Melhora recente da atividade, saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), forte redução do juro e recuperação puxada pelo setor privado embasam a melhora nas projeções de crescimento da economia feitas pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia.
Para 2019, o crescimento deve ser de 0,90%, pouco acima do 0,85% estimado no começo de setembro. Para 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,32%, contra prognóstico anterior de 2,17%, formulado em julho. Para os anos seguintes (2021 a 2023) a projeção foi mantida em 2,5%. Para dar um parâmetro, a mediana do mercado, captada pelo Focus, está em 0,92% para 2019 e 2% para 2020.
Em sua apresentação, o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, ressaltou que é o PIB do setor privado que vem liderando o crescimento, comprovando tese defendida pelo ministro Paulo Guedes desde sua chega ao governo.
“A grande mensagem é que o mix de crescimento foi alterado. É o setor privado que puxa o crescimento. Abandonamos o sistema no qual o governo escolhia campeões e puxava o crescimento. Agora o investimento vai para onde ele é mais produtivo, mais eficiente”, disse o secretário.
Sachsida também chamou atenção para o impacto da aprovação da reforma da Previdência na redução do risco-país e melhora no ambiente de negócios.
Otimismo?
Segundo o secretária, nesse ano, a projeção da SPE é menos otimista que o Focus. Para ele, quanto se olha a previsão para o futuro, é importante olhar a tendência, não só o número.
"Acho que o Focus já, já converge para o nosso número. Instituições privadas, de renome, já trabalham com 3%. Se você levar isso em conta, estamos até pessimistas. Não acho 2020 otimista, acho até uma estimativa bem conservadora, no perfil da SPE", disse.
O Boletim MacroFiscal apresentado nesta quinta-feira traz alguns estudos da SPE mostrando o aumento do investimento do setor privado e sustentando que passamos por uma consolidação fiscal expansionista, a redução dos gastos do governo contribui para a retomada do crescimento (contrariando a ala Keynesiana, que quer mais gastos para reativar a economia). Veja aqui a apresentação dos dados.
Cessão onerosa
Na entrevista, o secretário foi bastante questionado sobre o resultado do leilão da cessão onerosa, que não teve investimentos de empresas estrangeiras. Segundo Sachsida, tinha uma riqueza enorme que não saia do fundo do mar “por problemas associados ao passado”.
“Tinha um problema difícil, anos parado, e esse nó foi desatado. Esse não é um mérito pequeno”, disse.
Novamente questionado se o resultado do leilão não seria sinal de falta de confiança do setor privado, Sachsida disse: “De maneira nenhuma”. Antes, o secretário já tinha argumentado que a Petrobras é investimento privado.
Para o secretário, temos de olhar outras questões, como o formato do leilão e o modelo de partilha. No entanto, ponderou que a SPE não é o órgão que fala de petróleo.