O mercado financeiro reduziu a projeção para inflação medida pelo ICPA, de 2,52% para 2,23%, e passou a prever uma queda de 2,96% do Produto Interno Bruno (PIB) neste ano, segundo o Boletim Focus, do Banco Central, publicado nesta segunda-feira (20).
A publicação, que reúne semanalmente estimativas das instituições financeiras para os principais indicadores econômicos, aumentou a estimativa para o dólar: de R$ 4,60 para R$ 4,80. Na sexta-feira (17) a moeda era cotada a R$ 5,23.
A projeção para a Selic também foi alterada, de 3,25% para 3%. Um mês atrás a estimativa era que a taxa básica de juros terminasse o ano a 3,75% - patamar no qual se encontra hoje.
As instituições financeiras têm continuamente reduzido as projeções para a economia brasileira diante da crise provocada pelo novo coronavírus. As políticas de isolamento demandadas também impactam nas estimativas para a inflação e Selic.
Segundo o chefe do Centro de Estudos Monetários do FGV IBRE, José Júlio Senna, a crise pode ter tirado o receio do BC de promover mais um corte na Selic, mas a deterioração das contas públicas impede uma taxa abaixo de 3%.
Ele diz que um excesso de gastos pode alterar a expectativa para a inflação e hoje há um temor de que as despesas permitidas para enfrentar o coronavírus se tornem permanentes. Uma das principais pautas do Congresso é uma ajuda bilionária aos Estados e municípios, mas ainda há incerteza sobre como serão os gastos.
Ao alterar a Selic o Banco Central busca alcançar a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), estipulada em 4% para 2020. Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 3,30%.
Na madrugada nesta segunda-feira (20), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, avaliou em entrevista ao SBT que a atividade econômica se deteriorou desde a última redução da Selic, em março. Mas disse que a próxima reunião levará em conta vários fatores.