O Bradesco espera ser ainda mais ativo na cobrança de dívidas de seus clientes depois da compra da RCB Investimentos, gestora especializada na recuperação de créditos “podres”.
O segundo maior banco privado brasileiro anunciou na manhã de hoje a aquisição de 65% da empresa, que possui uma carteira de financiamentos R$ 20 bilhões. Mas vale lembrar que o valor recuperado acaba sendo bem menor, já que boa parte desses créditos está em atraso há vários anos.
O banco não revelou o valor do negócio, mas segundo fontes o banco pagou R$ 224 milhões pela participação. Os demais 35% da companhia ficaram com os atuais sócios - a americana PRA e os dois fundadores.
Participei hoje da teleconferência com a imprensa na qual o banco detalhou o negócio. A expectativa é aumentar em 20% e 25% o índice de recuperação de empréstimos em atraso nos próximos dois anos, segundo Eurico Fabri, vice-presidente do banco. Para isso, a RCB vai competir com a área interna do banco na cobrança dos inadimplentes.
O Bradesco já havia melhorado em quase 45% o desempenho da cobrança nos últimos anos, mas vê espaço para melhorar. “Temos a maior recuperação de crédito entre nossos pares”, disse Fabri.
O banco pretende continuar vendendo para terceiros a carteira de financiamentos vencidos há mais de um ano, que já foram baixados do balanço. Ou seja, a RCB não terá exclusividade nesse negócio.
A gestora também poderá comprar créditos de outras instituições. O negócio prevê a criação de fundos para o investimento em créditos podres. Nesse caso, o Bradesco deve entrar com 40% dos recursos e os demais sócios com o restante. Os valores dos fundos ainda não foram definidos.
A aquisição ainda precisa ser aprovada pelos reguladores. Na aquisição do HSBC, em junho de 2016, o Bradesco se comprometeu com com o Cade, o órgão de defesa da concorrência, a não fazer novas compras no país nos próximos dois anos e meio.
Mas o vice-presidente do Bradesco não acredita que terá problemas na aprovação, já que o acerto com o Cade restringia apenas negócios com outras instituições financeiras - o que, segundo ele, não é o caso da RCB.