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Mercado reduz aposta em alta da Selic no curto prazo após ata do Copom

Fachada do Banco Central do Brasil (BC); greve servidores

Os juros futuros dos depósitos interbancários (DI) recuam com força nesta terça-feira (15), refletindo a ata do Copom que reduziu o risco de uma alta de juros no curto prazo, segundo analistas, mostrando conforto do Banco Central com a inflação corrente e, mais importante, as projeções para 2021.

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A ata, assim, vai sustentando a queda das taxas futuras com a perspectiva de Selic parada no curto prazo, após "um mercado afoito" reagir na semana passada ao comunicado "hawkish" do comitê, disse o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.

"O mercado estava muito dovish para 2021 e aí, na semana passada, veio um BC mudando a comunicação para 2021 e sinalizando uma alteração mais rápida nos juros", diz Vale.

"Mas o BC sinalizou que a mudança, ou seja, uma alta da Selic não será rápida, não será em janeiro, não será no 1º trimestre", afirma o economista.

Em relatório assinado pelo economista-chefe, Mario Mesquita, o Itaú Unibanco avalia que, segundo as projeções do banco para a inflação do primeiro trimestre de 2021, o forward guidance deva ser abandonado apenas no outono (março a junho), que a alta de juros comece em agosto e que a taxa Selic encerre o ano em 3,5% ao ano.

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Por isso, o título do relatório do Itaú é "forward guidance durante o verão", uma referência à conservação da prescrição futuras para o rumo da Selic nos três primeiros meses de 2021.

Na ata, o Copom disse que considera deixar de usar a prescrição para a trajetória da taxa básica "em breve", mas ainda diz que a aceleração recente da inflação é resultante de choques temporários.

As expectativas para 2021 também indicam uma folga em relação à meta, embora as de 2022, ano que ganha peso no horizonte relevante do BC, estejam perto ou exatamente no centro da meta nos cenários apontados no documento.

"Com a inflação de 2021 ele está tranquilo, o ponto agora é que ele vai ter que aumentar o juro ano que vem de olho em 2022, e eu acho que vai ter que subir mais cedo do que a média do mercado acha", diz Eduardo Velho, sócio e economista-chefe da gestora JF Trust, que vê chance de alta de juros no primeiro semestre do ano que vem.

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Segundo Velho, o mercado reduziu para menos de 50% as chances de uma alta de 0,25 ponto na Selic em janeiro.

O economista também cita a fixação da meta fiscal em R$ 247,1 bilhões para 2021 como um fator que reduz a percepção de risco fiscal e afeta os juros dos DIs hoje, principalmente os de médio e de longo prazo.

O Ministério da Economia, no começo do ano, trabalha com a possibilidade de uma meta fiscal flexível, mas foi proibido pelo Tribunal de Contas da União de seguir com essa ideia.

Além disso, novo leilão do Tesouro Nacional que ofertou — e vendeu integralmente — 1,25 milhão de NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional série B), títulos públicos com rentabilidade atrelada ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), também pesou sobre as taxas.

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A leitura do mercado é que houve uma queda na oferta desses papéis após sucessivas ofertas de NTN-Bs, como a de 8 milhões no dia 3 de dezembro, que tinham muita procura em um contexto de aceleração da inflação no curto prazo.

"Havia se ampliado a demanda por títulos indexados ao IPCA naquela ocasião com a aceleração dos preços em dezembro por conta da bandeira vermelha da Aneel", diz Breno Martins, operador de renda fixa da MAG Investimentos.

Segundo Martins, a oferta reduzida é também explicada pela liquidez reduzida do fim de ano, a inflação de curto prazo que deve arrefecer após o efeito da bandeira vermelha e o grande número de NTN-Bs "já inundando o mercado".

Um forte movimento de queda se vê especialmente nos juros para janeiro/2023 — o vencimento para os títulos oferecidos hoje é em maio/2023. Os juros para janeiro/2022 têm queda similar, de 0,1 ponto percentual, aproximadamente.

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Veja as taxas dos DIs para os principais vencimentos agora:

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