Saudades de Sam Zell
Uma das mais duras lições que eu aprendi cobrindo negócios foi: ninguém está salvo. Grandes empresas, líderes de mercado, marcas fortes… tudo isso pode ruir. A crise econômica derrubou muita gente boa, mas o que faz a diferença mesmo é a gestão. Bons administradores até podem encarar temporadas de prejuízo, mas salvam a companhia mesmo nas horas mais difíceis. Fato.
A Gafisa está aí como exemplo. Ela era a estrela do mercado imobiliário nos anos 2000. Foi a primeira incorporadora brasileira focada no segmento residencial a ter suas ações listadas na bolsa de Nova York. E já estreou na bolsa brasileira em no novo mercado, o mais alto segmento de governança corporativa, um luxo para o ano de 2006.
Chamou a atenção de Sam Zell, o mega investidor americano de real estate. Ele foi acionista da companhia entre 2005 e 2011. Logo depois que ele pulou fora o negócio começou a desandar. Sam Zell é famoso pelo timing para entrar e sair de um negócio. E, diga-se de passagem, acertou em cheio neste caso.
A Gafisa, que chegou a valer mais de R$ 6 bilhões em 2010, nunca recuperou esse patamar. A empresa fechou o dia ontem avaliada em menos de R$ 400 milhões. Nem vou perder meu tempo atualizando esses números pela inflação, porque a situação da Gafisa já está suficientemente humilhante.
Depois da saída de Sam Zell, a empresa apanhou por um erro estratégico. Não foi bom negócio comprar a Tenda e entrar no segmento de imóveis para baixa renda. Mas a crise da Tenda foi ‘fichinha’ perto do que a empresa enfrentou nos últimos meses desde que o gestor coreano Mu Hak You assumiu o controle da empresa.
As atitudes do gestor da GWI trouxeram uma severa crise operacional e de credibilidade à empresa. Ele só não quebrou a Gafisa porque foi para o buraco antes. Com seus fundos no vermelho, teve que se desfazer na semana passada de suas ações da companhia dadas como garantia em operações financeiras.
O pesadelo continua para o acionista da companhia. Os conselheiros que sobraram praticamente “rasgaram” o estatuto da empresa, em novas atitudes questionáveis, especialmente para uma companhia do novo mercado. CVM, você está vendo isso? A Ana Paula Ragazzi está em cima da história e te conta o que está acontecendo com a empresa nesta reportagem.
Ainda não está claro quem vai assumir o comando da companhia e muito menos qual será a estratégia para reerguer a Gafisa. Se eu fosse você, continuava longe da ação, assim como Sam Zell. Aliás, que saudade!
A conta só aumenta
A Vale vai encerrar a semana com mais uma dor de cabeça, ainda reflexo da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais. Isso porque a mineradora vai enfrentar uma terceira ação coletiva nos EUA, que foi protocolada na Corte Distrital Sul de Nova York. Os investidores que detêm os ADRs da empresa pedem ressarcimento de perdas relacionadas à companhia após o acidente em Brumadinho. Aqui tem mais informações.
A briga do pombo e do falcão
Se você acompanha o noticiário econômico há um tempo, já deve ter ouvido os termos hawkish ou dovish para descrever bancos centrais e seus respectivos presidentes. Mas você sabe o que eles significam? A Julia Wiltgen preparou um vídeo para você não ter mais dúvidas e acabar a semana mais fluente no econômes.
Quem mandou bem?
A temporada de balanços continua nesta semana e algumas empresas de peso soltaram seus resultados ontem. A Magazine Luiza foi a estrela da vez e fez bonito. A empresa superou a expectativa dos analistas e registrou um lucro anual de R$ 597,4 milhões em 2018. No trimestre, o desempenho também veio acima do esperado, com um lucro de R$ 189,6 milhões.
A Localiza fechou o último trimestre do ano passado com um lucro de 181,4 milhões, o que representa uma alta de 4% na comparação com o mesmo período de 2017. O valor ficou um pouco acima da expectativa dos analistas de mercado, que esperavam um lucro de R$ 177,375 milhões.
A B3 também entrou na onda dos resultados positivos. A bolsa registrou um lucro líquido recorrente de R$ 2,634 bilhões no ano passado, uma alta de 26,4% na comparação com o ano anterior. O mercado esperava um pouco mais...
Mas os números de 2018 devem ficar em segundo plano em razão de outro anúncio feito pela B3. A companhia planeja distribuir de 120% a 150% do lucro deste ano em dividendos aos acionistas.
A Natura foi mal, com queda no lucro de 2018. Ainda assim, o resultado veio acima da expectativa dos analistas. No Seu Dinheiro, estão todos os detalhes.
A Bula do mercado: riscos de tempo e diluição da Previdência
A Previdência deve continuar sendo o principal assunto no mercado financeiro brasileiro nos próximos meses. Por enquanto, o que se sabe é que o governo não terá uma tarefa fácil para conseguir angariar os 308 votos necessários entre os deputados para passar a matéria ao Senado. A tramitação da reforma começa na próxima terça-feira com a instalação da Comissão de Constituição e Justiça na Câmara.
Lá fora, as atenções continuam voltadas para as negociações entre EUA e China. Hoje, o presidente Donald Trump recebe o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, principal negociador do lado de Pequim. A reunião entre os dois indica otimismo com o progresso nas negociações.
Ontem, o Ibovespa oscilou, mas ganhou fôlego no fim do pregão com o anúncio do Ministério de Minas e Energia de que faria o leilão do excedente da cessão onerosa no último trimestre do ano. O índice fechou em alta de 0,40%, aos 96.932 pontos. Já o dólar encerrou o dia em alta de 0,75%, aos R$ 3,75. Consulte a Bula do Mercado para saber como devem se comportar bolsa e dólar hoje.
Um grande abraço e ótima sexta-feira!
Agenda
Índices
- IBGE divulga desemprego no 4º trimestre de 2018
- Alemanha divulga PIB do 4º trimestre e de 2018
- Zona do euro divulga inflação de janeiro
Banco Central
- Fed divulga relatório bianual de política monetária
Balanços 4º trimestre de 2018
- No Brasil: BTG Pactual
- Teleconferência: B3, Natura, Suzano, Magazine Luiza, Multiplan e CVC
PagSeguro (PAGS34) dispara após balanço e puxa ações da Cielo (CIEL3); veja os números do resultado do 2T22
A lucro da PagSeguro aumentou 35% na comparação com o mesmo período do ano passado e atingiu R$ 367 milhões
Nos balanços do segundo trimestre, uma tendência para a bolsa: as receitas cresceram, mas os custos, também
Safra de resultados financeiros sofreu efeitos do aumento da Selic, mas sensação é de que o pior já passou
Nubank (NU; NUBR33) chega a subir 20% após balanço, mas visão dos analistas é mista e inadimplência preocupa
Investidores gostaram de resultados operacionais, mas analistas seguem atentos ao crescimento da inadimplência; Itaú BBA acha que banco digital pode ter subestimado o risco do crédito pessoal
Inter (INBR31) reverte prejuízo em lucro de R$ 15,5 milhões no segundo trimestre; confira os números
No semestre encerrado em 30 de junho de 2022, o Inter superou a marca de 20 milhões de clientes, o que equivale a 22% de crescimento no período
Lucro líquido da Itaúsa (ITSA4) recua 12,5% no segundo trimestre, mas holding anuncia JCP adicional; confira os destaques do balanço
Holding lucrou R$ 3 bilhões no segundo trimestre e vai distribuir juros sobre capital próprio no fim de agosto
Nubank (NUBR33) tem prejuízo acima do esperado no 2º tri, e inadimplência continuou a se deteriorar; veja os destaques do balanço
Prejuízo líquido chegou a quase US$ 30 milhões, ante uma expectativa de US$ 10 milhões; inadimplência veio dentro do esperado, segundo o banco
Marfrig (MRFG3) anuncia R$ 500 milhões em dividendos e programa de recompra de 31 milhões de ações; veja quem tem direito aos proventos e os destaques do balanço
Mercado reage positivamente aos números da companhia nesta sexta (12); dividendos serão pagos em setembro
Oi (OIBR3) sai de lucro para prejuízo no 2T22, mas dívida líquida desaba
Oi reportou prejuízo líquido de R$ 320,8 milhões entre abril de junho, vinda de um lucro de R$ 1,09 bilhão no mesmo período do ano anterior
Cenário difícil para os ativos de risco pesa sobre o balanço da B3 no 2º trimestre; confira os principais números da operadora da bolsa
Companhia viu queda nos volumes negociados e também nas principais linhas do balanço, tanto na comparação anual quanto em relação ao trimestre anterior
Apelo de Luiza Trajano não foi à toa: Magazine Luiza tem prejuízo de R$ 135 milhões no 2T22 — veja o que afetou o Magalu
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