Às vésperas das discussões do Fórum Econômico Mundial, a confederação internacional Oxfam divulgou hoje (21) que, apenas no ano passado, as 26 pessoas mais ricas eram donas da mesma quantia em dinheiro que toda a metade mais pobre da população mundial. Em 2017, a cifra era maior e por volta de 43 pessoas. Desde a última crise mundial, o número de bilionários praticamente dobrou em dez anos.
Além de a riqueza estar cada vez concentrada nas mãos de poucos, o estudo "Bem-estar público ou benefício privado, na tradução para o português", aponta que a fortuna dos bilionários aumentou para US$ 2,5 bilhões por dia em 2018, o que representa uma alta de 12% no ano. Por outro lado, no mesmo período, a renda da metade mais pobre sofreu uma queda de 11%.
O estudo destaca ainda que, entre 2017 e 2018, o mundo viu o surgimento de um bilionário a cada dois dias.
Brasil é destaque negativo
Com o aumento da desigualdade, a população de menor renda foi uma das mais afetadas. E o nosso país obteve destaque negativo no quesito tributação. A pesquisa mostrou que, no Brasil e no Reino Unido, os 10% mais pobres pagaram uma porcentagem maior de impostos do que os 10% mais ricos
Segundo o relatório, a situação é agravada por conta da evasão fiscal. O problema é que os mais ricos costumam ocultar das autoridades tributárias ao menos US$ 7,6 bilhões.
E nos países em desenvolvimento, as manobras feitas por algumas empresas que evitam pagar impostos ou que transferem quantias para paraísos fiscais fazem com que essas nações deixem de arrecadar cerca de US$ 100 bilhões em impostos, de acordo com a pesquisa.
Ricos estão pagando menos impostos
Mas isso não foi exclusividade dessas nações. De acordo com o estudo, o tributo pago pelos mais ricos e por donos de empresas caiu drasticamente em outros lugares do mundo. Por exemplo, nos países desenvolvidos, a taxa marginal média de imposto de renda individual marginal passou de 62% em 1970 para 38% em 2013.
Enquanto isso nos países em desenvolvimento, a taxa marginal média de imposto de renda individual ficou em 28%, na média. Na pesquisa, a organização destacou a importância de aumentar as taxas de impostos para corporações e para os mais ricos com o objetivo de diminuir as desigualdades sociais.
De acordo com a pesquisa, com uma simples mudança seria possível arrecadar dinheiro suficiente para educar 262 milhões de crianças e oferecer serviços de saúde que poderiam salvar mais de 3.3 milhões de vidas. Basta que fosse exigido o pagamento de uma taxa extra de apenas 0,5% sobre a riqueza de 1% dos bilionários mais ricos do planeta.