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Ações da Petrobras recuam 7% após novo “round” de atritos com Bolsonaro; bolsa opera em queda

Petrobras

Após alguns dias dominados pela cautela, a sexta-feira (19) começa mais ensolarada nos mercados internacionais. Mas o céu com nuvens carregadas no Brasil deve limitar os efeitos positivos por aqui. 

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Ontem, o Ibovespa recuou quase 1%, acompanhando a cautela no exterior e entrando no que parecia ser um estado de compasso de espera pelas decisões sobre o auxílio emergencial e as reformas, que ficaram para a semana que vem.

No entanto, o presidente Jair Bolsonaro voltou a assombrar o mercado com falas que indicam uma possível ingerência na Petrobras e colocam uma pressão ainda maior sobre a saúde fiscal do país. 

O resultado disso é que as ações da Petrobras despencaram 4% logo na abertura e o Ibovespa passou boa parte da manhã em queda firme. Uma melhora pontual em Nova York levou o principal índice da bolsa a reduzir a queda, mas a tendência não se sustentou por muito tempo.

Por volta das 17h10, o recuo era de 0,69%%, aos 117.867,96 pontos, após o presidente Jair Bolsonaro voltar a afirmar que a estatal passará por mudanças. Nos Estados Unidos, as bolsas passaram a operar mistas.

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O dólar também foi "vítima" da língua afiada do presidente, que se mostrou desconfortável com a cotação acima dos R$ 5. Mas, no momento, a moeda americana acompanha o efeito positivo de ingresso de recursos estrangeiros e a expectativa positiva no exterior por novos estímulos, o que enfraquece o dólar. No mesmo horário, a moeda recua 1,02%, aos R$ 5,3854.

O aumento da tensão se reflete também no mercado de juros futuros, que opera em alta nesta tarde. Confira as principais taxas do dia:

Vai dar o que falar

Em sua tradicional live de quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro mostrou o seu descontentamento com as ações recentes da Petrobras. Ontem, a companhia anunciou um reajuste no preço do óleo diesel e da gasolina, o que pode desagradar uma base de apoio importante para o presidente - os caminhoneiros. 

O presidente reagiu a uma fala do chefe da estatal, Roberto Castello Branco, que disse que a companhia não tem nada com os caminhoneiros, afirmando que haverá consequências e que "alguma coisa" irá acontecer nos próximos dias na estatal. O alerta para a interferência em uma das principais empresas do país foi mais uma vez ligado. 

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O presidente da República também afirmou que irá zerar os tributos federais que incidem no preço do diesel, com duração de dois meses, e sobre o gás de cozinha, de forma permanente. Segundo Bolsonaro, a ação tem a “benção” da equipe econômica e do ministro Paulo Guedes. No entanto, a declaração causa estranheza no mercado devido a situação fiscal do país. Até agora, a equipe econômica não se pronunciou sobre o anúncio. 

O Ibovespa até ensaiou uma recuperação com a melhora em Nova York, mas o presidente Jair Bolsonaro voltou a ameaçar a estatal com possíveis "consequências".

Durante um evento, em Pernambuco, o presidente disse que não irá interferir na política de preços da companhia, mas pediu que os reajustes sejam previsíveis. De acordo com o presidente. "O povo não pode ser surpreendido com certos reajustes. Faça-os, mas com previsibilidade, é isso que nós queremos”.

Tanto as ações ordinárias como as preferenciais da Petrobras aparecem entre as maiores quedas do dia, em quedas superiores a 6%. O IRB aparece na sequência, repercutindo os números do quarto trimestre. Confira os principais destaques negativos:

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CÓDIGONOMEVALORVARIAÇÃO
PETR3Petrobras ONR$ 27,34 -7,71%
PETR4Petrobras PNR$ 27,61 -6,51%
IRBR3IRB ONR$ 6,45 -3,01%
JHSF3JHSF ONR$ 7,24 -2,43%
MRFG3Marfrig ONR$ 14,51 -2,09%

A B2W, que ontem figurou entre as maiores quedas do dia é o principal destaque positivo. Com a vacinação ainda engatinhando no país e a situação do coronavírus se prolongando, as ações de e-commerces voltam a ganhar força. Confira também as maiores altas do índice:

CÓDIGONOME VALORVARIAÇÃO
BTOW3B2W ONR$ 88,40 6,51%
PCAR3GPA ONR$ 88,94 3,25%
AZUL4Azul PNR$ 43,56 2,98%
LAME4Lojas Americanas PNR$ 24,43 2,56%
TOTS3Totvs ONR$ 34,72 2,42%

Em segundo plano

O desenrolar das pautas no Congresso seguem em foco, mas devem ficar em segundo plano, com a atenção dos investidores voltadas para a Petrobras. 

Mas vale lembrar que acontece hoje a sessão para julgar a prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL). Ontem o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que o fato não deve atrasar o cronograma do Legislativo, mas os investidores desconfiam que a questão possa sim interferir no andamento das pautas econômicas. 

Ontem, o ministro Paulo Guedes e os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, se reuniram para discutir o andamento das questões. Após o encontro, os três se pronunciaram.

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Pacheco garantiu que a PEC Emergencial, que deve permitir a retomada do auxílio emergencial dentro do teto de gasto com a inclusão de uma "cláusula de guerra", será pautada na semana que vem, com a votação esperada para ocorrer na próxima quinta-feira (25). Já Lira afirmou que os trabalhos nas duas casas não serão paralisados com a prisão de Silveira.

https://twitter.com/ArthurLira_/status/1362451960788623360

Ah, os estímulos...

Lá fora, temos um dia mais ameno do que vimos ontem. Durante a madrugada, as bolsas asiáticas fecharam mistas, sem um sinal definido. 

Em reação a diversos medidores de atividade econômica na Europa, os PMIs, que vieram acima do esperado, os mercados no Velho Continente tentam buscar um viés mais positivo.

A sessão é de alta também nos Estados Unidos, onde as bolsas abriram em alta, refletindo a expectativa por novos estímulos e bons resultados trimestrais das companhias.

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Um dos principais fatores que alimentam o apetite por risco em Wall Street são as declarações recentes da secretária do Tesouro Americano, Janet Yellen.

Yellen afirmou que voltou a afirmar que estímulos fiscais e monetários em larga escala são necessários para a recuperação plena da economia e do emprego no país.

Os investidores também repercutem o relatório de política monetária divulgado pelo Federal Reserve. O documento será apresentado na próxima semana no Congresso americano e não contém grandes novidades, mas reforça que a entidade seguirá mantendo uma forte política de estímulos até que a crise herdada do coronavírus seja solucionada.

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