaticamente em energia mais barata.
Sem um planejamento, o tiro pode sair pela culatra. Na falta de um plano alternativo capaz de proteger o sistema quando faltar vento ou sol, a energia pode atingir preços exorbitantes, forçar blecautes e até provocar uma redução da atividade econômica para que o funcionamento de serviços essenciais, como hospitais, não sejam comprometidos.
Mais eólica, mais solar e mais térmicas a gás
Antes que você pense que sou anti-ESG, eu torço, sim, para que caminhemos cada vez mais para uma matriz energética mais limpa.
No entanto, quanto mais se inserem as fontes eólica, solar e hídrica na matriz energética de um país, mais ele estará exposto aos caprichos da mãe natureza.
E é por isso que não se pode encher o sistema dessas fontes renováveis sem colocar usinas capazes de suprir energia sempre que faltar vento, sol ou chuva (no caso específico do Brasil).
É neste contexto que entram as termelétricas.
Elas funcionam como uma bateria para o setor elétrico, porque podem ser ligadas a qualquer momento, sempre que necessário.
Se essas termelétricas tiverem um combustível menos poluente e mais barato, como é o caso do gás natural, melhor ainda.
MME pretende aumentar fatia de termelétricas a gás na matriz energética
Ainda bem que, apesar das várias opiniões equivocadas sobre a relação entre as termelétricas a gás e o preço da energia, o Ministério de Minas e Energia sabe muito bem da segurança que elas oferecem ao sistema quando se aumenta a presença de fontes eólicas e solares.
Por isso, o MME planeja aumentar a participação de termelétricas a gás na matriz brasileira nos próximos anos, não só para garantir a geração de energia quando faltar vento ou sol, mas também para substituir boa parte das usinas térmicas a carvão, diesel e óleo combustível, que são caras e/ou extremamente poluentes.
De olho na Eneva
Quem está preparada para aproveitar essa mudança na matriz energética brasileira é a Eneva (ENEV3).
Além de uma evolução financeira e operacional formidável nos últimos anos e dos projetos de geração a gás que devem entrar em operação nos próximos trimestres, a companhia ainda contará com a perspectiva de aumento da geração termelétrica a gás no país para continuar crescendo.
Além disso, a situação hidrológica ruim também deve continuar ajudando a companhia a divulgar resultados fortes no curto prazo.
Por esses e outros motivos, a Eneva é uma das ações nas quais o Felipe Miranda, sócio-fundador e CIO da Empiricus, mais vê potencial de valorização. Aliás, ele resolveu mostrar a lista de ações nas quais ele mesmo está investindo neste momento, e a Eneva é apenas uma das Oportunidades de Uma Vida.
Se quiser ter acesso gratuito por 30 dias à lista completa de ações, deixo aqui convite.
Um grande abraço e até a próxima!
Ruy