Se você pensa que inflação e crise energética são problemas exclusivamente brasileiros, está muito enganado.
Devido a uma série de fatores climáticos e geográficos, a Europa enfrenta uma crise no abastecimento de gás natural às vésperas do inverno, e a China eleva o seu consumo de petróleo, para compensar a redução do uso do carvão.
Com a perspectiva de uma inflação persistente, o mercado volta a precificar uma elevação dos juros mais rápida do que o inicialmente esperado. Acontece que a queda brusca vista nas bolsas globais ontem abriu espaço para que os investidores internacionais buscassem alguma recuperação. As bolsas europeias e americanas fecharam o dia com ganhos expressivos.
Mas, para alguns analistas, o movimento desta terça-feira (05) não indica uma mudança de tendência. O cenário lá fora segue conturbado. As pressões inflacionárias continuam em alta, e a crise energética deve trazer um novo choque de oferta para uma economia que mal se recuperou da crise do coronavírus.
No Brasil, a situação se deteriora mais um pouco. Temos nossa própria inflação em escalada e uma crise hídrica para lidar - e a MP que pode trazer algum alívio para a situação corre o risco de encarecer ainda mais a conta de energia elétrica. As indefinições sobre o futuro do Bolsa Família, da PEC dos precatórios e do auxílio emergencial também pesam.
Assim, o Ibovespa fechou o dia bem longe das máximas, mas ainda no azul, com um avanço de 0,06%, aos 110.457 pontos, mérito principalmente do setor financeiro, que teve um dia positivo.
A soma dos fatores externos e internos mostra um cenário cada vez mais desafiador para os países emergentes. Com isso, os juros futuros voltaram a operar em alta e o dólar à vista avançou 0,71% frente ao real, a R$ 5,4851.
- Janeiro de 2022: de 7,22% para 7,25%
- Janeiro de 2023: de 9,23% para 9,27%
- Janeiro de 2025: de 10,25% para 10,29%
- Janeiro de 2027: de 10,63% para 10,68%
Na Ásia, um feriado local mantém a bolsa chinesa fechada, mas os temores com o futuro da incorporadora Evergrande seguem em alta. Confira também alguns dos principais destaques do noticiário corporativo:
- Magazine Luiza (MGLU3) reformula área de moda e prepara lançamento de marca própria;
- Locaweb (LWSA3) paga R$ 176,5 milhões por plataforma de influenciadores digitais;
- Para o Itaú BBA e o Bank of America, é hora de aproveitar a queda e comprar Banco Inter.
Decepção do dia
Os dados econômicos mais aguardados devem ser divulgados no fim da semana, mas hoje foi dia de conhecer o resultado da produção industrial brasileira, que frustrou a expectativa dos analistas. O indicador recuou 0,7% em julho e em agosto, mas o esperado eram recuos de 0,4% e 0,1%.
Embora o peso das denúncias ainda seja incerto para o mercado, tanto a Câmara quanto o Senado convocaram o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, para explicarem a existência de contas offshore em seus nomes.
Sobe e desce do Ibovespa
Confira também as maiores altas:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
PCAR3 | GPA ON | R$ 25,40 | 7,22% |
BBAS3 | Banco do Brasil ON | R$ 30,42 | 4,18% |
AMER3 | Americanas S.A | R$ 30,30 | 3,17% |
SANB11 | Santander Brasil units | R$ 36,60 | 2,55% |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 29,44 | 2,26% |
Confira as maiores quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
BPAN4 | Banco Pan PN | R$ 14,44 | -6,66% |
CVCB3 | CVC ON | R$ 20,21 | -6,04% |
EMBR3 | Embraer ON | R$ 22,90 | -4,78% |
NTCO3 | Natura ON | R$ 43,29 | -3,80% |
GOLL4 | Gol PN | R$ 20,13 | -3,36% |
*Contribição de Nicolas Borsoi, economista da Nova Futura Investimentos, e Henrique Zimmermann, sócio e Head Nordeste da VLG Investimentos