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O que esperar do resultado dos grandes bancos (além dos lucros bilionários)

Itaú

Agência do Itaú na Avenida Paulista

Vai ter lucro bilionário, sim senhor. Quem acompanha de perto os balanços dos grandes bancos conhece a rotina: faça chuva ou faça sol, os números são de encher os olhos (e o bolso) dos acionistas.

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E olha que os últimos anos foram de bastante chuva. Os bancos sentiram com aumento da inadimplência em meio à recessão e tiveram em 2016 um raro ano de queda nos lucros.

Mas essa tendência se reverteu já em 2017 e se manteve neste ano apesar da recuperação tímida da economia e da turbulência do período pré-eleitoral.

Para o terceiro trimestre, o lucro combinado de Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander deve atingir R$ 18,2 bilhões, de acordo as projeções de analistas compiladas pela Bloomberg. Esse resultado representa um aumento de 11% na comparação com o mesmo período de 2017.

Embora o céu agora seja de brigadeiro, os analistas que acompanham o setor começam a ver algumas nuvens mais escuras adiante. E elas atendem pelo nome de “concorrência”, algo que os bancões brasileiros não viam há algum tempo.

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De onde virão os lucros?

O Itaú inaugura a temporada de divulgação dos resultados hoje à noite. Ainda nesta semana teremos Santander na quarta e Bradesco no dia seguinte. O BB fecha a leva de balanços no dia 8 de novembro.

Com a crise econômica dos últimos anos, os bancos praticamente fecharam a torneira do crédito. Mas aos poucos ela vem sendo aberta novamente, em linhas como o financiamento de veículos e imobiliário.

A expectativa é que essa tendência se mostre mais clara neste trimestre - e quanto mais clara, melhor. Até porque os bancos precisam voltar a emprestar para compensar o efeito negativo da queda da taxa de juros nos resultados.

Por enquanto, os lucros estão garantidos com a melhora nos índices de inadimplência. A perspectiva de que menos pessoas e empresas deem calote em suas dívidas ajuda os bancos a diminuírem os custos com crédito.

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O Itaú, por exemplo, espera que esse peso no balanço varie entre R$ 12 bilhões e R$ 16 bilhões, o que significa uma redução de 22% em relação ao ano passado, considerando que as provisões fiquem no ponto médio da estimativa.

Por isso, é importante ficar de olho no custo do crédito e nos indicadores de inadimplência. Qualquer resultado melhor ou pior que o esperado deve ter efeito nas ações dos bancos na bolsa logo após a divulgação dos resultados.

O mais rentável

Além do lucro, outro indicador muito importante para quem quiser acompanhar o resultado dos bancos é a rentabilidade. O chamado retorno sobre o patrimônio líquido (ROAE, na sigla em inglês) é considerada uma das medidas mais importantes para saber se o capital dos acionistas está sendo bem empregado.

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O Itaú por anos ostenta a posição de líder de rentabilidade entre os grandes bancos. E não deve ser diferente neste trimestre. A grande novidade recente foi o Santander, que depois de amargar por anos a lanterna, passou Bradesco e Banco do Brasil e hoje é o segundo mais rentável.

Resta saber se a unidade brasileira do banco espanhol conseguirá manter a posição nos resultados que serão divulgados nesta semana. Recomendo a você a leitura da entrevista que fiz com o presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, publicada na estreia do Seu Dinheiro.

Novo governo

Logo depois dos resultados, os bancos vão promover as tradicionais conferências por telefone com jornalistas e também com analistas de mercado.

Vale a pena acompanhar o que os executivos das instituições financeiras dirão sobre as perspectivas para os negócios com a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais.

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Não que se espere declarações polêmicas, mas qualquer indicativo de um maior otimismo com a economia a partir do ano que vem pode dar um novo gás para as ações dos bancos.

Concorrência

Outro tema que pode render comentários interessantes dos executivos dos bancos é concorrência. Em um mercado altamente concentrado como o brasileiro, os gigantes financeiros começam a enfrentar uma incômoda competição de empresas que atuam em nichos específicos.

É o caso da empresa de pagamentos Stone, que em seis anos de vida conquistou uma participação de 5,5% no mercado de maquininhas de cartão, que realizam as transações com débito ou crédito.

A Stone fechou recentemente uma oferta de ações (IPO, na sigla em inglês) de US$ 1,5 bilhão em Nova York, e atraiu investidores de peso como o americano Warren Buffett e o chinês Jack Ma, do Alibaba.

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Além das empresas de cartões, os bancos vêm sendo incomodados pelas plataformas de investimento. Corretoras como XP, Guide, Modal e Easynvest vêm atraindo a atenção dos clientes bancários que buscam alternativas de aplicação mais rentáveis que as oferecidas pelos gerentes nas agências.

Os bancos decidiram reagir tanto com movimentos estratégicos, como a compra de uma participação na XP pelo Itaú, como defensivos, incluindo a isenção da taxa para aplicações no Tesouro Direto.

Estaremos assistindo ao começo do fim da era de ouro dos bancos? Difícil dizer. Até lá, é certo que ainda teremos muitos trimestres de lucros na casa dos bilhões - e acionistas satisfeitos.

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