🔴 [EVENTO GRATUITO] MACRO SUMMIT 2024 – FAÇA A SUA INSCRIÇÃO

Cotações por TradingView
Daniele Madureira
Daniele Madureira
Daniele Madureira é jornalista freelancer. Formada pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, tem pós-graduação em Jornalismo Social pela PUC-SP. Foi editora-assistente do site Valor Online, repórter dos jornais Valor Econômico, Meio & Mensagem e Gazeta Mercantil. Colaborou com as revistas Exame, Capital Aberto e com a edição do livro Guia dos Curiosos.
a volta por cima?

A guinada da Oi: companhia pode abandonar telefonia móvel e virar empresa de fibra ótica para sobreviver

Em recuperação judicial e com dívidas bilionárias, operadora dá uma guinada na sua estratégia e indica que pode vender seu negócio de telefonia móvel 

Daniele Madureira
Daniele Madureira
17 de julho de 2019
6:30 - atualizado às 11:48
oi orelhão
Imagem: Divulgação Oi

“Explorar todas as opções estratégicas para maximizar valor para o acionista e para a companhia”. A declaração dada ontem (16) pela Oi, em referência aos seus ativos de telefonia móvel, não passou batido por quem entende do assunto.

Qualquer um poderia achar banal a frase, divulgada durante teleconferência para anunciar o novo plano estratégico da companhia, mas os analistas de mercado ouvidos por Seu Dinheiro entenderam claramente o recado: a Oi está disposta a vender seu braço de telefonia móvel. E mais do que isso: a empresa deixou claro que agora o seu negócio é fibra e infraestrutura.

Seu objetivo é obter o máximo possível de rentabilidade com os 363 mil quilômetros de fibra (rede muito maior que a dos seus rivais), que atendem 2,27 mil cidades no país, e com os 43 mil quilômetros de dutos (que serão os “novos postes”, para aterrar a infraestrutura), segmento no qual também é líder.

Mas, sem telefonia móvel, a Oi é uma empresa de quê? Por mais que seja conhecida pelo serviço celular, este corresponde a apenas um terço da receita da companhia. É um segmento com uma disputa feroz com as outras três operadoras – Vivo, Claro e TIM –, e que exige um alto investimento para atender a demanda por novas tecnologias, como o 5G. Tudo o que a Oi não pode fazer no momento: desde o final de 2016, a companhia protagoniza a maior recuperação judicial da América Latina, após atingir dívidas de R$ 65 bilhões. 

No primeiro trimestre deste ano, a dívida líquida da companhia somou R$ 10,1 bilhões, alta de 38,3% em relação ao mesmo período de 2018. Ontem, a empresa anunciou que pretende levantar até R$ 7,5 bilhões com a venda de ativos não estratégicos – como torres, imóveis e sua participação na angolana Unitel. Como se vê, está difícil de tapar o buraco.

Na opinião de alguns analistas ouvidos por Seu Dinheiro, a venda da telefonia móvel seria um bom começo para ajustar o passo. “Isso [a venda] estaria longe de resolver todos os problemas da Oi, mas já é um alento”, diz um analista que acompanha a operadora. Em relatório, os analistas do BTG Pactual também viram a iniciativa como positiva: "Estar aberta para discutir alternativas envolvendo sua operação mobile pode criar enormes oportunidades de geração de valor". 

As três rivais na telefonia móvel são as potenciais interessadas no ativo. Mas a venda teria que passar pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que por sua vez remeteria o tema à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em alguns Estados, como o Paraná, por exemplo, haveria uma superconcentração de mercado, afirma.

Para este analista, foi “extremamente bom” a guinada na estratégia da Oi para a fibra, um negócio em que a companhia pode explorar em duas frentes: com o FTTH (“fiber to the home”, a tecnologia que coloca fibra ótica dentro da residência), ou com a venda por atacado, quando a empresa se torna provedora de infraestrutura para players regionais. “Eu saí da teleconferência mais otimista do que entrei”, diz ele.

A analista do Itaú BBA, Suzana Salaru, também elogiou a proposta. “Pela primeira vez, a Oi colocou a fibra como seu principal ativo, isso muda todo o discurso do passado, voltado ao atendimento residencial e à telefonia móvel”, diz. “A sua rede backbone era só o meio para vender outros serviços, mas agora a empresa está disposta a fazer dela o seu principal negócio, aproveitando toda a sua capilaridade”. Para Suzana, se a Oi conseguir vender todos os ativos que elencou, talvez não seja necessário abrir mão da telefonia móvel. 

Na teleconferência, a companhia comentou sobre o objetivo de se tornar uma “viabilizadora do 5G” no Brasil, o que significa investir em infraestrutura para si e outras operadoras quando a futura tecnologia de telefonia móvel for implantada no país.

Impacto nas ações

Apesar da mudança na estratégia da operadora ser bem recebida, as ações da companhia fecharam a terça-feira em queda. A OIBR3 caiu 3,09%, para R$ 1,57, enquanto a OIBR4 recuou 0,56%, para R$ 1,77.

Para analistas, o recuo tem a ver com a falta de informações claras a respeito da venda da operação móvel. Ao ser questionado sobre o assunto durante a teleconferência, Rodrigo Abreu, coordenador do comitê de transformação, estratégia e investimento da Oi, disse que o tema não era público e ele não poderia se pronunciar. Ex-presidente da TIM, Abreu deve assumir ainda este ano o comando da Oi.

A guinada da Oi agrada o mercado. Embora a empresa pareça agora seguir pelo caminho certo, o trajeto é tortuoso e ainda não há clareza se a companhia de fato irá se reerguer. "O plano da Oi parece promissor. O grande desafio é a execução", disse o BTG Pactual, em relatório.

Em relatório, os analistas do Bradesco Fred Mendes e Guilherme Haguiara rebaixaram a recomendação para o papel para "neutra". "Nós achamos que é positivo que o Rodrigo Abreu lidere a execução do plano dado a sua sólida experiência na área de TMT (tecnologia, mídia e telecom). No entanto, o risco da Oi cresceu nas ultimas semanas e agora nós vemos um cenário mais desafiador para o seu maior gatilho, o PLC79, dado que a reforma da Previdência está ganhando tração. Considerando tudo, nós vemos um balanço de risco/retorno que justifica a nossa recomendação 'neutra'".

O Bradesco BBI reduziu o preço-alvo para a ação da Oi (OIBR3), para R$ 1,80, abaixo da projeção anterior (R$2,10), mas acima do valor de fechamento desta segunda-feira, de R$ 1,57. Veja a seguir as estimativas e recomendações dos analistas disponíveis na Bloomberg para o papel:

Também pesou contra a percepção final do plano de negócios o “excesso” de otimismo da companhia. Para Abreu, a implantação do plano vai permitir à Oi voltar a gerar caixa e aumentar o Ebitda. “Eles teriam que fazer mais com o mesmo orçamento, o que é pouco provável na atual conjuntura”, disse outro analista. A companhia informou que a receita líquida deve crescer 2% ao ano entre 2019 e 2024, enquanto a previsão para o Ebtida é de alta entre 15% e 20% ao ano entre 2019 e 2021, com base na estabilização das receitas e na redução de custos. “Ninguém consegue crescer sem gastar”, diz.

Um analista ouvido pelo Seu Dinheiro lembra que, mesmo com a venda declarada de ativos, a empresa continua precisando de dinheiro para investir. “Um valor mais consistente só viria com a venda da telefonia móvel”, afirmou. “Mas, se alguém quer vender o seu carro porque precisa de dinheiro, nunca fala abertamente”, diz. Sempre faz um certo charme.

Compartilhe

POTENCIAL FOLLOW-ON

Vem oferta de ações da Caixa Seguridade (CXSE3) por aí? Caixa autoriza estudos para possível venda de papéis da seguradora

28 de março de 2024 - 20:16

A Caixa é dona de 82,75% do capital da seguradora, mas o possível follow-on não teria como objetivo alterar o controle da empresa

Bolada pré-feriado

Surpresa de Páscoa: TIM Brasil (TIMS3) pagará R$ 1,31 bilhão em dividendos nos próximos meses; veja quem tem direito

28 de março de 2024 - 19:09

Pagamento de cerca de R$ 0,54 por ação será efetuado nos meses de abril, julho e outubro

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Lucro da Taurus (TASA4) desaba com “efeito Lula” — mas CEO revela como empresa quer se “blindar” dos ventos contrários em 2024

28 de março de 2024 - 14:36

Salesio Nuhs contou para o Seu Dinheiro as principais apostas da fabricante de armas para este ano — e deu um “spoiler” sobre o que esperar dos dividendos em 2024

PRATO CHEIO

Grupo GPS (GGPS3) chega ao “bandejão da firma” com aquisição e adiciona bilhões em receita; ações sobem forte na B3

28 de março de 2024 - 12:01

Com a GRSA, o Grupo GPS amplia a oferta no “cardápio” de serviços que oferece. A empresa vem enfileirando aquisições desde o IPO, em 2021

Valor agradou

Conseguiu uma boa grana: Cemig (CMIG4) pode pagar mais dividendos após acordo bilionário com a Vale (VALE3), diz XP

28 de março de 2024 - 11:30

Para a corretora, anúncio de venda da Aliança Energia para a Vale não surpreende, mas valor obtido pode turbinar dividendos da Cemig

EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Oi (OIBR3) tem prejuízo, queda de receita e Ebitda negativo no 4T23; empresa propõe novo grupamento para deixar de ser “penny stock”

28 de março de 2024 - 9:16

Oi (OIBR3) teve prejuízo líquido de R$ 486 milhões nos últimos três meses de 2023 e fechou o ano com dívida líquida de mais de R$ 23 bilhões

AGORA ELA É A DONA

Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha

27 de março de 2024 - 19:50

Desse montante, segundo a Cemig, serão abatidos dividendos e juros sobre o capital próprio (JCP) distribuídos ou aprovados até o fechamento da operação

UM PAPEL PARA GUARDAR NA CARTEIRA

Klabin (KLBN11) ou Suzano (SUZB3)? Uma delas está barata. Itaú BBA eleva preço-alvo das duas ações e conta qual é a oportunidade do momento

27 de março de 2024 - 14:04

Tanto as units da Klabin como as ações da Suzano operam em alta na bolsa brasileira nesta quarta-feira (27), mas só uma delas é a preferida do banco de investimentos; descubra qual

CORRIDA POR TECNOLOGIA

Finalmente, um oponente à altura da Nvidia? Empresas de tecnologia se unem para combater hegemonia da gigante de IA

27 de março de 2024 - 12:15

A joia da coroa da Nvidia está muito menos exposta: é o sistema plug and play da empresa, chamado CUDA, e é com ele que o setor quer competir

A VOLTA

Sete anos após o Joesley Day, irmãos Batista retornam à JBS (JBSS3); ação reage em queda ao resultado do 4T23

27 de março de 2024 - 10:19

A volta de Joesley e Wesley, que foram delatores da Lava Jato, acontece após uma série de vitórias judiciais da JBS e dos empresários

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies