Após um período bastante positivo para as ações de varejo, muitos investidores começaram a se questionar se os papéis não estavam muito caros e se o movimento não parecia exagerado. Mas, para o analista Pedro Fagundes, da XP, a resposta para essa pergunta é não.
Em relatório divulgado hoje (22), ele disse que o prêmio de risco para o setor melhorou bastante em um ano, apesar de as varejistas estarem negociando a um P/L médio em 12 meses que é 40% maior do que a sua média histórica.
Para o analista, a alta nos múltiplos é reflexo do aumento das expectativas dos investidores com a melhora do consumo e expansão das varejistas. Mas ponderou que, ao mesmo tempo, tal fato diminui a margem de erro por parte das empresas.
Ao citar as companhias preferidas entre as varejistas que cobre, Fagundes destacou que as maiores apostas estão em Via Varejo (VVAR3), Lojas Renner (LREN3) e Vivara (VIVA3).
Não é à toa. De olho no potencial de alta para os papéis, o analista também aumentou o preço-alvo para as ações das três companhias. No caso da Via Varejo, agora o preço-alvo em 12 meses é de R$ 17, anteriormente o valor era R$ 12.
Já o preço-alvo para os papéis da Lojas Renner subiu para R$ 66, sendo que antes era R$ 64. Para os papéis da Vivara, a expectativa agora é que eles cheguem aos R$ 38 em 12 meses. Anteriormente, o preço-alvo para eles era de R$ 30. As demais ações com recomendação de compra permaneceram com o preço-alvo inalterado.
Melhora do prêmio de risco
Segundo ele, uma das razões para que a aposta no setor continue alta é que o prêmio de risco melhorou. No relatório, Fagundes disse que a recente alta dos preços gerou um aumento significativo dos múltiplos do setor.
O analista destacou que o múltiplo P/L médio de 12 meses atingiu 27,5x contra o valor de 24x registrado dois meses atrás, enquanto as estimativas de lucro das empresas para os próximos 12 meses aumentaram em média 2% nos últimos dois meses.
Só que, ao calcular o múltiplo P/L de 12 meses e o rendimento de lucro ajustado ao risco, ele percebeu que o prêmio de risco cresceu nos últimos 12 meses mesmo com a alta expressiva no preço das ações.
Isso ocorreu porque houve uma redução nas taxas de juros e no risco-país, o que gerou uma queda relevante do custo de oportunidade e do risco de investimentos no País.
Segundo ele, a situação atual é o oposto do que foi observado em 2017, o que mostra que a expansão dos múltiplos hoje é mais sustentável e saudável.
Agora, os principais fatores que dão suporte a essa tese são a combinação da queda da Selic por um tempo maior junto com um cenário de inflação controlada e de retomada do crescimento econômico.
Olho nas queridinhas
Ao falar sobre as maiores apostas do setor, Fagundes destacou que a recomendação de compra para Via Varejo está ligada à perspectiva de forte crescimento para a empresa no quarto trimestre e nos seguintes.
Ontem, o analista disse que o grande destaque da companhia deve ser a recuperação significativa do crescimento de vendas totais nos canais on-line. Outro ponto que chama a atenção do especialista é a reforma que a entrada da família Klein provocou na companhia e que já está gerando resultados.
As ações da Via Varejo terminaram o pregão desta quarta-feira em alta de 4,75%, cotadas em R$ 15,00. Nos últimos 12 meses, os papéis da companhia apresentaram alta de 204,26%.
Já ao comentar sobre as apostas em Vivara e Lojas Renner, ele pontuou que o grande diferencial das duas está na maior visibilidade dos resultados.
As ações da Vivara fecharam o pregão desta quarta-feira em queda de 1,16%, cotadas em R$ 30,75. Já os papéis da Lojas Renner terminaram o dia com alta de 1,53%, negociados a R$ 59,85.
O analista ainda disse que, apesar de ver as ações do Grupo Pão de Açúcar e da C&A Brasil negociando a múltiplos P/L descontados (17,7x e 20,7x, respectivamente), os resultados de curto prazo das companhias devem ser fracos e, por isso, ele recomendou cautela para ambos. As duas companhias também apresentam recomendação de compra.