O tradicional salão onde um dia funcionou o pregão da Bolsa de Valores de São Paulo abrigou um desfile de moda na manhã desta segunda-feira. Quem transformou a sede da B3 em passarela foi a C&A, durante o evento que marcou a estreia das ações da varejista na bolsa.
O IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) da C&A movimentou um total de R$ 1,63 bilhão. A empresa vendeu suas ações no preço mínimo da faixa indicativa, que variava de R$ 16,50 a R$ 20,00. Mas os papéis estrearam bem, com uma alta de mais de 4% na abertura dos negócios hoje. No fechamento, os papéis (CEAB3) eram cotados a R$ 17,01, com ganho de 3,09%.
A sede da B3 foi toda decorada pela C&A, da fachada ao piso do antigo pregão, que ganhou um piso que simulava um calçadão. Nos cantos do grande salão havia araras de roupas da rede, parecidas com as que se encontram nas lojas
O desfile com modelos que trajavam as roupas da marca aconteceu antes dos discursos que ocorrem antes do tradicional toque da campainha. Mas a quebra do protocolo não parou por aí. A C&A inovou também no momento dos discursos. O primeiro a falar não foi nenhum executivo da empresa nem da B3, mas o funcionário de uma loja da C&A. O evento, aliás, foi transmitido ao vivo para a sede da varejista.
A importância da operação brasileira para o grupo marcou a fala de Paulo Correa, presidente da C&A no país. A primeira loja no Brasil foi inaugurada em 1976, e hoje a rede conta com 280 unidades. "E agora se preparem, porque a gente deve ir mais rápido", afirmou.
Para Gilson Finkelsztain, presidente da B3, a abertura de capital de nomes conhecidos do consumidor como a C&A contribuem para o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro. "O investidor começando a entender o que é correr risco e ser sócio de empresas", disse.
O IPO da C&A marcou uma espécie de reencontro do executivo com a empresa, onde o atual presidente da B3 trabalhou como trainee, conforme ele contou aos jornalistas depois do evento. A experiência de apenas 15 dias aconteceu em uma loja na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, antes de Finkelsztain decidir seguir carreira no mercado financeiro.