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Com a crise do 737 Max, a Boeing teve o maior prejuízo trimestral de sua história

Aeronave Boeing 737 Max 8 da Ethiopian Airlines

Aeronave Boeing 737 Max 8 da Ethiopian Airlines

Era manhã de domingo, 10 de março, quando o voo 302 da Ethiopian Airlines saiu de Addis Ababa, capital etíope, com direção a Nairobi, no Quênia. Seis minutos após a decolagem, a aeronave Boeing 737 Max 8 caiu, matando todos as 157 pessoas a bordo

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A tragédia gerou comoção internacional — afinal, a Ethiopian é conhecida por ser uma das companhias aéreas mais seguras e confiáveis da África. No entanto, pouco após a confirmação da notícia, a imprensa e os especialistas do setor começaram a notar algumas semelhanças entre esse desastre e outro acidente, ocorrido cinco meses antes.

Em 29 de outubro de 2018, o voo 610 da Lion Air deixou o aeroporto internacional de Jacarta, na Indonésia, com destino à cidade de Pangkal Pinang, no norte do país. Treze minutos depois de deixar o solo, a aeronave Boeing 737 Max 8 caiu — nenhuma das 189 pessoas que estavam no avião sobreviveu.

Esses dois desastres, tão parecidos e separados por um período de tempo tão curto, abalaram a reputação da Boeing e levantaram dúvidas quanto à segurança do 737 Max, um dos principais modelos de aeronave produzidos pela empresa. E os danos financeiros que essas duas catástrofes geraram à companhia começam a ser conhecidos com maior magnitude apenas agora.

A Boeing reportou na manhã desta quarta-feira (24) seu balanço referente ao segundo trimestre deste ano e, logo de cara, um dado chama a atenção: o prejuízo líquido de US$ 2,9 bilhões registrado entre abril e junho deste ano — o pior resultado trimestral da história da companhia. No mesmo período de 2018, a empresa teve lucro de US$ 2,2 bilhões.

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E boa parte dessas perdas está relacionada à crise do 737 Max. Logo após as tragédias envolvendo os voos da Ethiopian e da Lion Air, diversos órgãos reguladores nacionais recomendaram a suspensão do uso dessas aeronaves por parte das companhias aéreas — e essa situação trouxe fortes impactos à carteira de pedidos da Boeing.

Desde os desastres, as companhias que possuíam encomendas de aviões tipo 737 Max suspenderam suas compras e deixaram de receber esses veículos, o que tem mantido os hangares da Boeing lotados.

Enquanto trabalha para provar aos clientes que o 737 Max é seguro, a fabricante de aeronaves fez uma provisão de US$ 4,9 bilhões nos resultados desse trimestre para suportar os impactos negativos dessa crise.

Essa provisão, assim, foi responsável pelo forte prejuízo registrado pela Boeing no período. Mas o efeito 737 Max não se restringiu ao resultado líquido: a receita da empresa americana também foi fortemente afetada, totalizando US$ 15,7 bilhões — uma queda de 35% na base anual.

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"Esse é um momento de definição para a Boeing, e permanecemos focados em reforçar nossos valores de segurança, qualidade e integridade em tudo o que fazemos, conforme trabalhamos para recolocar o 737 Max em serviço com segurança", disse o presidente da empresa, Dennis Muilenburg, em mensagem aos acionistas.

Como ficaram as ações?

Em reação ao prejuízo bilionário, as ações da Boeing fecharam a sessão desta quarta-feira em baixa de 3,12%, a US$ 361,43, e foram uma das principais responsáveis pelo recuo de 0,29% do Dow Jones — confira aqui a cobertura completa do comportamento dos mercados hoje.

É possível separar o desempenho das ações da Boeing em 2019 em dois momentos: antes e depois da queda do voo da Ethiopian. Desde 8 de março — último pregão antes da tragédia —, os papéis da fabricante de aeronaves acumulam baixa de mais de 14% em Nova York.

Contudo, as ações da Boeing tiveram um início de ano muito forte: somente em janeiro e fevereiro, os papéis da companhia registraram alta de mais de 36%. Assim, mesmo após as baixas vistas desde março, os ativos da empresa ainda têm saldo positivo no ano: o nível atual, de US$ 361,43, ainda representa um ganho de mais de 12% desde o início de 2019.

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