Não é surpresa que o Facebook esteja enfrentando escrutínio regulatório com o seu projeto de meio de pagamentos. Afinal, estamos falando de uma rede com mais de 2 bilhões de usuários criando sua própria moeda.
Para se ter uma noção dessa ordem de grandeza, basta colocar o valor em perspectiva. A população dos EUA, por exemplo, é de 327,2 milhões de habitantes (dados de 2018).
Isso significa que o impacto de um novo meio circulante numa rede desta proporção ameaça a soberania de basicamente todas as moedas circulantes no mundo.
Não é à toa que a equipe responsável pelo projeto vem se reunindo com entidades regulatórias de todo o mundo a fim de endereçar todas as questões que eventualmente possam surgir.
Ontem foi a vez de David Marcus, líder do projeto Libra, ser ouvido no Senado americano. E os senadores não pegaram leve, já que o Facebook tem um histórico, digamos, não tão exemplar quando a questão em pauta é a privacidade do usuário.
E ela fica ainda mais complicada quando os dados obtidos pela empresa envolvem a vida financeira de seus usuários.
O Facebook terá ainda que traçar as diretrizes para proteção do consumidor num cenário extremamente complexo, haja vista que, como pontuou a senadora Kyrsten Sinema, não há clareza sobre a qual governo um usuário americano que utiliza uma carteira desenvolvida na Espanha e eventualmente tenha seu acesso violado deve recorrer.
Outra preocupação levantada pelos senadores é com relação à lavagem de dinheiro e ao financiamento ao terrorismo, que, segundo Marcus, a associação Libra endereçará com a aplicação dos mais elevados padrões de compliance utilizados no setor bancário, como KYC e AML.
O resultado continua sendo o mesmo, para nossa sorte: o Facebook está fazendo um esforço massivo para enfrentar os burocratas e ajudar a desenhar as diretrizes regulatórias para o setor, que poderá se beneficiar muito da iniciativa.
Vamos aguardar os próximos episódios…