Os mercados internacionais amanheceram em busca de recuperação. Enquanto o mundo espera maiores informações sobre a variante ômicron do coronavírus, os investidores voltam seus olhos aos dados locais de seus países para encarar o dia.
A perspectiva de mudança no plano de voo de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, pode movimentar os negócios hoje. Ele testemunha ao Congresso americano ao lado de Janet Yellen, Secretária do Tesouro dos EUA, e deve dar maiores detalhes sobre uma possível mudança no tapering, a retirada de estímulos da economia americana.
Por aqui, os desdobramentos da PEC dos precatórios podem aliviar os negócios, somado à manutenção da nota de risco do Brasil e a perspectiva de estabilidade, de acordo com a agência S&P Global. Entretanto, tudo deve depender do avanço das reformas estruturais.
Ontem, o Ibovespa encerrou o dia em queda de 0,84%, aos 101.915 pontos, emplacando seu quinto mês seguido no vermelho (em novembro, o recuo foi de 1,53%). Já o dólar à vista subiu 0,46%, a R$ 5,6355 - um recuo de 0,19% no mês.
Saiba o que movimenta a bolsa nesta quarta-feira (1º):
PEC dos precatórios
Os investidores agora acompanham o início da última temporada dessa nada divertida série da PEC dos precatórios. O texto foi aprovado ontem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e deve seguir para o plenário entre hoje e amanhã, segundo o presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Pacheco pretende votar o texto ainda hoje, mas a proposta só pode ser votada após a sabatina de André Mendonça, indicado pelo presidente para vaga no STF.
A PEC abre cerca de R$ 106,1 bilhões no Orçamento para 2022, mas ainda existe muita incerteza sobre o fatiamento da proposta e se ela terá o apoio necessário dos senadores para ser aprovada. O texto é fundamental para que a proposta de substituto do Bolsa Família, o Auxílio Brasil, fique dentro do teto de gastos.
Como os senadores alteraram a proposta original, se ela for aprovada na próxima votação, a PEC deve seguir para votação em dois turnos na Câmara mais uma vez.
Guedes no radar e S&P mantém Brasil “estável”
Os investidores devem acompanhar os caminhos da PEC dos precatórios enquanto olham a participação de Paulo Guedes, ministro da Economia, em evento. Sem maiores indicadores pela frente, o avanço da variante ômicron e maiores detalhes sobre como combater a mutação do coronavírus devem ser acompanhados de perto pelos investidores.
Além disso, a agência de classificação de risco S&P Global manteve o rating BB- para o Brasil, com perspectiva de estabilidade. O relatório destaca o contorno no teto de gastos com a PEC dos precatórios como um fator de risco e reforçou a necessidade das reformas estruturais para acelerar a atividade econômica.
Cada um na sua
Enquanto o mundo aguarda maiores informações sobre a variante ômicron da covid-19, os investidores devem voltar seus olhos para suas próprias regiões.
Na Ásia, o Japão registrou uma alta no índice do gerente de compras (PMI, em inglês) industrial, que subiu de 53,2 para 54,5 em novembro. Ontem (30), o PMI industrial da China recuou de 50,6 para 49,9, mas o número contrasta com o dado oficial, que ficou em 50,1 no mesmo mês.
Já na Europa, as vendas do varejo alemão caíram, enquanto os dados de PMI da Zona do Euro e Reino Unido avançaram.
O susto com Powell
O foco do dia está em uma possível aceleração do processo de retirada de estímulos da economia norte-americana. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, e a Secretária do Tesouro, Janet Yellen, testemunham perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA.
No pregão de ontem, Powell injetou ainda mais cautela no mercado ao descartar o discurso de inflação transitória. o Fed deve agir para impedir que a alta da inflação se torne algo estrutural e que o ritmo de retirada dos estímulos monetários — o famoso "tapering" — pode ser revisto já na próxima reunião.
Por fim, o relatório ADP de empregos privados deve dar um panorama da situação do desemprego nos Estados Unidos, o que deve movimentar os negócios por hoje. O país enfrenta uma onda de protestos e demissões em massa, motivados pela exigência de vacinação e questões salariais.
Bolsas pelo mundo
Os principais índices asiáticos deixaram os temores envolvendo a variante ômicron em segundo plano e fecharam em alta, de olho nos resultados positivos dos dados macroeconômicos da região.
Na Europa, as bolsas também avançam e ensaiam uma recuperação após o primeiro-ministro inglês, Boris Johnson, descartar a imposição de um novo lockdown no país.
Por sua vez, os futuros de Nova York também avançam à espera de maiores informações sobre a variante ômicron, impulsionados pelo setor de commodities.
Agenda do dia
- França: OCDE divulga relatório de perspectiva econômica (7h)
- FGV: IPC-S de novembro (8h)
- Congresso Nacional: CCJ do Senado tem sessão para sabatinar André Mendonça, indicado ao STF (9h)
- Economia: PMI industrial de novembro (10h)
- Ministério da Economia: Ministro da Economia, Paulo Guedes, participa da divulgação da 5ª Certificação do Indicador de Governança IG-SEST, instrumento de avaliação contínua das estatais federais (10h)
- Estados Unidos: Relatório ADP de empregos privados em novembro (10h15)
- Estados Unidos: Presidente do Fed, Jerome Powell, e Secretária do Tesouro, Janet Yellen, testemunham perante Comitê de serviços Financeiros da Câmara (12h)
- Economia: Balança comercial de novembro (15h)
- Congresso Nacional: Plenário do Senado tem sessão em que pode ser votada a PEC dos precatórios (16h)
- Estados Unidos: Divulgação do Livro Bege (16h)
- Início do período de silêncio antes do Copom