Desvendando o mercado do ‘ouro verde’: como investir legalmente em maconha
Mercado legal da maconha deve movimentar US$ 57 bilhões no mundo até 2027, segundo a “Forbes”; EUA e Canadá são os destinos mais recorrentes desses investimentos

Você já pensou em investir em maconha? Já faz algum tempo que a cannabis foi incorporada ao mercado financeiro, sempre ágil em buscar novas oportunidades de ganhar dinheiro. E você também pode lucrar com o "boom" desse setor. Quero te mostrar como é possível explorar esse mercado de forma legal no Canadá e nos Estados Unidos, onde uma indústria de produtos derivados da cannabis não para de crescer.
Só pra deixar claro e evitar confusão: no Brasil, o porte e a comercialização da maconha é ilegal. Mas isso não te impede de investir lá fora (vou falar mais sobre aqui embaixo).
Aliás, até 2022, a expectativa é que esse mercado movimente US$ 23 bilhões só nos EUA, segundo estima a “Arcview Market Research”. No mundo, o valor deve chegar aos US$ 57 bilhões em 2027, segundo a "Forbes". As razões que devem levar a esse “boom” estão ligadas a uma tendência na flexibilização das regulamentações, tornando esse mercado mais comum e promissor.
E por ter uma legislação um pouco confusa em alguns países, o investidor estrangeiro pode se sentir ainda mais perdido. Conversei com especialistas no assunto para não lhe restar dúvidas e para que, após esta leitura, você consiga diversificar sua carteira internacional, deixando-a mais "verde".
Antes de mais nada, você precisa saber que:
- A maconha é comercializada para dois tipos de usos: medicinal e lazer;
- No momento de publicação desta matéria, o porte e uso da maconha recreacional era legalizada em 10 estados nos EUA, enquanto a medicinal já é liberada em 33;
- No Canadá e no Uruguai, o porte limitado e a comercialização de maconha é legalizada a nível federal;
- As empresas que abriram capital nas bolsas desses países fazem parte da cadeia do setor, que se divide em plantações, tecnologia e fornecimento dos produtos;
- A legislação nacional não proíbe brasileiros de investirem em ações de empresas ligadas à cannabis de forma devidamente legal no exterior.
O setor funciona da seguinte forma:
- Plantadores: Essas empresas, como é o caso da Canopy Growth, cultivam a maconha geralmente em estufas, colhem e distribuem os produtos aos consumidores finais.
- Empresas de biotecnologia - Focam no desenvolvimento de drogas que têm como base a cannabis. Esse é o caso da GW Pharmaceuticals, por exemplo.
- Fornecedores de produtos e serviços - Essas empresas fornecem equipamentos aos plantadores que facilitam no processo de desenvolvimento dos produtos e na experiência do usuário. Esse é o caso da empresa Scotts Miracle -Gro, por exemplo
Em quais países posso aplicar?
Os EUA e o Canadá são os destinos mais recomendados para esses tipos de investimento. Portanto, vou focar as dicas nesses dois países. Se tiver alguma dúvida em relação a outros lugares, diga-me nos comentários.
Como aplicar?
Existem algumas formas. Primeiro, é necessário ter o mínimo conhecimento em renda variável no exterior. A maneira mais indicada de entrar nesse mercado é a partir de algum ETF já que, dessa forma, você corre menos risco. Só para te lembrar, os ETFs são fundos que espelham a carteira de um índice. Alguns famosos índices da maconha são HMMJ, no Canadá, ou o MJ, nos EUA.
Leia Também
Felipe Miranda: O elogio do vira-lata (ou sobre small caps brasileiras)
Quando você se sentir mais seguro para aplicar direto nas ações das empresas, vale sempre pesquisar as que são maiores no setor. Em geral, são elas que têm mais chances de se consolidar (te dou alguns exemplos aí embaixo). Existe sim, a possibilidade de uma empresa nanica despontar, mas é um investimento bem mais arriscado.
Quais as ações mais recomendadas?
Para facilitar sua vida, fui buscar as empresas mais estabelecidas no ramo e que têm mais recomendações de analistas:
De forma indireta...
Alguns investidores ainda se sentem inseguros em investir em empresas ligadas à maconha. E, por isso, algumas delas acabaram agindo para se despontar como as mais seguras do setor. Esse é o caso da norte-americana Constellation Brands, gigante no ramo de bebidas alcoólicas na lista da Fortune 500, que comprou 38% do capital da canadense Canopy Growth Corporation.
Os holofotes logo se viraram para a Canopy, que se tornou a queridinha entre investidores do setor, especialmente porque ela detém desde o cultivo à extração e produção final de produtos derivados da maconha. Seu valor de mercado é de 13,209 bilhões de dólares canadenses (o equivalente a R$ 37 bilhões, nas cotações atuais), segundo a Bloomberg. A empresa tem parceiros ao redor do mundo, inclusive no Brasil, onde atua em conjunto com a Entourage Phytolab, de Valinhos, no interior de São Paulo.
Aproveitando que a Anvisa reconheceu as propriedades terapêuticas da cannabis em 2015 para doenças como Parkinson e Epilepsia, a empresa se instalou como pesquisadora no setor à espera de uma legislação mais flexível para começar a vender medicamentos baseados na planta.
Hoje, a agência já libera alguns deles produzidos no exterior, mas o processo é burocrático, já que a avaliação é feita caso a caso.
Made in Brazil
A meta da Entourage é conseguir levar esses medicamentos às prateleiras das farmácias brasileiras em 2021 para fazer frente aos gringos.
O fundador da Entourage, o advogado Caio Santos de Abreu, me disse que o grande desafio por aqui continua sendo a legislação e o fato de os médicos ainda se sentirem receosos em receitar esse tipo de medicamento. Mas está positivo em relação ao futuro, independente da conjuntura política atual.
"Não vejo crescimento da venda desses produtos ao mercado de massa aqui, mas somos procurados por acionistas constantemente e já pensamos na possibilidade de abrir capital na bolsa canadense no futuro", conta Abreu.
Desde o início das operações, a startup brasileira recebeu aportes de US$ 5 milhões e desenvolveu parcerias pela América Latina, onde as legislações já são mais avançadas principalmente em termos medicinais, como Chile, Colômbia e Uruguai.
Quem também vem surfando nessa onda é a Innovative Industrial Properties, que mexe com o mercado imobiliário desse setor. Aproveitando a falta de crédito que muitas empresas se deparam nessa área, a Innovative serve como uma fonte de capital para empresas que já têm um histórico nos EUA, adquirindo e alugando os imóveis dos quais elas estão instaladas. O valor de mercado da companhia subiu 151% no ano, a US$ 449 milhões.
A nova 'bitcoin'?
O potencial da maconha é alto e não sou eu quem digo. Diversas consultorias ao redor do mundo, como já aconteceu anteriormente com o bitcoin, também acreditam no crescimento do setor. Esse é o caso da RBC Capital Markets, que estimou, em um relatório divulgado em novembro, um aumento de 17% no setor nos próximos 10 anos.
A consultoria Arcview, que também é considerada referência no assunto, prevê um crescimento exponencial do setor até 2022, quando o gasto global da maconha legal deve chegar a US$ 32 bilhões (cerca de R$ 124 bilhões de reais).
Esse otimismo se dá, em grande parte, pela flexibilização das legislações que permitem a atuação dessas empresas. A má notícia é que, como o novo governo no Brasil é bem conservador em questões ligadas ao tema, a situação por aqui não deve mudar muito.
Aliás, só no ano passado, o número de adultos com acesso legal à maconha para uso recreativo avançou de 17 a 75 milhões com a incorporação do Canadá e da Califórnia aos estados norte-americanos e ao Uruguai, onde já é liberado.
Só para lembrar, até a publicação desta matéria, nos EUA o uso da maconha recreacional era liberada nos estados de Washington, Oregon, Califórnia, Nevada, Colorado, Michigan, Vermont, Massachusetts e Maine. No caso do uso medicinal, entram os estados Utah, Arizona, Novo México, Montana, Dakota do Norte, Minnesota, Oklahoma, Missouri, Arkansas, Los Angeles, Illinois, Flórida, Ohio, Virgínia do Norte, Pensilvânia, Nova York, New Jersey, Delaware e Rhode Island.
Questões políticas em volta do tema
Outros aspectos a se considerar ao investir no mercado da cannabis são as questões legais e políticas ao redor do tema. Enquanto no Canadá os produtos derivados da planta já contam com uma "proteção" federal, nos EUA, a maconha é legal apenas em alguns estados.
É legal aplicar mesmo estando no Brasil?
Se você aplicar em um país onde o investimento é legal, sim. Para ser ainda mais claro: a legislação brasileira não tem uma proibição explícita de que brasileiros não possam aplicar em ações ligadas a empresas que mexam legalmente com cannabis no exterior.
Conversei com alguns advogados que me disseram não ver, no âmbito legal, problemas com esses investimentos no exterior e no retorno dos dividendos.
“Não vejo empecilhos em trazer os dividendos para cá, desde que sejam de países e empresas legalizadas. Também não deveria haver problema algum em declará-los à Receita Federal", explica Carla Rahal Benedetti, advogada criminalista e sócia da Viseu Advogados.
Já para a especialista em direito e processo penal, Anna Julia Menezes, da Vilela, Silva Gomes & Miranda Advogados, o investidor deve ficar atento aos riscos desse tipo de aplicação. “Se algo der errado, você não terá a ajuda da CVM, já que a aplicação foi feita sobre regra de outro país”, explica.
Portanto, além de monitorar o desempenho das empresas que pretende aplicar, é necessário ficar de olho na legislação do país (e no caso dos EUA, no estado) em que a empresa possui sede.
Como investir lá fora?
O melhor caminho é abrir a conta em uma corretora no exterior, já que muitas delas estão preparadas para receber clientes estrangeiros. Como te conto nessa matéria, nos EUA, cada corretora tem um requisito para autorizar a abertura de conta, como um depósito inicial que pode variar de US$ 500 a US$ 2.000, por exemplo.
A maioria também permite que o processo seja realizado online. No Canadá, não é diferente. Na maioria das corretoras você precisará ter um passaporte (como comprovante de identidade) e comprovante de endereço do Brasil. Além disso, será necessário comprovar a licitude dos valores que você pretende transferir para sua conta.
Ações das farmacêuticas passeiam na montanha-russa de Trump após ordem para cortar preços de remédios em 59%
De acordo com especialistas, uma nova pressão sobre os preços dos medicamentos pode ter um impacto significativo nas receitas do setor
Cenário dos sonhos para a bolsa: Dow Jones dispara mais de 1 mil pontos na esteira de acordo entre EUA e China
Por aqui, o Ibovespa teve uma reação morna, mas exportações brasileiras — especialmente de commodities — podem ser beneficiadas com o entendimento; saiba como
Onda de euforia nas bolsas: Ibovespa busca novos recordes na esteira do acordo entre EUA e China
Investidores também estão de olho no andamento da temporada de balanços e na agenda da semana
Agenda econômica: Fim da temporada de balanços do 1T25 e divulgação de PIBs globais movimentam a semana
Além dos últimos resultados da temporada, que incluem os balanços de BTG Pactual, Petrobras, Banco do Brasil e Nubank, a agenda traz a ata do Copom e dados do PIB na Europa e no Japão
Trump e Xi chegam a acordo melhor do que se esperava para arrefecer guerra comercial e mercados amanhecem eufóricos
Tarifas bilaterais sobre a maioria dos produtos passarão por um corte de 115 pontos porcentuais, mas ainda faltam mais detalhes sobre o acordo
Ficou para amanhã: o resultado da reunião entre EUA e China para colocar fim à guerra de tarifas de Trump
Representantes norte-americanos e chineses se encontraram por dois dias na Suíça, mas o resultado das conversas só será detalhado na segunda-feira (12); por enquanto, o que se sabe é que houve progresso
Uma viagem cheia de riscos: o que está por trás da visita de Donald Trump aos países do Golfo e por que Wall Street está de olho
A viagem do presidente norte-americano começa na terça-feira (13) e chama atenção não só pelas tensões geopolíticas — titãs da bolsa americana acompanham de perto as visitas
Bilionários que se cuidem: Trump coloca aumento de impostos sobre os mais ricos no topo da lista
A última sinalização do presidente norte-americano nessa direção veio na sexta-feira (10), quando apoiou nas redes sociais a ideia de taxar os bilionários nos EUA — ainda que os colegas de partido se oponham à proposta
Ainda não foi dessa vez: sem acordo, negociações comerciais entre EUA e China vão continuar
Representantes de Washington e Pequim estiveram reunidos na Suíça neste sábado (10) em busca de entendimento sobre as tarifas, mas não chegaram a uma conclusão — conversas continuam neste domingo (11)
Dedo na cara: a nova crítica de Lula a Trump após viagem à Rússia e encontro com Putin
O presidente brasileiro deixou Moscou neste sábado (10) rumo a outro destino que deve desagravar bastante o republicano: a China
Por um fio da guerra nuclear: Trump anuncia cessar-fogo total e imediato entre Índia e Paquistão
Os dois países estavam lançando ataques contra as instalações militares desde quarta-feira (7), levando os EUA a pedirem para que os vizinhos iniciassem negociações e apaziguassem o conflito, o mais intenso desde 1999
Agora é para valer: tarifaço de Trump pega a China em cheio — veja quais são as primeiras empresas e produtos taxados em 145%
Os navios com itens importados da China começaram a atracar nos EUA em meio ao início das negociações entre os dois países para tentar colocar fim à guerra comercial
Fundo Verde bate o CDI: as apostas certeiras de Stuhlberger no mês de abril
A Verde Asset considerou que abril teve um ritmo acelerado nos mercados e ampliou a posição do fundo em criptoativos, ouro e moeda chinesa
Bitcoin (BTC) toca US$ 104 mil, ethereum (ETH) dispara e criptos miram novos patamares com sinais de trégua comercial
Alívio geopolítico nesta semana eleva o apetite por risco, aproxima o bitcoin de novos recordes e impulsiona o ethereum a uma alta de 26,71% em sete dias
Haddad vê espaço para negociações com os EUA sobre tarifas e diz que o Brasil está bem posicionado para uma cooperação regional
Em evento, o ministro da Fazenda falou sobre a conversa que teve com o secretário do Tesouro americano e disse que ele reconheceu a “anomalia” de taxar um país que mais compra do que vende para os EUA
Nem França, nem Itália: o país que bebeu mais vinho em 2024 foi…
Levantamento apontou os 10 países que consumiram mais vinho em 2024, em meio a queda do consumo global da bebida
Uma janela para a bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de IPCA e sinais de novo estágio da guerra comercial de Trump
Investidores também repercutem a temporada de balanços do primeiro trimestre, com destaque para os números do Itaú e do Magazine Luiza
Como o ator Mel Gibson pode salvar a Austrália das garras de Trump
Apesar de ter desempenhado papéis de peso em filmes como Máquina Mortífera e Mad Max, é outra condição que credencia o astro de Hollywood a tentar convencer o presidente norte-americano dessa vez; entenda essa história
Bitcoin (BTC) volta aos US$ 100 mil e mercado cripto mira novos recordes
Anúncio de acordo comercial entre EUA e Reino Unido, somado ao otimismo com uma possível negociação entre Trump e Xi Jinping, impulsiona criptomoedas a patamares não vistos há meses
Trump anuncia primeiro acordo tarifário no âmbito da guerra comercial; veja o que se sabe até agora
Trump utilizou a rede social Truth Social para anunciar o primeiro acordo tarifário e aproveitou para comentar sobre a atuação de Powell, presidente do Fed