O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avaliou nesta quarta-feira, 21, que a decisão do governo em transformar o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) na Unidade de Inteligência Financeira (UIF) vinculada ao Banco Central foi correta. Para ele, a mudança não abre brechas para a nomeação de políticos para o órgão de controle.
"O Banco Central já existe e nenhum político tentou fazer nomeações políticas no BC. Ir para o BC é a garantia de que teremos um Coaf técnico", afirmou, após reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes. "A decisão de Guedes de colocar o Coaf no BC inviabiliza nomeação política. Foi o formato correto", acrescentou.
Maia disse ainda que irá defender e trabalhar pela aprovação da medida provisória com a mudança do órgão. Ele elogiou ainda o fato do texto abrir espaço para que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, atraia quadros do mercado para a UIF.
"As corporações públicas não podem se fechar nas suas próprias estruturas. Ter quadros com experiência no setor privado pode ser importante para o Coaf", completou Maia.
Guedes chama MP de "solução tecnicamente superior"
Em referência ao caso, Paulo Guedes voltou a avaliar que o Coaf estava sendo politizado como tema, e alegou que o órgão era vítima de um conflito - legítimo - entre os poderes. "A demarcação de territórios ocorre o tempo todo na democracia", avaliou.
Guedes ressaltou que o BC é o lugar natural para a existência do órgão de inteligência financeira, sem politização, principalmente com o projeto de autonomia para a autoridade monetária.
"A solução para o Coaf é tecnicamente superior. Estamos respondendo às diversas pressões que sofremos com o aperfeiçoamento profissional. O Coaf está no lugar melhor possível", afirmou o ministro. "Às vezes se colocam os nomes de pessoas em casos injustos, e quem indeniza esse feito moral? Temos que impedir maus usos do poder. O monitoramento tem que ser técnico, com algoritmos impessoais", acrescentou.
Guedes disse ainda que a transferência do órgão para o BC também evita a concentração de poder nas mãos do ministro da Economia, que já comanda a Receita Federal. "É importante evitarmos concentração de poderes no regime democrático. Não é razoável que um ministro controle Receita e Coaf. Faço questão de não ter esse poder aqui", concluiu.
*Com Estadão Conteúdo.