Em entrevista ao “Valor Econômico” e em evento promovido pela “Folha de S.Paulo”, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez um alerta de que o governo está perdendo a batalha da comunicação, essencial para a aprovação da reforma da Previdência, e um pedido de ajuda a Jair Bolsonaro e seus apoiadores, para que mobilizem as redes sociais em defesa do projeto.
Maia já chamou para si a responsabilidade de defender a reforma na Câmara e em entrevista na portaria do Ministério da Economia, ao lado do ministro Paulo Guedes, foi enfático ao dizer que o problema não é a reforma, mas sim “as mentiras que se falam sobre a reforma”.
Ao “Valor”, Maia reclamou da falta de postura do governo e do próprio presidente em “dar discurso” aos seus apoiadores. Para Maia, o próprio Bolsonaro tem de ir “para as redes” e fazer uso de sua capacidade de comunicação “simples e objetiva” para rebater as críticas nem sempre verdadeiras contra a reforma.
O presidente da Câmara está disposto a ir para essa batalha e usa termos contundentes em suas falas sobre o tema. Mas parece preocupado que uma campanha de comunicação contrária à reforma volte a tomar proporções vistas na época de Michel Temer, algo que contribuiu para a derrota do projeto.
Maia também deixou claro os pontos que acha sensíveis no texto enviado pelo governo. São eles, a mudança no BPC, pago ao idosos em situação de miserabilidade, a modificação da previdência rural e o aumento do tempo mínimo de contribuição.
Na entrevista ao “Valor”, Maia voltou a fazer um aceno à oposição, mais claramente ao PDT, ao comentar sobre a possibilidade de o deputado Mauro Benevides Filho presidir a comissão especial de avaliação da reforma.
Mauro Filho é um estudioso sobre previdência, mas em conversa com o Seu Dinheiro, na semana passada, explicou que o seu partido ainda não tinha fechado uma posição sobre o tema.
Pode-se gostar ou não de Maia, mas dentro desse atual deserto de lideranças políticas, o deputado vem conquistando espaço cada vez mais importante na articulação política de medidas relevantes não só para o governo atual, mas os próximos nos quais certamente ele também fará parte.
O que se percebe ao longo da conversa com o “Valor” e outras manifestações recentes de Maia é que ele está pedindo para Bolsonaro assumir seu papel de presidente e ajudar a liderar, também, a articulação política e com a sociedade.