🔴 [EVENTO GRATUITO] MACRO SUMMIT 2024 – FAÇA A SUA INSCRIÇÃO

Cotações por TradingView
Estadão Conteúdo
PRAGMATISMO

O ex-comunista que tem fé na reforma da Previdência

O deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência, diz agradar ao mesmo tempo o governo e a oposição

Marcelo Ramos
Presidente da Comissão Especial da reforma da Previdência, Marcelo Ramos, apresenta balanço das atividades do colegiado - Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O advogado e deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência, carrega nas costas, além da tensa e complicada direção dos trabalhos, duas tatuagens com forte significado.

Na primeira, em cima, lê-se Carol. É como ele chama sua filha Maria Carolina, levada deste mundo quando era um bebê de três meses, em fevereiro de 2004.

"No próximo novembro ela faria dezesseis anos", disse ao jornal O Estado de S. Paulo, com os olhos marejados, no saguão do hotel onde mora, em Brasília, na noite do último dia 10, uma friorenta segunda-feira.

À primeira menção, feita pela reportagem, sobre o drama que marcou sua vida, Ramos emocionou-se, levantou a camisa azul e mostrou as "tattoos". No círculo com motivos indígenas que rodeia o nome da filha, também está gravado Gabriel, o filho mais velho, hoje com 22 anos e estudante de Direito.

Ele ainda tem Marcela e José Umberto, filhos menores do atual casamento com Juliana. "São quatro filhos: uma no céu e três comigo", disse.

A segunda tatuagem, em nove linhas, é o poema "A janela encantada", do escritor amazonense Thiago de Mello.

O deputado o recitou de memória: "A vida sempre foi boa comigo. Quando soube que o meu coração estava carregado de sombras, e que ele só se alimentava de luz, fez abrir no meu peito uma janela encantada, para que por ela pudesse entrar o esplendor do orvalho, o fulgor das estrelas, e o irresistível arco-íris do amor".
Recompondo a camisa, disse: "Já superei essa dor no meu coração. Fecho os olhos e só lembro do sorriso da Carol, não do sofrimento".

Se alguém quiser testar, é só pedir que ele mostre a foto da bebê, risonha e gorducha. Ela morreu numa madrugada, depois de idas e vindas ao hospital, após um diagnóstico tardio de meningite meningocócica tipo B - "avassaladora", para usar a palavra que o pai usou.

Ele processou o convênio de saúde por erro médico, ganhou na primeira instância, e até hoje espera o julgamento do recurso. De lá para cá, todos os anos, Maria Carolina é lembrada em textos que Ramos religiosamente escreve nos dias do aniversário e da tragédia, encontráveis na internet.

Escreve, também, sobre outra perda que o marcou - a do pai, por um enfarte fulminante, aos 39 anos, quando ele tinha 12, o mais velho de quatro irmãos. Um deles, Umberto Ramos Rodrigues, é delegado da Polícia Federal.

Reforma

Vida que segue, reforma da Previdência que transita e centraliza as atenções. "O governo me vê com bons olhos porque eu defendo a reforma", diz.

"E a oposição me vê com bons olhos porque eu ataco o governo." Anti-Bolsonaro por excelência - votou no petista Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial -, Ramos tem sido farto e contundente nas críticas ao presidente.

Já disse que ele não sabe o que é importante para o País e que não tem clareza das prioridades. "A história parlamentar do agora presidente Bolsonaro mostra que ele sempre teve pouco apreço pela democracia e pelas instituições", disse. "Defende a tortura e já pediu várias vezes o fechamento do Congresso. São 28 anos de compromisso com o atraso."

A reforma da Previdência que o presidente da Comissão Especial defende não é a que foi apresentada pelo ministro Paulo Guedes - mas a que está passando pela "calibragem dos partidos de centro do Parlamento".

Leia-se Centrão - mas ele é outro dos que não gostam de usar a palavra maldita. "Se há uma reforma em andamento é porque os partidos de centro têm um compromisso com essa reforma, entendem que ela é necessária para o País andar pra frente, independentemente da incapacidade do governo de dialogar com o Parlamento."

Dos 45 anos que tem, Marcelo Ramos Rodrigues gastou ou investiu 16 no Partido Comunista do Brasil, o PCdoB. Entrou em 1993, como líder estudantil, atuou intensamente como advogado trabalhista, foi assessor de Orlando Silva, igualmente do PCdoB, no Ministério do Esporte durante o primeiro governo Lula.

Duas vezes vereador e uma secretário dos Transportes do prefeito de Manaus, Serafim Correa (PSB), rompeu com o PCdoB amazonense em 2009. Rompimento pragmático, por questões políticas locais, e não ideológicas.

"Foi um porradal absurdo lá no Amazonas", resumiu o também praticante de Ironman, uma modalidade de triatlo com provas de longa distância, e ex-integrante da seleção amazonense de vôlei.

Do outro lado estavam a depois senadora Vanessa Grazziotin (não reeleita) e o também dirigente Eron Bezerra. Queriam o mandato de vereador de volta para o PCdoB e abriram um tribunal de ética para julgar o dissidente. "Tribunal de exceção", ele diz. Livrou-se do julgamento interno, por decisão judicial, depois de formalizar a desfiliação.

Em 2010, já no PSB, elegeu-se deputado estadual. Em 2014 saiu candidato a governador (ficou em terceiro lugar), e dois anos depois a prefeito de Manaus, já no Partido da República (hoje PL). Foi ao segundo turno, mas perdeu por uma diferença de 8% dos votos para o tucano Arthur Virgílio Neto, reeleito. Sem mandato, voltou a dar aulas de Direito Constitucional na universidade e em cursinho preparatório para concursos.

Marx

A longa militância comunista deixou no hoje republicano-liberal Ramos Rodrigues raízes marxistas obtidas na leitura a sério de partes de O Capital, de três livros seminais de Lênin - Que fazer; Esquerdismo, doença infantil do comunismo, e, principalmente, O Estado e a revolução - e de outros na mesma matriz. "Eu não sou inimigo do PCdoB nem acho que o comunismo tem que ser expurgado da humanidade", disse.

Ficou, da experiência, a assertividade, o manejo seguro de reuniões conturbadas, a cabeça dura com as posições que toma, a forma beligerante e provocativa de atacar adversários. O da vez é o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

"Ele devia se afastar do cargo, para não atrapalhar a apuração das conversas que lhe são atribuídas pelo The Intercept", disse. "Achei gravíssimas."

Em 2017, nas eleições suplementares para o governo do Amazonas, o advogado sem mandato tomou uma decisão que o deixou "estraçalhado", como contou: a de ser candidato a vice-governador do hoje senador Eduardo Braga (MDB-AM).

Perderam, no segundo turno, para Amazonino Mendes, do PDT. "O Eduardo era o político que eu mais atacava", afirmou. Embarcou na canoa porque o PR não lhe deu a legenda para sair candidato, explicou.

"A omissão para mim não é uma hipótese - e eu pago o preço das minhas escolhas. Essa me levou para o fundo do poço. Foi o pior momento da minha vida pública." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe

ELEIÇÕES 2022

Guedes se alinha a Bolsonaro e sobe tom da campanha — veja as indiretas que o ministro mandou para Lula

14 de setembro de 2022 - 15:58

Falando para uma plateia de empresários cariocas, ele se comprometeu com o Auxílio Brasil de R$ 600, reivindicou a autoria do Pix e considerou equivocadas as projeções de analistas para a inflação

ELEIÇÕES 2022

O que Bolsonaro, Lula e Ciro querem para o Brasil? Confira o programa de governo dos presidenciáveis

13 de setembro de 2022 - 19:21

Os três já apresentaram seus planos para o país: um prioriza transformar o Brasil em uma potência econômica, o outro foca na restauração das condições de vida da população e o terceiro destaca aspectos econômicos e educacionais

ELEIÇÕES 2022

Vão fatiar: Lula e Bolsonaro querem desmembrar Economia e ressuscitar ministérios de outras áreas — veja a configuração

13 de setembro de 2022 - 14:11

Caso o petista vença, a ideia é que o número de ministérios passe dos atuais 23 para 32. Já Bolsonaro, que na campanha de 2018 prometeu ter apenas 15 ministérios e fazia uma forte crítica ao loteamento de cargos, hoje tem 23 e também deu pastas ao Centrão

ELEIÇÕES 2022

Avanço de Ciro e Simone na pesquisa BTG/FSB ajuda Bolsonaro a forçar segundo turno contra Lula

12 de setembro de 2022 - 10:35

Em segundo turno, porém, enquanto Lula venceria em todos os cenários, Bolsonaro sairia derrotado em todas as simulações da pesquisa BTG/FSB

ELEIÇÕES 2022

Propaganda barrada: ministro do TSE atende pedido de Lula e proíbe Bolsonaro de usar imagens do 7 de setembro em campanha; veja qual foi o argumento

11 de setembro de 2022 - 16:43

O ministro viu favorecimento eleitoral do candidato e atendeu a um pedido da coligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para barrar as imagens

DE OLHO NAS REDES

Lula vs. Bolsonaro: no ‘vale tudo’ das redes sociais, quem está vencendo? Descubra qual dos candidatos domina a batalha e como isso pode influenciar o resultado das eleições

11 de setembro de 2022 - 7:00

A corrida eleitoral começou e a batalha por votos nas redes sociais está à solta; veja quem está ganhando

ELEIÇÕES 2022

‘Bolsonaro não dormiu ontem’: Lula comemora liderança nas pesquisas e atribui assassinato de petista a presidente ‘genocida’

10 de setembro de 2022 - 15:01

O candidato do PT afirmou que o presidente não consegue convencer a população mesmo com gastos eleitoreiros altos

ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro é o candidato com maior número de processos no TSE — veja as principais acusações contra o presidente

10 de setembro de 2022 - 10:37

Levantamento mostra que o candidato à reeleição é alvo de quase 25% das ações em tramitação na Corte até o início de setembro

ELEIÇÕES 2022

7 de setembro ajudou? A distância entre Lula e Bolsonaro é a menor desde maio de 2021, segundo pesquisa Datafolha

9 de setembro de 2022 - 20:21

Levantamento foi feito após as manifestações do Dia da Independência, feriado usado pelo atual presidente para atos de campanha, algo que nunca tinha acontecido na história recente do Brasil

ELEIÇÕES 2022

Um novo significado de ‘imbrochável’: Jair Bolsonaro explica coro em discurso de 7 de setembro

9 de setembro de 2022 - 9:48

Em transmissão nas redes sociais, Jair Bolsonaro explicou que o coro seria uma alusão ao fato de resistir a supostos ataques diários contra seu governo

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies