O Ibovespa ontem trouxe à lembrança Luan, domingo, na semifinal do Campeonato Paulista contra o Palmeiras. O Corinthians perdia por 2 x 0 quando teve um pênalti a seu favor aos 40 minutos. Um gol naquele momento daria uma sobrevida ao Timão e, no mínimo, teria tornado o fim do jogo mais emocionante. Luan pegou a bola, chamou a responsabilidade para si, mandou no travessão e, no fim, nada mudou.
A bolsa brasileira viveu uma situação parecida pntem. O principal índice da B3 iniciou o pregão da véspera colado na marca dos 123 mil pontos, o penúltimo degrau psicológico antes da busca por novos picos históricos. Depois de alguma oscilação perto da estabilidade, o Ibovespa chegou a testar uma alta, mas perdeu o fôlego na reta final do pregão e subiu apenas 0,03%, indo a 122.976 pontos, batendo na trave dos 123 mil pontos pelo segundo dia seguido. Já o dólar caiu 0,22%, voltando à faixa dos R$ 5,25.
E a chance desperdiçada ontem talvez demore um pouco para ressurgir. Os mercados financeiros internacionais amanhecem hoje em modo de aversão ao risco, com os investidores novamente preocupados com pressões inflacionárias e superaquecimento em algumas economias centrais.
Fed divulga ata
O tema volta à tona com a expectativa em torno da ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve Bank (Fed, o banco central norte-americano). A divulgação ocorrerá somente às 15h. Meia hora depois, o presidente do Fed, Jerome Powell, concederá entrevista coletiva. Em resumo, os mercados financeiros tendem a passar o dia quase todo em modo de cautela.
Na ata, os investidores esperam encontrar na ata algum indício de quando o Fed poderá abandonar sua política de juro básico próximo de zero ou reduzir o tamanho de seu programa de compra de ativos. Desde o ano passado, porém, a autoridade monetária dos Estados Unidos tem sinalizado a intenção de ser mais tolerante com a inflação.
É relativamente fácil entender o motivo da preocupação dos investidores. Não fosse a colossal liquidez injetada pelos bancos centrais logo aos primeiros impacto da pandemia, com o Fed à frente de seus pares, o rali observado desde então nos mercados financeiros não teria ocorrido.
O fato é que os mercados financeiros em quase todo o mundo estão se sustentando na liquidez em um momento no qual a economia global não apenas patina, mas esboça uma recuperação desigual e repleta de incertezas. Portanto, qualquer sinalização de quando o Fed possa vir a começar a fechar a torneira da liquidez será vista como um alarme de que uma reversão estará por vir.
CPI da pandemia ouve Pazuello
Se a ata do Fed fosse a única preocupação dos investidores, estaria bom. Hoje, um dia depois do constrangedor depoimento do ex-ministro das Relações Exterior Ernesto Araújo, a CPI da pandemia ouvirá o general Eduardo Pazuello. Ou não.
O general tem a seu favor um habeas corpus que permite a ele que permaneça em silêncio para não se autoincriminar, mas pessoas próximas asseguram que ele tem a intenção de responder a todas as perguntas.
Não bastassem as escolhas duvidosas do Ministério da Saúde ao longo da pandemia, especialmente sob Pazuello, na noite anterior ao depoimento a Rede Globo veiculou reportagem revelando a assinatura de R$ 29 milhões em contratos sem licitação pelo Ministério da Saúde para reformas de imóveis supostamente urgentes. As suspeitas de irregularidades envolvem um militar próximo de Pazuello, que certamente não treinou para essa possibilidade.
MP da Eletrobras será votada hoje
Algum alívio pode vir da MP da Eletrobras. A Câmara dos Deputados deve votar hoje a medida provisória. Os jabutis, entretanto, foram mantidos. Entre as obrigações que o governo terá de cumprir para privatizar a estatal, está a contratação de 6 mil megawatts de termelétricas em diversas regiões do País e de pequenas centrais hidrelétricas, além de prorrogar os contratos de energia de eólicas contratadas no âmbito do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica. A consequência mais provável é o aumento do custo da energia para o consumidor final.