Vice renuncia à Presidência interina do Peru
Crise atual começou o presidente do país afirmar que a Corte estava sendo tomada por juízes com a finalidade de defender políticos envolvidos em escândalos de corrupção, em casos que vieram à tona com as operações da Lava Jato.
A vice-presidente do Peru, Mercedes Araoz, que havia sido empossada como presidente interina pelos parlamentares em uma sessão de validade questionada, renunciou ao cargo na noite de ontem (1º).
O tribunal eleitoral do país (Jurado Nacional de Elecciones) começou a organizar as novas eleições para o Congresso, previstas para o dia 26 de janeiro de 2020. Cidadãos com idade de 18 anos completados até a última segunda-feira (30/09) poderão votar. Os novos candidatos serão eleitos para exercer mandato apenas até o final do atual período, que é de 2016 a 2021. Os parlamentares do Congresso desfeito não poderão se recandidatar. Há 24 partidos políticos habilitados para participar das novas eleições.
Entenda o caso
A atual crise começou quando Martín Vizcarra, presidente do país, enviou ao Congresso um voto de confiança para examinar e modificar o processo de escolha de magistrados para a Suprema Corte. Ele afirma que a Corte estava sendo tomada por juízes ligados à oposição, com a finalidade de defender políticos envolvidos em escândalos de corrupção e lavagem de dinheiro, em casos que vieram à tona com as operações da Lava Jato.
O Parlamento, majoritamente oposicionista ao governo, ignorou a solicitação de Vizcarra que, em contrapartida, dissolveu o Congresso, na última segunda-feira (30). Vizcarra afirma estar agindo conforme manda a Constituição. A decisão tem validade de um ano, e Vizcarra é obrigado a convocar eleições no prazo máximo de quatro meses.
Após a decisão presidencial, os parlamentares inconformados aprovaram uma suspensão por "incapacidade temporal" de Vizcarra. A suspensão é questionada pois, no momento, o Parlamento já havia sido dissolvido e não teria poderes para afastá-lo. Em seguida, os parlamentares empossaram a vice Mercedes Araoz, também sem respaldo constitucional.
A vice-presidente, que já vinha se distanciando de Vizcarra, assumiu a "Presidência" na segunda-feira à noite, em um juramento no Congresso. No entanto, na noite de ontem (1º), ela divulgou um documento no qual afirma renunciar, não apenas ao cargo de "presidente interina", que lhe foi concedido pelo Congresso e que não é reconhecido pelo governo, como também ao cargo de vice-presidente.
Na carta, Mercedes Araoz afirma que sua renúncia deveria levar o país à convocatória de novas eleições. Ela afirma que a ordem constitucional do país foi rompida.
“Desejo profundamente que nossa pátria supere esta grave crise institucional para o bem de todos os peruanos, especialmente dos menos favorecidos que são os mais prejudicados pela irresponsabilidade dos políticos”.
No entanto, para o primeiro-ministro do país, Vicente Zeballos, a carta de Mercedes Araoz não tem validade pois foi endereçada a Pedro Olaechea, presidente da Comissão Permanente do Congresso, que foi desfeito. De acordo com Zeballos, Mercedes Araoz, constitucionalmente, ainda é a vice-presidente.
“Desde uma perspectiva política e constitucional, ela segue como vice-presidente do Peru porque renunciou, no documento que fez público ontem no Twitter, ante o presidente do Congresso (Pedro Olaechea) e o Congresso não existe, foi dissolvido".
Após a renúncia de Mercedes Araoz, Pedro Olaechea, presidente da Comissão Permanente, seria o sucessor hierárquico para assumir o cargo. No entanto, ele reconhece não ser possível pois não possui respaldo das Forças Armadas, que apoiam Vizcarra. O atual presidente também tem amplo apoio popular. A imprensa peruana fala que 70% da população estão a favor do fechamento do Congresso.
Odebrecht e outras três construtoras investigadas na Lava Jato assinam acordo milionário com o Cade para evitar novas punições; saiba mais
As empresas e os executivos implicados se comprometeram a pagar R$ 454,9 milhões e colaborar com as apurações ainda em curso no orgão regulador
De exploração de terra indígena a esquema de corrupção: Glencore vai pagar US$ 1,5 bilhão em multas por subornos em 7 países, inclusive no Brasil
A companhia pagará aproximadamente US$ 1 bilhão às autoridades norte-americanas e cerca de US$ 40 milhões pela operação no Brasil
Sergio Moro curtiu? Petrobras recupera mais de R$ 6 bilhões em recursos da Lava Jato
O dinheiro foi recebido pela estatal em acordos de colaboração, leniência, repatriações e renúncias nos crimes investigados no âmbito da Operação Lava Jato
Em vez de só prender os responsáveis, Lava Jato quebrou as empresas, critica o advogado criminalista Kakay, no RadioCash
O assunto no RadioCash dessa semana foi a Operação Lava Jato e seus desdobramentos; veja mais
Como Sérgio Moro pode se tornar o candidato dos sonhos do mercado financeiro nas eleições 2022
Ex-juiz tem chances de chegar à presidência, mas precisa de uma estratégia para firmar-se como ‘terceira via’ a Lula e Bolsonaro
O IPO do cheque em branco chega ao Brasil: Alvarez & Marsal quer fazer oferta pública para lançar Spac na B3
Modalidade existe há mais de 20 anos nos EUA, mas ainda é inédita no Brasil; entenda como funciona
Petrobras conclui obrigações e encerra acordo com Departamento de Justiça dos EUA
Acordo fechado em 2018 derivou das irregularidades investigadas pela Operação Lava Jato
Petrobras recebe última parcela de acordo de leniência firmado com Technip
A Petrobras já havia recebido as duas primeiras parcelas do acordo, em julho de 2019 e em junho de 2020, que somaram R$ 578,3 milhões. Com esses valores, a Petrobras ultrapassa a marca de R$ 6 bilhões em recursos recuperados
Petrobras recebe R$ 232,6 milhões de acordo de leniência firmado pela Lava Jato
Recursos foram pagos pela Vitol, que subornou funcionários da estatal para receber vantagens na compra de petróleo e combustíveis
Lava Jato fecha acordo e Phillips vai devolver R$ 60 milhões aos cofres públicos
Os termos foram homologados pela 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF) e pela 7ª Vara Federal Criminal, do juiz Marcelo Bretas.
Leia Também
-
Agenda política: Minirreforma eleitoral e Desenrola são destaque da semana em Brasília
-
E agora, 'Mercado'? Gestores divergem sobre tamanho da crise após cenas de terrorismo e destruição em Brasília — mas concordam que bolsa, juros e dólar devem ter dia difícil
-
Autogolpe e impeachment no mesmo dia? Entenda o caos que se instalou no Peru e derrubou o presidente em menos de 24h
Mais lidas
-
1
O carro elétrico não é essa coisa toda — e os investidores já começam a desconfiar de uma bolha financeira e ambiental
-
2
Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha
-
3
A B3 vai abrir na Semana Santa? Confira o funcionamento da bolsa brasileira, dos bancos, Correios e transporte público no feriado