Ouvir ou não ouvir o Oráculo de Omaha? Eis a questão. Quem conhece Warren Buffett sabe que ele não acumulou uma das maiores riquezas do planeta por acaso.
O megainvestidor sabe como poucos avaliar uma estratégia bem-sucedida de negócios para entrar com tudo (ou pular fora) em um investimento na hora certa.
Agora imagine que você esteja na linha de frente de uma empresa da qual o magnata seja dono de uma fatia de 10%. Ou, digamos, de nada desprezíveis US$ 19,5 bilhões.
Ouvir o que Buffett tem a dizer, nesse cenário, deixaria de ser apenas uma questão de bom senso. Afinal, que empresa quer uma gestora como a Berkshire Hathaway dando adeus a seus papéis?
Pois bem, se você leu o título dessa matéria, já sabe que a empresa em questão é a Coca-Cola, e que Buffett anda um pouco preocupado com a imagem da companhia.
Todo esse descontentamento pode se resumir a uma palavra tão polêmica quanto... se você pensou em “maconha”, acertou.
Em entrevista à Fox Business nesta sexta-feira (3), o lendário investidor e seu sócio, Charlie Munger, disseram que seria “um erro para a Coca-Cola entrar na negócio de maconha e cannabis”. Segundo eles, a fabricante tem uma “imagem saudável”, e a entrada no ramo poderia ser prejudicial para ela.
A preocupação de Buffett tem origem em uma série de reportagens do ano passado. Em setembro, a Bloomberg noticiou que a gigante estava de olho no setor de bebidas com infusões de derivados de maconha. A sondagem teria acontecido após a entrada de concorrentes no jogo.
Um mês depois, a Coca-Cola negou conversas com empresas do setor. Executivos da gigante de alimentos também desmentiram rumores de que ela estaria mirando novos horizontes.
Buffett também erra
Embora Warren Buffett seja tido (merecidamente) como espécie de divindade do mercado financeiro, o próprio bilionário tem o hábito de assumir seus erros.
Inclusive, na última sexta-feira (3), disse ter sido um “idiota” por não ter comprado ações da Amazon, gigante de e-commerce de Jeff Bezos, no passado.
Recentemente, afirmou também que ele e os brasileiros do fundo 3G, fundadores da Ambev, acabaram pagando caro demais quando ajudaram a Kraft a comprar a concorrente Heinz.
Estaria o Oráculo de Omaha errado também sobre o mercado de maconha?
Mercado em expansão
Já faz algum tempo que maconha deixou de ser um termo restrito às páginas policiais dos noticiários. Depois de ganhar projeção nos mercados medicinal e farmacêutico como base para tratamentos alternativos, a erva passou aos holofotes de peixes grandes que apostam em ganhar dinheiro com seu uso recreativo.
A legalização em países como o Canadá e em vários estados dos EUA levou players às bolsas de valores. E tem atraído investidores de toda a parte.
No setor de bebidas, o pontapé inicial veio em 2017. À época, a Constellation Brands, ninguém menos que a dona da cerveja Corona, adquiriu 9,9% da Canopy Growth. Trata-se da maior produtora de maconha do mundo. Pouco depois, a empresa mais que triplicou sua aposta.
Desde então, players como Ab Inbev, Diaego e a queridinha de Buffett Coca-Cola sinalizaram movimentações no setor. No mercado de tabaco, o interesse pela erva não tem sido diferente.
Em 2018, a Altria, dona da Marlboro, fez uma aquisição bilionária no setor. Afinal, o mercado consumidor está mudando e os grandes players já sentiram a necessidade de se posicionar.
Dá para investir?
O investidor de varejo que tem interesse em investir no setor pode fazê-lo dentro da lei por meio de ETFs, fundos que replicam índices e são negociados em bolsa. Nessa reportagem, o Seu Dinheiro explica tudo sobre essa modalidade e como você pode investir no ouro verde.