🔴 EVENTO GRATUITO: COMPRAR OU VENDER VALE3? INSCREVA-SE

Estadão Conteúdo
Reforma tributária

Para governo, reforma da Câmara pode criar o maior imposto do mundo

Equipe econômica, que também tem a sua proposta, considera que o texto da Câmara enfraquece a autonomia dos Estados e municípios

Estadão Conteúdo
16 de julho de 2019
11:42 - atualizado às 12:36
deputados
Imagem: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

O Ministério da Economia calcula que a proposta de reforma tributária encampada pela Câmara dos Deputados exigiria a fixação de uma alíquota de 30% ou até maior para o novo Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS) que incidiria sobre o consumo. Nesse patamar, o Brasil passaria a ter o maior imposto sobre valor agregado (IVA) do mundo. Por trás do cálculo, há uma disputa entre governo e Congresso no andamento da reforma tributária.

A equipe econômica, que também tem a sua proposta, considera que o texto da Câmara enfraquece a autonomia dos Estados e municípios. Ao insistir na inclusão deles neste momento, avalia o governo, corre-se o risco de um novo fracasso na simplificação tributária, como vem ocorrendo há 30 anos.

Patrocinada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a proposta de emenda constitucional (PEC) da Câmara foi elaborada pelo Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), liderado pelo ex-secretário de Política Econômica Bernard Appy e apresentada pelo líder do MDB, deputado Baleia Rossi (SP). O projeto foi desenhado no modelo de imposto sobre o valor agregado (IVA) que existe em vários países do mundo. O IBS unificaria num único tributo o IPI, PIS, Cofins (todos do governo federal), ICMS (Estados) e ISS (municípios).

O texto tramitou rapidamente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e já está na comissão especial. É a grande aposta das lideranças da Câmara para o segundo semestre dentro da estratégia de manter o protagonismo da Casa na agenda reformista, depois da aprovação da reforma da Previdência (que ainda precisa ser votada no segundo turno).

Após o sucesso da votação do primeiro turno da Previdência, Maia quer comandar a articulação da reforma tributária, o que tem causado desconforto no governo.

“A gente quer que a equipe econômica participe. Essa é uma reforma que tem muito apoio na classe média, na sociedade”, disse Maia ao Estado no último sábado, 13.

Além da “PEC Baleia/Appy”, há quatro projetos na briga da reforma tributária. Na semana passada, em contraponto à Câmara, o Senado encampou a proposta do ex-deputado Luiz Carlos Hauly. O secretário da Fazenda, Marcos Cintra, está aguardando o sinal verde do ministro da Economia, Paulo Guedes, para apresentar a proposta do governo, que inclui também a desoneração da folha e a criação de uma contribuição de pagamentos, nos moldes da extinta CPMF. Há também outras duas propostas: a de empresários e a feita por secretários de Fazenda de Estados.

Cálculo

Nas contas de Appy, o IBS teria uma alíquota de 25%, sendo 9% para cobrir os impostos federais. Mas o governo considera que os cálculos da proposta da Câmara estão subestimados, porque implicariam queda de arrecadação. Para a equipe da Receita, essa proposta só teria viabilidade se a parcela dos impostos federais fosse de 14,5%, o que aumentaria a alíquota para mais de 30%.

Ao Estado, Appy avaliou que os brasileiros já pagam a alíquota de 25% sobre o consumo e diz desconhecer a calibragem feita pelo governo. “Na verdade, pagam mais. Pagam essa alíquota e toda a ineficiência do sistema tributário”, ressaltou. Entre essas ineficiências, o economista apontou o custo burocrático que as empresas têm para pagar os tributos.

“Estamos dando transparência a uma situação que já existe”, afirmou. As diferenças de valores da parcela dos tributos federais de 9% para 14,5% ele atribui a possíveis divergências de modelos. Appy reconheceu, no entanto, que os IVAs mais altos do mundo têm alíquota de 25% e 26%. “Precisa ver como calibraram as alíquotas. Isso faz toda a diferença.” O CCiF vai divulgar em agosto as notas técnicas para cálculo da alíquota, que teve como base o Chile e a África do Sul.

Imposto único

Para Emerson Casali, que assessora as empresas de serviços na discussão da reforma tributária, há uma preocupação de qual alíquota efetivamente incidirá sobre os serviços. “O temor é que a alíquota média fique em 25%.” O setor defende alíquotas diferenciadas. Ele dá como exemplo o serviço de educação, que hoje tem uma tributação de 8,65%.

O imposto único da proposta da Câmara prevê uma alíquota uniforme para todos os bens e serviços basicamente, sem exceções. Nesta terça-feira, 16, o governo abre mão de R$ 25 bilhões de renúncia ao ano para isentar as empresas da Zona Franca de Manaus. Para aprovar sua reforma, integrantes do governo já admitiram que pretendem manter algum tipo de benefício para a região.

Procurada, a Receita Federal não quis comentar os dados obtidos pelo Estado. Além do imposto único só na esfera federal, o governo quer fazer uma desoneração do imposto que as empresas pagam sobre a folha de pagamento. A ideia é reduzir o imposto de 20% para 8,5% no caso das empresas e também cobrar a mesma alíquota sobre os salários dos empregados até o teto do INSS (R$ 5,8 mil). Já a nova contribuição sobre todos os meios de pagamento teria uma alíquota de 0,6% - e não seria cobrada apenas em transações com cheque, como a CPMF.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe

reforma tributária

Corrupção se combate com punição e não com CPMF, diz Appy

13 de agosto de 2020 - 16:02

O economista Bernard Appy criticou a proposta do governo federal de criar um novo imposto sobre transações digitais, visto como “nova CPMF”

Entrevista exclusiva

Bernard Appy: tributar dividendos pode ser um bom negócio para quem investe na bolsa

5 de agosto de 2020 - 6:11

Se a tributação vier acompanhada da redução da alíquota do imposto de renda para as empresas, o impacto sobre o valor das companhias deve ser positivo, afirmou o economista em entrevista ao Seu Dinheiro

agora vai?

Appy diz acreditar que há ambiente político para aprovação de reforma tributária

16 de julho de 2020 - 11:02

Para o economista, o mais importante seria conseguir reduzir a tributação sobre a folha de pagamento, considerada por ele “completamente injustificável”

Só no ano que vem

Para Bernard Appy, reforma tributária não está morta, ficou para 2020

4 de dezembro de 2019 - 13:11

PEC 45 tem como principal objetivo a unificação de tributos federais (PIS, Cofins e IPI), estaduais (ICMS) e municipais (ISS)

3 em 1

Com governo ‘no jogo’, Congresso quer unificar propostas de reforma tributária

19 de novembro de 2019 - 7:54

As propostas já em tramitação na Câmara e no Senado são ainda mais abrangentes que a pretendida pelo governo, mas nenhuma delas conseguiu deslanchar

à mesa com o presidente da Câmara

Rodrigo Maia recebe proposta de reforma tributária de secretários da Fazenda

11 de setembro de 2019 - 14:38

Texto será levado ao Congresso em forma de emenda à proposta que tramita atualmente na Câmara, de Baleia Rossi

hora das mudanças

Estados se unem para mudar proposta de reforma tributária da Câmara

30 de julho de 2019 - 11:42

Entre as alterações na proposta de Appy, os Estados querem que o comitê gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) – o novo imposto que une ICMS, ISS, PIS, Cofins e IPI – não tenha a participação da União

Reforma tributária em pauta

‘Ambiente é favorável à reforma ampla’

18 de julho de 2019 - 12:08

Bernard Appy, diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF) e autor do texto da proposta de reforma tributária encampada pela Câmara, contesta a posição do governo de começar a reforma só com a criação de um IVA dos tributos federais

foco na agenda econômica

Congresso quer protagonismo e promete votar a reforma tributária ainda este ano

24 de junho de 2019 - 12:19

PEC proposta acaba com três tributos federais – IPI, PIS e Cofins. Extingue o ICMS, que é estadual, e o ISS, municipal. Todos eles incidem sobre o consumo

Pauta avançou no Congresso

Reforma tributária resultará em bom texto mesmo com mudança em comissão, diz Appy

23 de maio de 2019 - 11:56

Segundo Bernard Appy, a proposta de reforma tributária pode elevar em 10% o potencial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em um período de dez anos

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar