Nativos e gringos soltam o verbo e mercados comemoram
Discurso afinado de relator sobre capitalização na Previdência anima; Draghi levanta a bola e Trump corta com categoria – para o Federal Reserve
Declarações de autoridades brasileiras e estrangeiras embalam negócios nesta terça-feira e conspiram a favor de ativos de risco e aprofundam queda de juro. E, mantido o script, a Bolsa tende a consolidar os 99 mil pontos e, o dólar, R$ 3,85. A curva de juro, estendida até 2030 no pregão de depósito interfinanceiro (DI) da BM&F, cai em bloco.
Quem disse o quê?
O deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), relator da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara disse, em entrevista à rádio Eldorado, ser favorável a contas individuais para os mais jovens para que pensem na aposentadoria. Essa é a exata posição defendida pelo ministro da Economia Paulo Guedes. Ao avaliar a possibilidade de inclusão de um sistema de capitalização no texto, o relator avaliou que o sistema de capitalização “é uma ideia daquelas que ninguém aborda de forma adequada˜.
O presidente Jair Bolsonaro abriu espaço para que o Congresso tome a iniciativa de propor um projeto que viabilize o regime de capitalização para a Previdência, retirado do relatório do deputado Samuel Moreira. O governo gostaria que tudo o que foi proposto pelo governo fosse acolhido, mas reconhece a legitimidade da Câmara para alterar a proposta. “Se não for acolhido, o governo prossegue”, disse a jornalistas antes da reunião do Conselho do governo.
Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE) indicou que a instituição poderá adotar mais medidas acomodatícias caso a economia da zona do euro não dê sinais de retomada em breve. Draghi. Na política monetária acomodatícia cabe redução de juro e mais recompra de títulos em mercado – mecanismo que amplia a liquidez dos mercados.
O presidente os EUA, Donald Trump, reagiu às declarações de Mario Draghi lembrando, no Twitter, que possíveis mudanças na condução da política monetária do BCE provocariam competição injusta na Europa contra os EUA. Essa observação dispara como um lembrete ao Federal Reserve (Fed) que, amanhã, anuncia mais uma decisão de política monetária. No mercado futuro de títulos do Tesouro americano, investidores precificam três cortes de juro pelo BC de Powell até o fim do ano.
Trump escreveu também, nesta manhã, que teve uma conversa muito boa por telefone com Xi Jinping, presidente da China, e “teremos uma reunião prolongada na próxima semana no G-20, no Japão”.
A conversa que Trump deve ter com o líder chinês, espera o mercado, deve ao menos desarmar novos gatilhos na guerra comercial que vem sendo travada pelas duas maiores economias do mundo.
A soma da fala de Draghi e Trump e o sinal positivo de Xi Jinping – relatada pelo presidente norte-americano – sanciona forte alta nas Bolsas internacionais. Movimento que arrebanhou as Bolsas europeias mais cedo levou o principal título de dívida da Alemanha a um recorde negativo, - 0,30% ao ano.
Um ranking de yields de dívida soberana de 19 países europeus mais Estados Unidos mostra que 13 operam com juro negativo para prazo de seis meses, 14 para prazo de 1 ano, 14 para 2 anos, 13 para títulos com 3 anos, 11 para 4 anos, 15 para papéis com 5 anos e 8 países para prazo de 10 anos.
Excluindo do ranking os juros pagos por EUA e pela crítica Itália, o retorno médio de papéis de 17 países com prazo de 10 anos é de 0,37%, ante 2,03% garantidos pelos americanos.
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