Depois de um dia em que os mercados globais foram embalados pela esperança em uma recuperação rápida da economia, a terça-feira começa em um tom mais cauteloso, com os investidores absorvendo as incertezas que podem prejudicar a tão sonhada recuperação em V.
Nos Estados Unidos, o avanço do coronavírus pode ser um obstáculo para a retomada da economia, já que novas medidas de isolamento estão sendo adotadas nos estados mais afetados. Na Europa, cortes na projeção de crescimento da União Europeia e dados fracos da produção industrial alemã também ameaçam as expectativas de recuperação.
No Brasil, o exterior cauteloso deve ditar o ritmo dos negócios. Por aqui, os investidores também devem repercutir a entrevista dada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, à Record News. Campos Neto afirmou que a instituição vê uma recuperação em formato mais rápido do que visto anteriormente. Também é aguardado para hoje a divulgação do resultado do novo teste de covid-19 realizado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Esperanças
A leitura de que o governo chinês pretende continuar estimulando o mercado financeiro e de que a economia global caminha para uma 'recuperação em V' sustentou a alta das bolsas globais nesta segunda-feira.
Com o clima de otimismo visto no exterior e sem maiores novidades por aqui, o Ibovespa seguiu o mesmo caminho e encerrou o dia com forte alta de 2,24%, aos 98.937,16 pontos.
Mesmo com o apetite para risco em escala global, os investidores também seguem procurando refúgio no dólar, já que ainda falamos de tempos incertos. A moeda americana terminou o dia em alta de 0,61%, a R$ 5,3413.
Fim da euforia?
Se ontem as fortes altas prevaleceram no mercado, hoje o clima é totalmente diferente. A euforia com a recuperação econômica deu lugar às incertezas.
As bolsas chinesas seguiram ampliando os ganhos vistos no dia anterior, mas no restante do continente a cautela ditou o tom.
Nesta manhã, os principais mercados europeus e os índices futuros em Nova York também realizam parte dos lucros obtidos nos últimos dias.
Em primeiro plano está a preocupação com os novos casos de coronavírus nos Estados Unidos. A situação da doença no país pode ser um obstáculo para a tão sonhada recuperação em V, já que novas medidas de isolamento e restrição da atividade devem ser impostas para tentar controlar a doença.
Segundo os dados da Universidade Johns Hopkins, o país ultrapassou a marca dos 130 mil mortos. Na Flórida, um dos estados mais afetados pela doença, medidas de isolamento que haviam sido relaxadas em maio voltaram a entrar em vigor.
Outro fator que puxa os mercados para baixo nesta manhã é o corte na projeção de crescimento feito pela União Europeia para a zona do euro. Segundo as novas estimativas, a queda na economia será de 8,7% - a estimativa anterior sugeria queda de 7,7%. Na região, a produção industrial da Alemanha, maior economia do bloco, cresceu abaixo das previsões, indo a 7,8% em abril.
Recuperação acelerada
Em entrevista à Record, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afimou que o BC enxerga uma recuperação econômica em um formato mais rápido do que o inicialmente projetado e que o pior já ficou para trás.
Campos Neto também destacou que embora a projeção da instituição seja de queda de 6,4% no PIB, 'o mais provável é que seja melhor que isso'.
O presidente do BC também voltou a destacar o último comunicado da instituição, que prevê haver espaço para um corte residual na Selic.
Coronavírus no Planalto
O presidente Jair Bolsonaro deve apresentar hoje o resultado de um novo teste de coronavírus, realizado nesta segunda-feira, após o presidente apresentar sintomas da covid-19.
Bolsonaro teve febre de 38°C e disse estar fazendo uso da hidroxicloroquina.
Boletim médico
O Brasil tem 1,6 milhões de infectados por coronavírus. Nas últimas 24 horas, 656 mortes foram registradas no país, totalizando 65,5 mil.
Agenda
No Brasil, os investidores monitoram hoje a votação da medida provisória 925, que prevê socorro ao setor aéreo, na Câmara.
O destaque na agenda internacional desta terça-feira são os pronunciamentos dos dirigentes do Federal Reserve e o relatório sobre empregos Jolts (11h) nos Estados Unidos.
Fique de olho
- A Azul iniciou plano de demissões e mais de 2 mil funcionários já aderiram aos programas de demissão, aposentadoria e licença não remunerada. Segundo o Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), mais de mil trabalhadores já foram dispensados desde a semana passada.