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A postura do CEO da Huawei que pode dificultar o acordo comercial entre EUA e China

Zen Rhengfei, da Huawei, e Donald Trump

Se o ambiente diplomático entre Estados Unidos e China parecia estar caminhando para a calmaria nas últimas semanas, uma fala do CEO da Huawei, Ren Zhengfei, feita nesta quarta-feira (6) pode quebrar essa situação.

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Durante um painel de debates, Ren alfinetou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizendo que, se o líder norte-americano deseja conversar e negociar com a Huawei, ele teria que ir para a China.

A fala do empresário é uma referência à recente pressão que o governo norte-americano fez sobre os negócios da fabricante de smartphones ao colocá-la na lista negra comercial do país, em maio deste ano. Ren foi questionado por que ele não visitou Washington para negociar com Trump a retirada do nome da sua empresa da lista.

"Eu não tenho um canal de comunicação com Trump e não tenho o número do seu celular", respondeu o CEO da Huawei acrescentando que Trump tem jatos particulares e pode vir para a China a qualquer momento. "Eu não tenho jato particular. Meu avião é feito apenas de papel - se chover, pode cair".

Apesar de Trump já ter voltado atrás em parte de suas restrições à fabricante chinesa, os novos telefones da Huawei seguem impedidos, por exemplo, de executarem os serviços móveis do Google. No Brasil, a pressão norte-americana é para que a empresa chinesa não participe do leilão de 5G previsto para acontecer em 2020. O presidente norte-americano tem feito pessoalmente lobby no processo.

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Entre as acusações feitas contra a empresa chinesa estão espionagem, roubo de dados e risco real de ataques a estruturas críticas por meio dos equipamentos. Vale lembrar que a Huawei é a segunda maior fabricante de smartphones do mundo e domina o mercado de equipamentos de rede móvel. O patrimônio líquido de Ren é estimado em US$ 1,4 bilhão.

Entre tapas e beijos

A relação de Ren com Trump é bastante conturbada e marcada por alguns altos e baixos. Em janeiro deste ano, por exemplo, Ren declarou de forma controversa que Trump era um "grande presidente", momentos depois que sua filha Meng Wanzhou, diretora financeira da Huawei, foi presa no Canadá a pedido dos EUA.

Em maio, após entrar para a lista negra norte-americana, Ren disse que ignoraria qualquer ligação de Trump. Um mês depois, se declarou "muito ocupado" para atender o presidente norte-americano.

Já sobre a guerra comercial, as declarações de Ren sempre seguiram a linha da indiferença. "Desde o início, nunca prestei atenção à guerra comercial. Não temos vendas nos Estados Unidos, portanto a guerra comercial entre os dois países não afeta a Huawei".

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De fato, a fabricante de smartphones não possui campo comercial nos Estados Unidos. Mas acontece que muitos dos mercados da Huawei espalhados pelo mundo são em primeira análise parceiros comerciais norte-americanos, e é nesse ponto que Trump consegue tocar na ferida. O Brasil e o leilão de 5G é um típico exemplo dessa situação.

Ren inclusive reconheceu que a lista negra afetou a Huawei por não poder pré-instalar o conjunto de aplicativos do Google em seu novo telefone Mate 30. Isso é importante porque para a maioria dos consumidores ocidentais que compram telefones Android, o uso dos aplicativos Google é visto como essencial.

*Com informações da Business Insider.

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